Capítulo 02: O encontro Cômico

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A atmosfera na Casa do Vento estava carregada de risos, taças de vinho feérico erguidas em brinde, e alegria efervescente quando Alice adentrou o salão ao lado de Rhysand. A festividade vibrava nas paredes, as luzes dançantes refletiam o espírito descontraído daquela noite peculiar. Alice, com seu olhar curioso, quase não piscava desejando não perder nenhum segundo daquele momento.

A boba da corte, percebeu a dinâmica da sala e suas figuras singulares. Um grande homem, com cabelos escuros e desalinhados complementam o brilho caloroso de seus olhos, e asas majestosas, pretas que lembravam-na de um grande morcego. Um dos machos mais lindos que Alice já viu em sua opinião. Cada gesto expressava uma confiança inabalável, um guerreiro destemido, apesar de ser forte, se portava com leveza jogando piadas fora e rindo como se não houvesse amanhã. Para uma palhaça esse era o tipo favorito de público para ela, uma alma que a ajudava em seu trabalho.

Ele tagarelava com uma pequena feérica com um olhar desafiador. Enquanto o macho não parava de rir e falar, aquela fêmea em sua frente parecia mais entretida no líquido grosso e vermelho em sua frente do que qualquer outra coisa. Cada movimento dela era calculado, como se estivesse sempre um passo à frente de todos ao seu redor. Ela portava joias vermelhas pelo corpo e seu cabelo preto era suntuoso, realmente Alice achou que estava diante de deuses.

Isso rapidamente se confirmou quando seus olhos azuis pararam diante uma fêmea de cabelos loiros, mas não eram da mesma cor do da pequena palhaça. Eram próximos do dourado, uma cor que não poderia se comparar com os cabelos loiros pálidos de Alice, ela pensou. Não parando por aí, o vestido bem revelador, vermelho ornado com joias douradas finalizam a visão deslumbrante que era aquela fêmea, com uma graça etérea e porte real.

Um barulho estridente chama atenção na sala. Feyre, a grã senhora, estava com um olhar de surpresa e incredulidade estampado em seu rosto. Ela havia acabado de derrubar sua taça no chão e estava paralisada olhando para Alice, como se fosse uma aparição fantasmagórica de um passado longo enterrado em sua frente.

Todos os olhares se voltaram para a pequena palhaça com seus trajes coloridos e adereços extravagantes. Os risos cessaram, como se um feitiço silencioso tivesse caído sobre o grupo. Na mente confusa de Alice, a cena parecia desencontrada, pois, nos palácios, o bobo da corte costumava trazer risos, não silêncio.

Contudo, ainda confusa, acenou animadamente para os presentes, deixando escapar um riso contagiante que se perdeu na melodia tensa que permeava o ambiente.

"Não pode ser... Alice?", murmurou Feyre, sem acreditar nos próprios olhos.

Enquanto isso, a bela fêmea de cabelos dourados soltou uma risada irreverente, quebrando o estranho silêncio que se instalara. "Cassian, agora você não é o único palhaço por aqui!", provocou, ignorando completamente a tensão que se formava no ambiente, acreditando que ela seria apenas um entretenimento durante a noite.

Rhysando ao ouvir aquelas palavras tornou um olhar severo e quase assustador para a mesma. Alice percebeu que uma conversa mental estava ocorrendo entre a bela fêmea e seu amigo, pois logo a culpa se espalhou por suas feições.

Feyre, recuperando-se do susto inicial, correu para Alice, seus olhos cheios de surpresa e alegria. "Alice, você está aqui! Como... como isso aconteceu?"

"Queria visitar Rhysand" uma resposta simples. Alice sempre conseguia se comunicar mais facilmente com Feyre, uma conexão única que as duas partilhavam e que o senhor da noite ainda tentava entender.

Feyre abraçou Alice com força.

Um alívio passou por ambas. Algo que pode ser sentido por Rhysand, pelo seu laço com Feyre. Realmente uma conexão inexplicável.

"Minha família, gostaria de apresentar uma amiga que passou por muito ao meu lado, e gostaria que fosse bem vinda por todos" a voz de Rhys ecoou pela sala.

Alice deu um passo à frente e fez uma curvatura exagerada, como se estivesse se apresentando em um palco diante de uma multidão imaginária.

"Olá, nobres feéricos! Alice Madhatter, à sua disposição!" proclamou Alice, balançando os braços de forma teatral.

O macho carismático foi o primeiro a dar um passo à frente e cumprimentá-la. Realmente o tipo de alma que salvava Alice em suas apresentações.

"Muito prazer, sou Cassian, O general da corte noturna", com um sorriso caloroso e olhos fixos na pequena criatura extravagante em sua frente.

"O prazer é todo meu senhor general", diz a chapeleira se curvando teatralmente.

Cassian solta uma gargalhada. "Agora sei de quem você puxou Feyre.".

"Pode me chamar apenas de Cassian"

"Boa sorte com isso Cass, há 50 anos tento fazê-la me chamar apenas de Rhys, mas as vontades de Lice são bem aleatórias" Rhys sorri lembrando de todos os nomes que sua amiga já o chamou.

"Temos o mesmo nome por toda a eternidade, mas nunca seremos as mesmas pessoas para sempre, por que um nome deve demonstrar tudo o que somos se sempre estamos mudando?" a frase sai quase como um sussurro. Esses momentos de pensamentos profundos de Alice faziam sempre todos ficarem surpresos com a genialidade da palhaça.

"Perspicaz eu diria para um bobo da corte" Diz a feérica de cabelos negros.

Rhys a olha com reprovação

"Me chamo Amren. Criaturinha interessante você não é mesmo? Por que ainda se veste assim?". Amren, sempre observadora, estudava Alice com uma expressão indecifrável. Era como se alguma memória ou reconhecimento estivesse dançando à margem de sua consciência, uma lembrança que ainda não tinha emergido completamente.

"Ah, minha cara, as roupas são como histórias, e eu gosto de contar uma diferente a cada dia. Hoje, escolhi a narrativa do chá exótico e das cores que fazem as nuvens sorrirem. Afinal, quem quer ser comum quando se pode ser excepcionalmente peculiar?". Parecia que Alice já sabia até mesmo a pergunta para ter uma resposta tão afiada quanto essa. Sua perspicácia era o que a mantinha viva sob a montanha e nos gélidos cômodos do palácio de Hybern.

"Acredito que suas roupas são magníficas. Sou Mor, prima de Rhys. É um imenso prazer conhecê-la Alice". Mas infelizmente Alice já estava com o olhar fixo em outro assunto. Rhysand a percebendo tenta conduzir melhor a situação.

"Podemos agora juntar a mesa para comer, e eu sei que você está morrendo de vontade de roubá-la para fazer perguntas Mor, mas faça isso após o jantar"

"Espere! eu ainda não me apresentei para ele." diz Alice.

Joker - AzrielOnde histórias criam vida. Descubra agora