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Ouros

15 Anos

o sinal tocou e dezenas de alunos entraram dentro da escola, o vento estava forte alguns dos alunos usavam cachecos e casacos, eu estava apenas com um sobretudo preto mas o frio não incomodava tanto era melhor do que o calor isso eu não tinha duvidas. Afastei algumas mechas escuras que cairam em meu rosto, olhei ao redor vendo Mads se aproximar sem uniforme ergui uma sobrancelha, arrumei a alça da bolça de carteiro em meu ombro

hoje não era um bom dia, não so porque iamos para igreja

Mads usava uma roupa parecida com a que usou na primeira vez que nos vimos escondidos moletom branco e jaqueta preta, suas mão estavam escondidas dentro dos bolsos da jaqueta

- porque esta sem o uniforme ? - perguntei, ele deu de ombros com um olhar entediado

- porque esta vestida como se fossemos em um funeral ? - retrucou, revirei os olhos o que as pessoas tem contra preto ?

- estamos indo para igreja, e eu pensava que só botaria o pé em uma igreja no dia do meu funeral - dei um sorriso sarcastico - mas assim como o universo as pessoas dizem que eu tenho um senso de humor mórbido então pensei em não perde a oportunidade- Mads sufocou um sorriso

- bom então imagino que seja apropriado - suspirei, reprimi um sorriso

- certamente - Mads negou com a cabeça ainda sorrindo enquanto entravamos no carro

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algumas horas antes...

analisei a caixa em cima da minha cama, ainda fechada, eu não avia desfeito o laço e se fosse uma garota esperta não iria desfazer, eu sou uma garota esperta, porém também sou uma garota curiosa essa era a razão de tudo não é mesmo ? a minha curiosidade avia nos levado até aqui cada fez mais perto da beira do precipício a questão era se eu iria cair ou pular, eu nunca gostei de ser forçada a fazer algo por esse motivo prefiro pular a cair uma falsa ilusão de controle em uma situação incontrolável, é talvez eu não seja uma garota tão esperta assim

Agora eu sou uma garota curiosa

Muito mais muito curiosa o que normalmente consigo controlar e eu poderia controlar mas eu não queria

e isso me fez abrir a caixa de pandora sobre a minha cama, puxei a fita de cetim lentamente fazendo o laço escarlate se desmanchar quase me arrependi era um belo laço, depois de cuidadosamente tirar o laço passei os dedos pela caixa preta era fosca o material parecia um papelão porém duro, abrir a caixa esperando ver dezenas de cobras ou aranhas isso não seria surpreendente vindo da minha mãe porém não esperava ver em cima de um papel de ceda vermelho escarlate

Nada mais que um violino um violino branco, tirando a queixeira, o estandarte, o espelho, e algumas outras partes o violino era branco, o arco estava ao lado ele era preto

passei os dedos sobre a corda do violino sentindo as cordas bem esticadas, fechei os olhos com uma unica pergunta em mente

o quão perto da verdade eu estava para que ela estivesse tão desesperada assim ?

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apertei o botão na porta do carro, e o vidro preto subiu fazendo o motorista ser separado de nos, Mads se virou para mim confuso

- ela sabe - ele olhou para mim, mas confuso ainda - minha mãe ela sabe o que estamos fazendo - seus olhos saltaram, permaneci calma

- o que ? como ela sabe ? - essa era uma pergunta da qual eu ainda não tinha resposta - e como você sabe que ela sabe ? - respirei fundo

- ela me disse a algumas semanas - comentei, ele continuou olhando para mim

- e você só esta me contando agora ? - mordi a língua, encontrei seus olhos

- eu não sabia, minha mãe não dar presentes - Mads me olhou ainda mais confuso - ela deu sapatinhas de balé para Copas - respondi - eu deveria ter notado ai - disse pra mim mesma mas Mads ouvi - Mori a minha mãe acredita que presentes devem ser dados por conquistas nos podemos comprar o que quisermos menos nos dias do nosso aniversario não temos permissão de ganhar presentes e ela só os dá quando fazemos algo significativo ela não queria que nos acostumar a receber caridade - expliquei - ela não gosta de nada que envolva artes

- ela tem uma empresa de roupas sapatos e sei lá o que, como ela não gosta de artes se organiza desfiles - suspirei

- eu nunca disse que ela não era hipócrita - falei de um modo entediado, apertei as mãos como eu não avia notado - eu pensei que as sapatinhas fossem apenas mas umas de sua brincadeira, dar algo que Copas quer, que ela gostar para tomar dela depois - tirei minhas luvas devagar colocando-as sobre minha perna - mas eu estava enganada, ela me deu um violino... - estalei os ossos dos meus dedos finos, minhas mãos estavam quentes a sensação era estranha pele contra pele - ela jamais me daria um violino não depois de tudo

- por que ? o que aconteceu ? - pensei sobre isso e nada não avia acontecido nada demais, mas na minha mente de criança isso avia sido o fim do mundo

- eu tocava, minha mãe avia me ensinado e eu tocava em jantares e festas, o que era ironico já que ela considerava uma vergonha, mas gostava da atenção e dos elogios até que se tornou algum comum para as pessoas elas não achavam mais surpreendentes e então ela tirou isso de mim - olhei para Mads ele encarava as minhas mãos nuas, so então notei que avia fechado elas em punhos mais uma vez só então parei para pensar nas unhas curtas afundando na pele macia, as minhas articulações estavam ficando brancas abrir as mão quando o carro parou, coloquei as luvas novamente e então saimos para ver a velha igreja

- se existia alguma duvida que o dinheiro dos meus pais não estava vindo para cá, ela acabou de morrer, quase 2 milhões de euros no total, e esse lugar parece estar caindo aos pedaços

continua...

As cartas -Madden Mori - Devil's NightOnde histórias criam vida. Descubra agora