Um pedaço de enigma não é uma sina.

19 1 0
                                    


Narrador - Layla

- Ei, madame - Ouvi junto com um cutucão no rosto.

Com esforço abri meus olhos ainda me acostumando com a luz. Na minha frente estava uma garota baixinha com o cabelo em dois coques, os olhos azulados. Ela tocava minha bochecha com suas unhas longas e o corpo inclinado.

Limpei meu olho:

- Senhorita Daphne, obrigado por me acordar.

- Disponha - Respondeu se endireitando, sorriu - E olha só, "senhorita", gostei. Tá vendo Agan?

Virou em tom mais alto para o homem em pé um pouco atrás, ele a olhou levantando uma sobrancelha.

- Eu sou senhorita - Completou.

- Claro que é - Respondeu sarcástico e sem emoção, parecia olhar janela a fora.

Me sentei mais corretamente bocejando, e assim que consegui raciocinar um pouco mais, meus olhos correram logo para Elio. Ele estava sentado no seu banco com as pernas em cima, abraçado com os joelhos e olhando sem expressão para a parede.

Sorri:

- Elio, você está acordado - O outro virou e sorriu gentilmente:

- Acho que estou.

- Que alívio... - Falei.

E me levantei para me aproximar, a carruagem se movia em uma estrada agora, e os cavalos encantados haviam tomado a aparência de cavalos normais. Me abaixei ao seu lado para arrumar o seu cabelo, e ver melhor o seu rosto.

Não houve muita melhora em comparação a como estava na gaiola, para a minha infelicidade, mas pelo menos os seus hematomas já tinham desaparecido quase completamente. Elio continuava com o seu olhar cansado e sem muita luz de sempre, a pele clara ainda pálida de forma um tanto doentia.

Coloquei uma mecha da sua franja atrás da orelha, e o observei:

- Eu preciso te conseguir algumas roupas melhores.

- Você não terá muitas opções, não com essas asas no caminho - Respondeu o jovem.

- Você não está mais preso, será que já não consegue alterar sua forma?

Ele negou:

- As algemas limitam a minha magia, e eu estou muito fraco para lutar contra...

- Eu talvez tenha uma ideia para lidar com isso - Disse uma voz masculina ao meu lado.

Me virei, e Calypso olhava para eu e Elio de forma pensativa, seus olhos muito verdes pareciam observar a minha alma.

Mexi no cabelo envergonhada:

- Ah, Calypso, você é tão silencioso que por um momento eu esqueci que estava tão próximo...

- Eu ouço isso bastante - Falou com um esboço de sorriso sarcástico.

Elio o olhou analisando:

- Você fala a verdade mas parece muito improvável, realmente tem ideias? - O ruivo concordou:

- Eu tenho, mas no momento são hipóteses, preciso fazer um pouco de pesquisa antes de poder testá-las.

- Pesquisa? Nós temos tempo para isso? - Perguntei, Calypso sorriu:

- Ah eu tenho um tempinho, darei meu jeito.

Daphne o olhou com desprezo:

- E mesmo assim você nunca nos deixa visitar a sua biblioteca.

Solstício de Adélio Onde histórias criam vida. Descubra agora