Plataforma 7, Metrô 214, Banco 14
Era exatamente este metrô no qual eu ia para chegar à escola, diariamente. Até que certo dia, um cara aleatório começa a fazer parte da minha rotina. Cabelos roxos, olhos violetas e um olhar desistente com olheiras...
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act. III - 傷つく真実
(a verdade que dói)
Naomi Hawazishe
Só pode ser uma piada, de muito mau gosto, por sinal. Creio eu que essas foram as 18 palavras mais patéticas que eu já li, e que contra o meu querer, marejaram meus olhos. Seco as pequenas lágrimas com a manga do meu moletom e abro o meu celular, só para conferir se aquela minúscula barra de notificação do iMessage não é apenas uma invenção da minha própria mente. E ao contrário do que pensei, aquelas mensagens são bem reais. Até demais.
"Você significa o mundo pra mim, Naomi, e eu sinto muito por não ser o que você precisa."
O que é isso?
Se sente muito, então por quê? Por que agiu como um completo imbecil?
Hitoshi me fez o esperar por meses e sempre pareceu debochar da minha dor. Eu o queria por perto, e ele só me jogava contra a maré, me deixando sempre sem respostas sobre o seu comportamento infeliz. A raiva flui pelas minhas veias, e não só isso, como todos os sentimentos possíveis. Tristeza, frustração, dúvida, até mesmo medo. Eu consigo sentir tudo isso enquanto bloqueio meu celular, ignorando a sua mensagem. Idiota. Ele é um idiota. Ele me tratou feito uma fantasma por meses e simplesmente acha que uma simples frase fará com que as coisas se concertem?
Puxo meus cabelos com as mãos.
Não vou mais ficar quieta desse jeito, reprimindo tudo até explodir em algum momento assim como ele fez comigo. Eu preciso amadurecer, enfrentar o meu próprio rancor e esclarecer tudo com ele. Se Shinsou quer sinceridade, então ele terá e não será por mensagem. Ele vai permanecer sem respostas até que nós dois possamos nos ver pessoalmente e conversarmos honestamente.
Quero me trancar em meu quarto e não sair daqui nunca mais.
۰ .
Em plena quarta feira, estou findada a um treinamento surpresa organizado por Aizawa. Estou encarando o relógio do meu pulso esquerdo há um bom tempo, só para não ter que olhar para o roxeado que está bem na minha frente. Os ponteiros giram lentamente, pontinho por pontinho, e nenhum sinal do nosso professor chegar no local marcado pelo próprio. Como pode um ser humano tão irresponsável com a sua agenda ter se formado com êxito na U.A e entrar no ranking dos melhores?
Há certas coisas que nunca vou entender.
Nos últimos dias, eu venho tendo diversos encontros com o Aizawa. Não são encontros por questões acadêmicas e nem nada desse tipo, na realidade, ele aparenta gostar de conversar comigo, mas a sua linguagem corporal sinaliza o contrário. O mais velho sempre está esfregando as duas mãos e se beliscando, provavelmente porque está nervoso ou ansioso. E para ser bem honesta, todas as vezes que estamos papeando, ele soa como se estivesse prestes a me contar alguma coisa e nunca o faz, e isso me angustia. Já tentei pensar em todo tipo de revelação que o mesmo faria para mim. Afinal, ele e minha mãe são próximos, então cogitei a possibilidade dele se interessar romanticamente por ela, mas definitivamente não é isso. Questionei Fukukado sobre o assunto, perguntei para a mesma se ela sabe de algo e ela também teve a mesma reação: estava apreensiva e a sua tentativa de desviar da conversa foi péssima.
