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Ouros

15 anos

Observei enquanto Copas sorria e abraçava fortemente mamãe, ela avia retornado esta manhã, com um sorriso nos lábios escarlates e presentes, eu não avia aberto o meu, a caixa com quase o mesmo tamanho do meu travesseiro continuava em cima da minha cama o laço vermelho envolta da caixa preta permanecia intocado

Continuei observando do alto da escada do segundo andar, Copas se afastou de nossa mãe enquanto segurava perto de seu peito lindas sapatilhas de ballet vermelhas carmin, quase não acreditei quando Copas as mostrou para mim, mamãe nunca gostou do interesse de Copas em artes e em dança, na cabeça dela o fato de que sua filha avia se interessado por algo que ela considerava vergonhoso

e agora lá estava ela

abraçando Copas fortemente, como se ela fosse uma mãe orgulhosa, como se tivesse sorte em ter uma filha como ela. Copas ergueu seu rosto fazendo lindas mechas castanhas claras cairem em seu rosto angelical, senti meus ossos congelarem, derrepente o ar se tornou pesado enquanto mamãe calmamente aproximou sua mão para colocar as mechas atras de sua orelha fazendo suas unhas longas e vermelhas tocarem sua têmpora

então esse é o equivalente a morte ?

a sensação de uma montanha esmagando seu peito fazendo cada osso de seu corpo se parti lentamente de uma maneira devagar e agonizante, torturante essa seria a palavra exata para o que estou sentido agora, se não soubesse de nada pensaria esta sofrendo um ataque cardíaco pensaria esta a beira da morte enquanto ando cegamente para o caminho que penso ser o meu quarto

isso é sofrimento, isso é dor, a dor com qual convivi por anos, se eu fosse esperta canalizaria essa dor para outro lugar, substituiria essa dor por outra uma facil de controlar, algo menos humilhante do que ver o meu celebro causar dano a si mesmo, mas não é isso que esta acontecendo sinto um caminhão passando por cima do meu peito esmagando os ossos quebrados pela montanha e finalmente chegando aos meus pulmões ficando ali, não consigo respira, a unica coisa que consigo ver além das luzes coloridas sem sentido é a parede cinza do meu quarto

o sangue entorpecido corre rapidamente pelas minhas veias fazendo minha cabeça latejar e meu corpo ficar dez vezes mais quente conforme sinto o suor frio escorrer da minha têmpora, meu coração lateja em meus ouvidos, a unica coisa que consigo senti que consigo pensar é que estou morrendo

meu corpo inteiro esta sendo pressionado, o suor se acumulou acima do meu lábio superior não consigo ver nada muito menos ouvir, jogo meu corpo para trás tentando me recompor, sinto minha cabeça bater em algo fazendo-a doer me agarro a essa dor como se ela fosse meu bote salva-vidas porque ela é

respire

digo a mim mesma, lembro-me de ter diversos ataques de pânico durante a minha vida e essa é uma das minhas fraquezas algo quebrado que ainda não consigo consertar algo que segundo minha mãe não tem conserto, eu tinha 9 anos na primeira vez que isso aconteceu, eu estava na escola quando minha professora decidiu fazer uma trança no meu cabelo, foi horrivel ela demorou exatos 13 minutos e 32 segundos para fazer a trança e durante esse tempo eu sofri em silêncio uma tortura eterna dentro da minha cabeça ferrada, avia vezes como aquela em que eu conseguia controlar em que conseguia fazer ninguém nota o que estava acontecendo, eu so precisava me concentrar em qualquer outra coisa, naquele dia arranquei a pele interna dos meus lábios o suficiente para o gosto de metal se espalhar por toda a minha boca, mas tinham vezes como essa em que nem mesmo isso adiantava, então aos 10 anos quando nem mesmo os cortes superficiais no braço no inverno conseguiram ajudar, eu voltei a tomar aquele remedio aquele maldito remedio

odeio me senti assim, odeio a dor que sinto nesse momento, odeio não ser capaz de respirar sem que sinta meus pulmões arderem, odeio o fato de esta suando sentada no chão do meu quarto agora que finalmente consegui abrir os olhos vejo que estou do lado da minha cama não sei como consegui chegar aqui mas sei o quão lamentável eu estou, vejo o reflexo de uma linda garota de olhos azul atordoados me encarando do espelho de corpo inteiro a 4 metros de distancia ela esta palida, ela esta ofegante, ela parece fraca, horrivel, ela é patetica, ela sou eu, ou pelo menos deveria ser

Passei meus olhos sobre o ambiente refletindo no espelho, e então vi aqueles olhos castanhos me encararem através do espelho, parada no batente da porta olhos frios assim como os meus, mesmo que os meus fossem azuis, ainda sim eram iguais aos dela

Eu deixei a porta aberta, e ela está ali não sei a quanto tempo o que torna ainda mais vergonhoso, observei enquanto ela entrava no cômodo ouvi o barulho de seu salto alto, minha mãe parou a um metro de mim, eu não a olhei nos olhos e me odiei por isso me odiei por sentir culpa por isso. Algo caiu no chão ela deixou cair o objeto rolou até bater na minha mão, olhei para ela, que ainda tremia, que ainda estava pálida
Mais uma vez, tudo está voltando, conforme meu coração mais uma vez acelerava, meus ossos mais uma vez quebravam, meu peito mais uma vez era esmagado, eu a ouvi se afastar, ouvi a porta sendo fechada, senti meu crânio sendo estilhaçado como se estivesse quebrando de dentro para fora, como se meu celebro estivesse derretendo, segurei aquele frasco como se minha vida dependesse dele até porque ela já dependeu

Me odiei, como nunca avia antes, enquanto apertava aquele frasco com força vendo minhas mãos tremerem mais ainda os comprimidos eram tentadores, e ela sabia disso, ela queria me ter sobe seu controle novamente dependesse disso novamente
Tentei respirar fundo, algo que falhei, mas tudo se resolveria com apenas um desses malditos comprimidos, seria fácil

Mas não podia ser fácil não deveria ser tão fácil, joguei o frasco do outro lado do cômodo vendo-o bater no armário não sei se abriu e sinceramente não ligo
Me deitei no chão esperando aquilo passar, não estava tão ruim agora, o piso frio estava ajudado

Continua...

Reescrevi esse capítulo 3 vezes e ainda assim acho que não ficou bom o suficiente, mas acho que esse ficou formidável, e sim nesse capítulo não temos nada que vai acrescentar na história principal, pelo menos ainda não mas isso vai servi para Ouros e Mads

Não vejo a hora de escrever os 4 juntos, a cada capítulo fica mais próximo disso

E mesmo que estejamos em dezembro a história ainda se passa no fim de setembro

As cartas -Madden Mori - Devil's NightOnde histórias criam vida. Descubra agora