As cartas -Madden Mori - Devil's Night

16

Madden Mori

15 anos

tracei as linhas delicadamente sobre o papel, apreciando o som do lápis deslizando sobre a folha branca e deixando traços de grafite fracos, soltei o lápis sobre a mesa de carvalho branco ,encarando o pássaro de longas pernas que avia desenhado , franzi meu rosto arrancando a folha branca de meu caderno , a amacei em meu punho jogando-a na ligeira prateada ao lado que já estava com uma quantidade consideravel de papel , suspirei descansando minhas costas na cadeira

como minha vida pode ter mudado tanto em algumas semanas ?

- Mads ? - meu pai chamou aparecendo na fresta da porta aberta , eu estava prestes a dizer a ele para abrir a porta devagar mas o chiando duro e estridente da porta alcançou meus ouvidos , travei minha mandíbula senti meus dentes rangerem com a pressão feita , gravei meus dedos no estofado da cadeira de escritorio, fingindo que nada avia acontecido enquanto sentia o recente incomodo em meus ouvidos - vou pedir para virem ver a porta amanhã - confirmei com a cabeça, aquelas mentiras e duvidas estavam acabando comigo

levantei-me da cadeira com um suspiro, meu pai analisou-me com certa suspeita, relaxei meu corpo diante de seu olhar

- você esta bem filho ? - sorrir fraco , ele me fazia essa mesma pergunta a 2 anos , todos me faziam essa mesma pergunta a dois anos , olhei para ele vendo-o aguardar a minha resposta - pode me conta se estiver acontecendo algo , sabe disso não é ?

eu queria poder disser que sim , que confiava nele e em nossa familia bizarra mas para isso eu teria que ignorar tudo o que ouvi ontem , tudo o que descobrir sobre Evans sobre as mentiras deles , então olhei no fundo de seus olhos

- aconteceu alguma coisa ontem ? eu voltei mais cedo da aula e vocês não estavam aqui ? - os olhos de meu pai vacilaram olhando ao redor como se buscasse suas palavras nas paredes e assim eu soube que Ouros estava certa eles não iam nos contar mas aquela pequena e insistente chama ainda estava ali a esperança

Diga que sim, diga a verdade, confie em mim, preciso que faça isso

- não , apenas o trabalho , sua mãe tinha uma reunião importante , e eu tive que ver um problema no dojo , falando nisso porque não vamos lá amanhã ? ja faz um tempo - ele sorriu para mim

Dizem que a esperança é a última que morre, mas ninguém fala sobre a decepção que surge logo depois

Mesmo depois do acidente, meus pais nunca mentiram, eles sempre deixaram bem claro que estariam sempre aqui para conversar e responder todas as perguntas que eu poderia ter, eu nunca perguntei ou questionei isso

A decepção era algo doloroso e inesperado, quando vem de quem pensamos que nunca nos machucaria de tal maneira, e a confiança era algo difícil de se criar, de se manter, e ainda sim tão frágil e fácil de se quebrar, são em momentos como esse que devemos testa-la

- pode ser - respondi , meu pai me disse para não dormir tarde e então saiu, levando consigo minha esperança, eu queria que ele volta-se, que disse-se a verdade que ao menos tenta-se consertar algo que eu sabia ser impossível, irreparável

Meus pais não iriam me contar , a menos que eu os confronta-se , então era eu e Ouros erramos os unicos que poderiamos nos ajudar , não sei exatamente com o que , mas sei que iriamos fazer algo grande , que isso era certo , que estavamos cansados de viver sobre mascaras que nossos pais nos colocaram pelo menos eu estava , faríamos algo diferente como o que meu pai fez, como o que meus tios fizeram