Uma Mera Coincidência

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24/01/23

Se alguém dissesse que um dia ele estaria na frente de uma das três maiores empresas de engenharia da Itália, nada nesse mundo o faria acreditar nisso. No entanto, aqui estava Wei Ying, de pé em frente a esse enorme edifício de aparência requintada de um hotel de luxo.

Logo no início, ele custou em acreditar que realmente havia sido convidado a fazer uma entrevista na C.E.L e até pensou em não vir com medo de ter levado um trote e passasse vergonha num lugar tão absolutamente superior a ele. A moça no telefone garantiu de todas as formas que eles tinham de fato recebido o seu currículo, mas Wei Ying ficou surpreso, pois não tinha sequer enviado nenhum documento para algum lugar.

Ele começou até a achar que por um motivo desconhecido, as divindades estavam tentando ajuda-lo após ver ele passar por tanta humilhação. Mas, obviamente, ele não acreditou nisso de verdade e passou os dias anteriores ao da entrevista pensando se deveria ou não comparecer. Em seu interior, ele ria consigo mesmo e dizia que aquilo não era real e provavelmente seria uma pessoa pregando peça.

Contudo, ele queria tanto que fosse verdade que acabou escolhendo ir atrás daquilo que não tinha certeza nenhuma do que ficar em casa de perna pro ar imaginando que talvez podesse ter perdido a maior oportunidade da sua vida. Foi dessa forma que ele acordou mais cedo do que seu corpo e mente estavam acostumados, vestiu a melhor e mais apresentável roupa que tinha e saiu de casa duas horas antes do previsto.

Levando em conta seu histórico gigante de atrasos, mesmo quando saía cedo, Wei Ying se surpreendeu por conseguir passar pelo trânsito chato de táxi e chegar faltando ainda trinta minutos para o horário marcado. Orgulhoso de si mesmo, ele deu seus primeiros passos para entrar naquela arquitetura sofisticada e elegante.

Todo mundo conhecia os responsáveis por construir aquele prédio, sendo eles os donos e uns dos poucos orientais que obtiveram tamanho sucesso sem ser dentro de seu país de origem. Mesmo que ele fosse um acéfalo em se informar corretamente na internet, não tinha ninguém que não conhecesse a família Lan. Além de serem bem sucedidos, tinham uma imagem imaculada e perfeita.

Uma família realmente invejável, no entanto, Wuxian nunca tinha os visto de fato. Ele só ouvia falar. Seu amigo, Dario, entretanto, era o único que falava muito sobre eles. Mas o castanho nunca havia se interessado de verdade por essa gente. Talvez por ter muito mais coisas para resolver e pouco tempo para ficar bisbilhotando a vida de pessoas que tinham os bolsos cheios de dinheiro. A única coisa que dava para se identificar com essa família era o fato de eles serem chineses e Wei Ying também.

O edifício era muito alto, mas também era largo e muito diferente dos outros ao redor dele. Ele tinha vidros em toda a extensão e eles refletiam a luz do sol ao ponto de te deixar quase cego. Por dentro era ainda mais louco na visão de Wei Ying, ele se sentiu deslocado naquele espaço deslumbrante. Os olhares incomodavam e ele até olhou para a própria roupa para ver se tinha algo errado, mas parecia normal.

Havia pessoas com ternos e roupas chique por todos os lados e o castanho se encolheu no seu terno barato e simples, reconhecendo que talvez estivesse um pouco inapropriado para estar ali. Contudo, ele não deveria pensar sobre isso porque estava quase dando nove da manhã e ele ainda não tinha chegado na recepção.

Ele passava um pouco despercebido das pessoas ali, embora todas elas olhassem para o visitante novato. Eles poderiam pensar que ele parecia um esquisitão, mas ainda serem gentis por ele ter uma aparência agradável mesmo que sua roupa fosse o oposto. Vejamos, Wei Ying era bonito, pelo menos ele se considerava muito bonito e diferente no meio dessa gente de rosto parecido.

Quase todos eram pálidos e tinham os olhos claros como azuis ou verdes, mas Wei Ying, com sua pele mais marcante e olhos grandes acinzentados, com certeza se destacava no meio da multidão. Seu cabelo ondulado e castanho escuro também era um diferencial atraente. Por isso, ele ainda achava que sua feição gerava um certo fascínio e escondia o fato dele estar mal vestido.