08| act extra: deimos.

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MONTE CARLO, MÔNACO, EUROPA

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MONTE CARLO, MÔNACO, EUROPA.
MAX VERSTAPPEN.

Ela deve ser um caminhão de problemas.

Gostaria de me importar mais com isso, sinceramente, não me importo. Lana pode ter cometido os piores crimes do mundo, talvez tenha invadido países, matando criancinhas inocentes ou qualquer uma dessas coisas que pessoas ruins fazem, eu só preciso vê-la sorrir para ter certeza que a adoro. Nunca me importei menos com os problemas de alguém. Ela é doce, sua voz me encanta e me fascina, até mesmo suas ideias ruins, aquele lance dos e-mails não é para mim, são inteligentes. Inteligente é uma palavra que eu poderia usar bastante para descrevê-la. Como eu posso estar tão fascinado assim por uma mulher que conheci há pouquíssimos meses?

Não sei. Não entendo. Não quero descobrir. Lembro de seu cheiro todos os dias, desde a noite que passamos juntos, consigo lembrar de seu corpo enroscado ao meu, do som de sua respiração e me sinto o homem mais idiota do mundo por querer provar dessa sensação outra vez. Posso estar errado, mas ela deve ter algum tipo de poder, afinal, parece conquistar todas as pessoas que cruzam seu caminho, minha irmã e minha mãe ficaram encantadas por ela e nem posso fingir que não as entendo. Lembro-me da primeira vez que a vi e não consigo ignorar o quão linda ela estava.

Em alguns raros momentos ela fala russo na minha frente, quase sempre no telefone. Mesmo com o meu bom conhecimento em idiomas, não consigo identificar e compreender suas palavras, contudo, eu já a conhecia bem o bastante para saber que no tempo certo ela acabaria por me contar. Lana sempre contava. Acho que somos parecidos, ela parece o tipo de mulher que tem problemas com o papai e bom, eu também tenho. Seu apartamento é bonito, repleto de luz solar entrando e com muitas plantas espalhadas pelos ambientes, isso com certeza é coisa da Leontine.

Às vezes acho que a Leontine é tipo uma fada do destino, ela cuida de tudo e todos, faz caminhos se cruzarem e acaba saindo ilesa dos problemas que cria. Afinal, é a única mulher que consegue confabular com o inimigo e sair sem problemas dessa relação, Carlos Sainz não era um inimigo concreto, mas para alguém como ela, com certeza não era nada simples. Leontine me uniu a Svetlana e eu sei que ela tem noção disso, podemos tentar esconder o que sentimos, não tentamos, contudo, ela sempre vai saber. Como disse, ela é uma fada do destino e em algumas situações, é a detentora das informações.

— Como disse que ela se chama mesmo?

Joan não é muito boa com nomes, não é a primeira vez que falo sobre alguém e ela se perde nas palavras. Contudo, ela é uma ótima terapeuta e sua hora é bem cara, então na maioria das sessões eu não me importo de repetir o nome das pessoas, mas não gostei de precisar repetir o nome da minha garota. Ela é memorável o bastante para não ser esquecida nunca, ao menos penso assim e se a minha psicóloga a conhecesse, pensaria também.

Não serei hipócrita e não fingirei que gosto de me encontrar com Joan toda vez que piso em casa, não gosto. Essa é mais uma daquelas coisas que a Leontine fez por estar namorando o Carlos, obrigou Checo e eu a fazermos terapia, deu alguma desculpa falando coisas sobre desempenho e trabalho, bom, ela é minha chefe e mesmo que goste muito de mim, sei que ela é maluca o bastante para me demitir.

— Svetlana, é a garota que te falei na última sessão.

— Ah! A garota que não dorme direito, isso é perigoso para uma mulher, muito bem, agora me lembro perfeitamente. O que tem passado? — Joan indagou, soltou seu caderno no colo e colocou seus óculos outra vez, ela sempre os tirava e colocava várias vezes na sessão, ato que me incomodava em dias estressantes.

— Eu a beijei, estávamos na casa da minha mãe, jogamos uma partida de futebol em que fui humilhado e agora não consigo parar de pensar nela. É maluco, não? Penso em seu cheiro, em sua pele, sua voz e até em seus braços enroscados na minha cintura. A garota simplesmente não sai da minha cabeça, Joan, não sei mais o que fazer — resmunguei.

— Bom, você não precisa fazer algo. Desde que começamos a trabalhar juntos, você nunca me falou nada sobre relacionamentos que te deixassem assim, é importante sentir esse tipo de coisa, você sabe, não é? A vida não é só vencer corridas, Max.

— Claro que entendo isso, só que é complicado. Ela é complicada, Lana é o tipo de pessoa que vai embora, que cumpre uma missão e parte para uma nova, sempre sem olhar para trás e deve deixar um rastro de destruição em todos os lugares. Sendo sincero, gostaria de ser destruído por ela, mas gostar e querer ser são coisas diferentes e eu não quero as duas coisas, tudo bem, talvez eu seja complicado nessa relação.

Joan é o tipo de terapeuta que te espera perceber as coisas sozinho, odeio isso. Não a odeio, até gosto de conversar consigo, ela tem um filho e o pirralho me adora, isso me fez gostar um pouco mais de nossas sessões, sinto que posso me abrir com alguém que me conhece um pouco mais, faz sentido? Provavelmente não, mas para mim é algo natural. Ano passado, quando as ordens da chefe começaram, eu estava saindo de um relacionamento conturbado. Do tipo com amor demais envolvido, mas apenas ele não basta mais.

Ela me ajudou bastante, foi a única pessoa com quem consegui me abrir e desde então, não falamos mais sobre a minha vida amorosa, pois ela não existia. Costumava encontrar garotas nas festas dos meus amigos e no fim da noite, acabava com alguma delas no meu carro, na manhã seguinte eu não sabia seus nomes, mas isso não importava, não era sobre amor. Freud fala alguma coisa sobre isso, aquele cara fala um pouco sobre tudo e a minha psicóloga gosta dele, gosta tanto que já me emprestou alguns livros de seus casos.

— Ela é bonita. Só que ela é bem mais que isso, Jô, eu gosto de conversar com ela antes de correr, me deixa menos ansioso para a largada, não que eu fique eufórico demais, sempre fui calmo, mas ela me deixa ainda mais. Gosto de ouvir sua risada e por isso, tento fazê-la rir o tempo todo.

— Sinto que você está chegando no centro da questão.

— Ela é livre. — Suspirei, pensei na melhor maneira de dizer as minhas palavras e não consegui, estava travado, de uma maneira que só ela conseguia me deixar. — Tenho medo de perdê-la, claro que ela não é minha, mas quero que seja e sei que se precisar ir embora, ela com certeza não é do tipo que hesita.

— Você não pode tentar prever os passos dela, Max. A vida dela, é dela. Sabe o que pode fazer? Tentar entender de onde vem esses medos e tentar saná-los, pode conversar com ela e dizer o que sente, pode ouvi-la falando que vai ficar ou que vai embora, mas não pode tentar controlar tudo. Não está nas suas mãos, já falamos sobre isso. Nos vemos na próxima semana?

Esse é um dos momentos que odeio a Joan.

Odeio sua sinceridade.

Odeio como ela me fala tudo o que não quero ouvir.

Odeio quando ela termina a sessão pelo tempo ter ido embora.

Joan, eu odeio você.

Phobos e Deimos| Max Verstappen.Onde histórias criam vida. Descubra agora