Narrador - Calypso
Acordei em um grande campo de gramas finas e claras. Sentia a brisa do mar e ouvia as gaivotas sobrevoando. Estava deitado no solo macio, e via as nuvens se movendo preguiçosamente acima da minha cabeça, era tranquilo.
Fechei os olhos, e quando abri vi na distância um gazebo de madeira branca. Plantas de flores brancas como a lua estavam entrelaçadas no telhado, e roseiras crescidas nos arredores.
O céu era diferente naquele canto, bem no limite da enorme falésia em que me encontrava. Nele dançavam tons claros de amarelo e roxo, como se o entardecer e o nascer do sol se misturassem ao mesmo tempo, e eu conseguia ver as estrelas e a lua, duas luas.
Me levantei e comecei a me aproximar, logo reparei na silhueta de uma pessoa sentada dentro do gazebo, bebendo uma xícara de chá.
Mais alguns passos e eu a enxerguei completamente, era um homem alto com músculos definidos, vestia uma blusa azul gelo que parecia bastante apertada no seu peito, com os primeiros dois botões abertos e o terceiro lutando para se manter fechado. Possuía longos cabelos vermelho vinho até abaixo da cintura, e cobrindo parcialmente metade do seu rosto. Sua pele era de um moreno perfeito, a nas orelhas levava grandes brincos prateados que pareciam dois pares de luas. No pescoço tinha um colar gargantilha com duas luas crescentes.
Ele bebia em uma xícara branca cujos desenhos em azul mudavam constantemente, como uma tela, e eu notei um lobo usando uma coleira de prata deitado preguiçosamente ao seu lado.
Estava a poucos metros do gazebo quando ele me notou, movendo a atenção da xícara para o meu rosto. Seus olhos eram muito claros, quase brancos, e ele sorria calmamente. Disse:
- Calypso, eu estava me perguntando quando iria te encontrar.
O olhei neutro, mas não muito agradado, perguntei cruzando os braços:
- O que você está fazendo no meu sonho, Lyssandre?
O homem demonstrou uma suave indignação falsificada, sorrindo, tocou o peito exposto pelos botões abertos:
- Você parece surpreso, eu pensava que estava sempre na sua mente!
Minha expressão torceu mais, um tanto cansada:
- E eu pensei que havia lhe dito para não espiar meus sonhos.
Ele apoiou a cabeça olhando os arredores:
- Você disse mas era previsível que eu não iria aguentar - Riu - Estava terrivelmente solitário.
Levantei uma sobrancelha, mas não respondi. Bufei e terminei meu caminho até onde estava.
Puxei uma cadeira e me sentei de frente para Lyssandre e sua grande mesa de chá. Toda a prataria mudava os padrões sempre que olhava, e a comida era dos mais variados tipos, tenho quase certeza ter pratos e chás de todo o mundo aqui. Havia no centro um buquê das mesmas flores brancas que o pergolado, ipomoea alba, dama-da-noite.
- Pode comer, não se preocupe, são todas apenas ilusões - Ele disse colocando em seu prato um par de bolinhos chineses.
Com um garfo, comeu um pedaço:
- Embora se você pensar com força suficiente consegue sentir o gosto. É bom! - Falou com a boca cheia.
Bufei e me servi de um chá inglês escuro.
- O que você está fazendo aqui Lys, ficou com tanta saudade assim de mim? - Perguntei com um sorriso presunçoso, ele riu:
- Muita, e de fato a maior razão por que estou aqui é por que eu queria te ver - Disse dando de ombros - Embora também seja para te dizer uma coisa que pode te servir.
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Solstício de Adélio
Fiction générale- Nessa terra de bruxas e monstros, você já ouviu falar de criaturas divinas? Calypso faz parte de um trio de bruxos comissionados por um colecionador de artefatos para encontrar o domínio mágico Jardim das Memórias. Ninguém do trio está muito in...