A porta fechou-se suavemente atrás de Alice e Feyre, deixando Azriel e Rhysand em uma sala de jantar mergulhada em sombras inquietantes. O silêncio pesado pairava no ar, quebrado apenas pelos ruídos distantes da cozinha, onde Cassian e Mor se entregavam ao vinho. Amren havia se retirado, indo para o Caldeirão sabe onde.
Azriel permaneceu de pé, suas asas ocultas em sombras, enquanto seus olhos se encontravam com os de Rhysand. A expressão de Azriel era séria, carregada de uma preocupação que ele insistia em expressar.
"Rhys", começou Azriel, sua voz cortante, "precisamos falar sobre essa Alice. A palhaça feérica que você tanto confia."
Rhysand ergueu uma sobrancelha, mas permaneceu em silêncio, convidando Azriel a continuar.
"Você não conhece o passado dela, Rhys. O que ela fez antes da montanha. Ela sempre esteve com Amarantha, por vai saber quantos anos!!", exaspera Azriel, suas palavras ressoando no espaço sombrio da sala.
Rhysand suspirou, cansado das insistentes desconfianças de Azriel. "Az, pare disso. Alice é uma amiga, não quero entrar nesse mérito novamente"
Azriel apertou os punhos, a frustração se manifestando em seu semblante sombrio. "Você confia nela cegamente! Mas como vai saber que tipo de pessoa ela realmente é?!?"
Rhysand levantou-se, sua paciência atingindo um limite. "Azriel, eu vi o que aconteceu sob a montanha. Eu estava lá. Você nunca irá saber nem metade do que ela enfrentou sob a montanha. O que ela suportou foi além dos piores horrores que eu já testemunhei para uma pessoa. Não subestime minha compreensão e confiaça no sofrimento dela."
Azriel olhou para o amigo, seus olhos sombreados exibindo uma expressão de amargura. "Não é apenas sobre o que aconteceu sob a montanha. Há algo mais, algo que não posso definir. Eu sinto, Rhys, um sentimento amargo quando estou perto dela."
Rhysand cruzou os braços, frustrado. "Um sentimento? Azriel, isso não é o suficiente para questionar a lealdade dela. Pelo Calderão Azriel Pare!!"
Azriel soltou uma risada mordaz. "Você acha que ela é leal? Essa desmiolada, que se veste de bobo da corte para esconder quem realmente é?"
Rhysand endureceu, sua paciência finalmente se esgotando. "Não fale assim dela, Az. Você não sabe do que está falando. Não tem esse direito de me contestar dessa maneira." O grão senhor estimava a pequena palhaça, ela o salvou de várias formas.
Azriel apertou os lábios, um olhar de desaprovação em seus olhos sombreados. "Você confia nela porque não conhece o verdadeiro rosto dela. Eu não posso simplesmente esquecer isso, Rhys."
Rhysand deu um passo em direção a Azriel, sua voz firme. O poder emanando dele "Esqueça, Azriel. Alice é uma guerreira, e eu não vou permitir que você a trate como uma ameaça. Se você não pode superar seus preconceitos, então é melhor que aprenda a conviver com eles."
Azriel permaneceu em silêncio, sua expressão dura. A sala de jantar estava impregnada de tensão, e as sombras pareciam se contorcer em resposta às emoções intensas.
Rhysand deu as costas ao encantador de sombras e saiu da sala de jantar, deixando-o para trás. O silêncio que se seguiu era quase tangível, preenchido apenas pelo crepitar suave das velas e a escuridão que se enroscava nas sombras ao redor de Azriel. Uma sensação de frustração se instalou nele, como se algo estivesse fora de lugar e ele não pudesse identificar exatamente o quê.
Azriel permaneceu parado por um momento, seus olhos sombreados fixos na porta fechada. A raiva ainda pulsava através dele, misturada com uma confusão crescente. Ele não conseguia compreender por que a presença da pequena palhaça feérica o afetava tanto. Uma avalanche de pensamentos tumultuava sua mente, e a palavra "perigo" ecoava como um sussurro incessante em seu interior.
Respirando fundo, Azriel decidiu que precisava de um tempo para esfriar a cabeça. Ele dirigiu-se ao seu quarto, deixando para trás a sala de jantar carregada de tensão. Ao fechar a porta, ele permitiu-se soltar um suspiro pesado, sentindo o peso do desconforto em seus ombros.
A imagem de Alice, vestida como uma palhaça, dançou em sua mente. Ele não conseguia entender por que ela era o epicentro de suas preocupações. Rhysand confiava nela cegamente, mas Azriel não conseguia dissipar a sensação de que algo estava errado. Um instinto primitivo, quase animalesco, insistia que ele deveria estar em alerta, que algo estava em perigo.
Sentado em uma poltrona na penumbra de seu quarto, Azriel tentou se concentrar nos pensamentos, mergulhar mais fundo na sensação que o atormentava. Era como se um nevoeiro encobrisse suas memórias, impedindo-o de entender completamente o motivo de sua apreensão. Mas a cada tentativa de buscar clareza, a imagem de Alice aparecia diante dele.
A pequena palhaça, com seu sorriso vívido e olhos que escondiam mistérios. Azriel cerrava os punhos, sentindo a frustração aumentar. Ele não podia aceitar simplesmente a palavra de Rhysand como verdade absoluta, especialmente quando algo dentro dele insistia que havia mais a ser descoberto.
O lema de Azriel sempre fora proteger, mas agora ele se via dividido entre a lealdade a Rhysand e a intuição que o alertava para um perigo iminente. "Perigo", a palavra continuava martelando em sua mente, e a única imagem que surgia era a de Alice.
Com um suspiro, Azriel decidiu que precisava de mais informações. Ele não podia simplesmente ignorar esse pressentimento, mesmo que isso significasse desafiar a confiança de Rhysand. Erguendo-se, ele caminhou até a janela e observou a noite estrelada, buscando respostas nas sombras que se estendiam além do seu olhar.
Enquanto o Corte Noturna se envolvia em segredos e lealdades entrelaçadas, Azriel sabia que o verdadeiro perigo estava à espreita nas sombras, esperando para ser revelado. E, por alguma razão que ele não podia explicar, ele sentia que Alice era a culpada de tudo.
Mal sabia o mestre espião que o motivo de toda a sua preocupação estava ao quarto ao lado, aquele que todos julgavam inabitável.
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Joker - Azriel
FantasySeu riso, embora constante, escondia um eco de desespero. Anos de tormento haviam deixado cicatrizes invisíveis em sua mente, e Alice muitas vezes se perdia em devaneios, sonhando acordada e falando palavras desconexas que flutuavam no ar como pétal...