Uma Mera Coincidência

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O balcão estava borrado em sua vista, ele estava sozinho naquele lugar cheio e barulhento. Mas foi por isso que ele veio, para o barulho que distrairia sua mente e para a cachaça que consumiria seu organismo. Talvez devesse estar em casa, mas só de lembrar da ligação com Yu ziyuan, o matava e fazia com que quisesse realmente fugir, desaparecer.

As pessoas pareciam felizes dentro desse lugar tão estranho e não convidativo. Era o bar mais próximo da sua casa e o único que já havia visitado desde que começou a morar na Itália. Seu espaço era grande, mas desajeitado e maltrapilho. Como aquela taverna do filme enrolados, só que um pouco melhor.

Embora todos tivessem rostos tão peculiares e meio assustadores, eles ainda eram melhores que passar alguns segundos falando com Yu ziyuan. Ele estava destruído, nada poderia negar isso ou disfarçar. Seus ombros estavam tão caídos que se curvaram completamente para o balcão, seus olhos abatidos e mortos eram ruins o suficiente para fazer quem quisesse se aproximar desistir.

Ele já estava na oitava dose essa noite, no entanto, considerava que tinha bebido muito pouco visto que ele tinha chego bastante cedo. O sol ainda estava acordado quando ele colocou o primeiro gole de álcool na boca, Wei Ying esperava mais, porém, até mesmo sua vontade para beber havia sucumbido. A coloração vermelha do bar era uma coisa dolorosa para suas vistas, principalmente quando a luz começava a piscar no ritmo da música alta que tocava.

O barman parecia sentir pena dele e como consolo lhe servia sem que Wei Ying precisasse dizer nada. Era deplorável a forma em que ele se encontrava nesse momento. Fugindo com o rabo entre as pernas com medo do diabo vestido de mulher que lhe assombrava. O castanho riu para si mesmo e levantou o copo para dar outra golada.

Como um louco, ele entregou-se a vontade de se embebedar e esquecer o que a muito tempo lhe atormentava. Uma mão desconhecida parou a sua no ar, tomando com avidez o copo com cachaça de sua mão e derrubando-o com um baque fraco no balcão. Wei Ying ergueu os olhos surpreso, a visão aos poucos voltando para o seu estado mais lúcido e enfrentando furiosamente aqueles olhos tão familiares.

Sua sombrancelha franzida e a forma em que expressava seu nítido desgosto pegou o menor em cheio. Seu coração palpitou com o quão sexy seu provável futuro chefe parecia ser quando estava com aquela feição em seu rosto bonito. Por um momento ele esqueceu o que pesava sua mente, mas se recompôs não muito depois quando o barman se afastou de forma abrupta.

— Parece que o tempo que eu lhe dei foi muito, já que está aqui gastando-o de qualquer jeito. — sua voz profunda chegou em seu ouvido fazendo ele rir. Wei Ying olhou de relance, agarrando o copo que lhe foi tomado e se decepcionando por toda bebida ter derramado.

— Jamais imaginaria que o senhor Lan frequentasse lugares assim. — comentou bem humorado. Um riso sarcástico deixou seus lábios molhados.

Lan Wangji bufou alto com essa frase, ele puxou o banco mais próximo e sentou ao seu lado. Bem arrogante e com a postura impecável, ele sequer perguntou se Wei Ying queria companhia e foi chegando sem ser convidado. O menor revirou os olhos e nada falou sobre seu movimento tão ousado.

— Julgando a forma que me vê, Senhor Wei, deve estar imaginando que eu seria fresco o suficiente para não pisar em um lugar tão simples, estou errado? — perguntou sem olhar para o homem meio bêbado ao seu lado. O barman colocou um copo de whisky para o mais velho sem prestar atenção na conversa dos dois clientes.

Wei Ying, ainda indignado por ter sua bebida roubada anteriormente, puxou sem pestanejar o whisky servido para Lan Wangji e levou aos lábios antes que o mais velho pudesse impedir seu ato. Wangji o encarou em desaprovação e ele deu de ombros sem se importar com a expressão insatisfeita do homem ao seu lado.