Um calafrio percorreu sua espinha. Uma sensação estranha, como se algo além da compreensão normal estivesse acontecendo, começou a se manifestar em seu íntimo. Sua cabeça latejava intensamente, pulsando em um ritmo que parecia responder a algo que ela não conseguia entender.
Era como se uma força invisível a estivesse chamando de dentro para fora, uma conexão inexplicável que a paralisava momentaneamente. O ambiente parecia distorcer-se ao seu redor, tornando-se uma neblina de emoções e energia mágica. Alice piscou rapidamente, tentando se concentrar na cena diante dela.
Foi quando seus olhos, momentaneamente nublados pela dor de cabeça intensa, focaram nas sombras que se estendiam pelas bordas da sala. Lá, entre a escuridão, ela percebeu a presença de alguém que não deveria estar à vista. Seus sentidos aguçados captaram a presença de um macho, oculto nas sombras como uma sombra viva.
"Espere! eu ainda não me apresentei para ele." diz Alice.
Todos se viraram para a palhaça em questionamento e Amren sussurra algo quase imperceptível.
"Azriel"
Azriel estava surpreso, seus olhos sombreados ampliando-se momentaneamente quando percebeu que Alice o havia detectado. Ele tinha passado anos aprimorando suas habilidades de ocultação, tornando-se praticamente invisível para todos. No entanto, ali estava ela, a pequena palhaça, fixando-o com olhos que pareciam penetrar as próprias sombras.
Rhysand, observando a interação peculiar, ergueu uma sobrancelha. Ele conhecia a magia única de Alice, mas mesmo para ele, a habilidade de enxergar através das sombras de Azriel era intrigante. Havia algo mais acontecendo ali, algo que ele ainda não compreendia completamente.
A dor de cabeça de Alice aumentou quando seus olhos se encontraram com os de Azriel. Era como se uma torrente de emoções, memórias e pensamentos estivesse sendo transmitida entre eles, e que apenas a mente insana da palhaça conseguia sentir. Uma conexão instantânea, inexplicável e avassaladora. Ela sentiu uma corrente elétrica percorrer sua espinha, deixando-a arrepiada.
Azriel, por sua vez, não conseguia disfarçar a surpresa e a irritação. Ele preferia viver nas sombras, longe do escrutínio alheio. A ideia de que alguém, especialmente uma estranha, pudesse desvendar seus segredos mais profundos o deixava desconfortável.
Rhysand, sempre perspicaz, quebrou o silêncio tenso na sala de jantar. "Interessante", disse ele, seu olhar passando entre Alice e Azriel. "Parece que nossa pequena palhaça tem mais truques na manga do que imaginávamos."
O sorriso de Alice, embora um tanto perplexo, carregava uma centelha de desafio. Ela estava ciente de que algo extraordinário e doloroso havia acontecido naquele momento, e ela não sabia como explicar.
"Az-ri-el", murmurou ela, deixando o nome rolar em sua língua como um doce. A expressão curiosa de Alice aumentou, enquanto ela repetia o nome mais uma vez. Era como se algo em sua mente estivesse tentando emergir, uma lembrança que estava escondida nas profundezas de sua loucura.
Enquanto isso, Azriel observava Alice com desconfiança, seus olhos sombrios fixos nela. Ele sentia uma perturbação no ar, uma sensação de que algo não estava certo. "Rhysand", disse ele, sua voz suave e grave cortando o ar tenso da sala, "Precisamos falar em particular."
Rhysand ergueu uma sobrancelha, notando a seriedade no tom de Azriel. "O que há de errado, Az?"
O encantador de sombras lançou um olhar penetrante em direção a Alice. "Essa feérica é uma ameaça. Há algo de errado com ela. Ela viu através das minhas sombras" disse em sussurro forte.
Alice inclinou a cabeça para o lado, seu sorriso ainda presente. "Ah, sombras! Elas dançam tão lindamente, não acha, mestre sombrio?"
Azriel franziu a testa, mais convencido de que algo estava errado. "Ela pode ser uma espiã de Hybern, Rhys. Não podemos ignorar isso."
Rhysand olhou para Alice, estudando-a por um momento antes de responder. "As torturas que ela sofreu foi algo que eu nunca vi em minha vida Az... Entendo sua preocupação, mas Alice se sacrificou por mim mais vezes do que eu posso contar. Só estou aqui por causa dela. Confie em mim, ela não é uma ameaça"
Alice, sem notar a tensão ao seu redor, continuou a murchar o nome de Azriel entre risadas desvairadas. "Az-ri-el... como uma canção antiga que esqueci como cantar."
Azriel apertou os punhos, frustrado. "Eu confio em você, Rhys. Mas não consigo confiar nela, não me parece sincera."
A expressão de Alice mudou, seus olhos brilhando de repente com uma seriedade estranha. "Oh, mas quem é o que parece ser, querido Az-ri-el? As sombras contam histórias que nem sempre são verdadeiras, elas prometem algo mas deixam você apenas em uma luz agonizante."
Azriel suspirou, sentindo-se derrotado. Ele não conseguia entender a aparente falta de seriedade de Alice. "Não podemos arriscar, Rhys."
"Az-ri-el, uma sombra que não confia em sombras. Que complexidade mais complexa. Talvez um dia você possa confiar em mim como confia em suas próprias sombras." diz Alice pensativa, e desejando em seu interior a aprovação daquele macho que acabará de conhecer. Algo a chamava por ele, e ela não sabia quem era que gritava.
Azriel voltou a sua postura rígida, observando Alice se afastar para se sentar na mesa.
Rhysand diz suspirando: "Vamos dar um tempo a ela. Ela é excêntrica, mas é inofensiva"
"Espero que você esteja certo, Rhys."
"Az, confie em mim. Alice é a alma mais pura que você irá encontrar." Feyre diz ao segurar o pulso do mestre espião de forma reconfortante. Ela sabia como o encantador podia ser, mas ela tinha uma confiança cega em Alice e ela sabia que quando a chapeleira se importasse, ela poderia tirar a própria vida para salvar aqueles que ama. Feyre só precisava fazer Azriel ver ela da mesma forma que ela, ou melhor enxergar o mundo que Alice vivia.
Azriel cerrou os dentes, tentando conter sua frustração. Para ele, Alice era uma incógnita perigosa, enquanto para ela, ele era apenas uma sombra na dança eterna de sua loucura.
O Círculo Íntimo se dirigia para a mesa de jantar, risos ecoavam, gotas de vinhos caíam de copos muito cheios e o nome de Azriel, continuava a ser sussurrado nos lábios de Alice como uma melodia perdida.
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Joker - Azriel
FantasySeu riso, embora constante, escondia um eco de desespero. Anos de tormento haviam deixado cicatrizes invisíveis em sua mente, e Alice muitas vezes se perdia em devaneios, sonhando acordada e falando palavras desconexas que flutuavam no ar como pétal...