Mordida.

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Duas aulas se passaram, estavam na metade da terceira, e Wei Wuxian não havia conseguido se concentrar em nenhuma. Sentia seu corpo queimar nos lugares que o outro tocou e isso estava o deixando maluco. Desabotoou seu casaco e o retirou, para tentar se refrescar. Porém, como aquilo não foi o suficiente, retirou então a blusa de lã que usava por baixo, pois seu corpo parecia prestes a entrar em combustão.

  — Wei Wuxian, está tudo bem? — perguntou a professora de geografia, Madame Jin, mãe de Zixuan e sogra de sua irmã. Ela era uma mulher simpática e gentil, tinha um carinho imenso pelos irmãos Jiang e pode-se dizer que preferia a nora ao próprio filho.

  — Está sim, professora. Por quê? — o Wei sentia os olhos de toda a sala presos em si. Será que era tão visível assim o quão perturbada sua mente estava?

A mulher pigarreou. — Bom... porque fazem 11 graus e você está só de camiseta. — Ele olhou pra si e constatou que era verdade, nem havia se dado conta do que estava fazendo, só queria aliviar aquele calor que sentia. A professora se aproximou dele e colocou a mão em sua testa. — Caramba, você está queimando...

Wei Wuxian desviou o olhar para o lado, onde seu irmão o encarava com uma cara fechada, como se estivesse o julgando silenciosamente.

  — Meu anjo, você quer que eu ligue para a A-Li? — ela esticou a mão para tocar a dele, mas o menino se assustou e retirou sua mão rapidamente.

  — E-Eu vou ao banheiro, com licença... — levantou-se e saiu correndo com seu casaco em mãos, deixando a mulher com uma face preocupada pra trás.

No entanto, não apenas ela estava assim, havia outra pessoa, com os punhos cerrados por debaixo da carteira e um sentimento de culpa apertando o peito.

Faziam quase 10 minutos desde que Wuxian tinha saído, e Jiang Cheng batia incessantemente o lápis na carteira. Seu irmão estava muito estranho e isso o deixava preocupado, mesmo que ele nunca admitisse.

  — Professora, posso ir buscar meu irmão no banheiro?

A mulher estava prestes a concordar, mas outra voz falou primeiro. — Não. Jiang Cheng, seu jeito intenso pode piorar o estado dele, deixe que eu vou.

Wen Ning esperou a professora confirmar para seguir em direção ao banheiro. Era o mais compreensivo entre os amigos e conhecia o Wei melhor que todos eles, então seria a pessoa perfeita para ajudá-lo.

O Wen não encontrou ninguém no banheiro do andar deles, então subiu até o terceiro andar, onde eram menos utilizados por pertencerem às turmas do sextos e sétimos anos. Abriu a porta e viu o rapaz sentado em um canto, abraçando as próprias pernas.

 — Wuxian? — aproximou-se lentamente do amigo, pensando que estava chorando, mas quando ele levantou o rosto, seu olhar estava... diferente. — O que houve?

 — A-Ning, se você puder dormir lá em casa hoje, eu prometo te contar tudo — Wei Wuxian e ele tratavam-se como irmãos, confiavam totalmente um no outro. Em primeiro lugar estava sua shijie. Entretanto, exceto por esse fato, eles eram unidos e sabiam tudo sobre o outro.

 — Deixe-me adivinhar — sentou-se ao lado do amigo. — Tem algo a ver com seu webamigo?

Wuxian desviou o olhar e apertou ainda mais suas pernas. Seu amigo realmente o conhecia, ele tinha o avisado que podia acabar se apaixonando. Quer dizer, ainda não estava apaixonado, porém um novo sentimento pelo amigo começava a surgir em seu coração. Não apenas com o que fizeram hoje, mas porque o garoto era simplesmente perfeito, atencioso, fofo... Porra, está condenado.

  — Wuxian? — o outro acordou de seus devaneios com o chamado do amigo. — Vamos voltar pra sala? — diante do olhar hesitante do Wei, Wen Ning continuou: — Não se preocupa, se alguém te olhar torto, eu mesmo vou socar essa pessoa! — Wuxian riu; o Wen falava como seu irmão.

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