PRÓLOGO

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Alice não sabia onde estava. As cores misturavam-se em um emaranhado de tonalidades, e os risos ao seu redor eram estridentes, ecoando como sinos distantes. Ela olhava para suas mãos, mas tudo o que via eram dedos manchados de cores vibrantes. Sua visão embaçada transformava o mundo ao seu redor em um grande borrão, como se estivesse tentando enxergar através de um véu irreal.

Vestida com roupas extravagantes que pesavam em seus ombros, Alice sentia o peso da maquiagem exagerada em seu rosto. Cada traço, cada sombra, transformava-a em uma caricatura de si mesma. O público ao seu redor gargalhava, uma cacofonia de zombarias que ressoava em seus ouvidos como uma sinfonia distorcida. Ouvia gritos distantes, aclamando por um palhaço.

Ela tentava compreender o que estava acontecendo, mas as peças do quebra-cabeça se recusavam a se encaixar. Parecia que estava acordando de um pesadelo, mas a sensação persistia, a sensação de que algo estava terrivelmente errado. Alice rezava para as sombras, uma prece silenciosa que escapava de seus lábios trêmulos.

"As sombras, elas vão me salvar. Elas vão me achar.", sussurrava ela, repetindo as palavras como um mantra em meio ao tumulto de risos e deboches. No entanto, sua súplica caía no vazio, perdida na cacofonia ao seu redor.

No centro de um salão opulento, Alice se via rodeada por uma multidão que se deleitava com seu desespero. O olhar embaçado de Alice cruzou com um trono imponente, e lá estava ele, o rei de Hybern. Sentado com uma expressão cruel, ele proclamou palavras que cortaram como lâminas afiadas.

"Vamos, você é uma palhaça!", ressoou a voz do rei, ecoando como um veredicto cruel. "Foi apenas feita para entreter os outros com a sua insanidade. Vamos! Nos entretenha!"

Alice sentiu o chão se desfazendo sob seus pés, enquanto a risada da multidão aumentava em intensidade. Ela olhou ao redor, procurando uma saída, procurando qualquer sinal de salvação nas sombras que dançavam ao redor dela. No entanto, o salão estava imerso em luz, e as sombras pareciam estar distantes, como se também tivessem se retirado daquele pesadelo surreal. Sombras, que para ela uma vez eram tão familiares e reconfortantes.

E assim, Alice se viu presa em um espetáculo macabro, um jogo de insanidade no qual ela era apenas uma peça, uma bobo da corte sem audiência para ouvir seus gritos silenciosos. A única esperança que restava a ela era que, em meio à loucura e à escuridão, as sombras eventualmente viessem salvá-la

Joker - AzrielOnde histórias criam vida. Descubra agora