Eu não consigo.

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Se arrependimento matasse, eu seria agora uma fantasma.

Boa leitura :')

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  Já haviam se passado três dias desde o ocorrido no banheiro do colégio, mas Wei Wuxian e seu amigo continuavam agindo normalmente um com o outro — embora não houvesse esquecido do que aconteceu. Às vezes, ainda sentia seu corpo queimar ao lembrar como fora tocado, especialmente sua cintura e sua nuca.  

  O quão idiota era por sentir-se daquele jeito? O quão idiota era por fantasiar o que aconteceria se não tivesse fugido? O quão idiota era por sentir vontade de ser tocado novamente? O quão idiota era por estar se apaixonando por alguém que não conhecia?

  Naquela noite de quinta-feira, Wei WuXian estava deitado no sofá e olhava apáticamente para o teto. Jiang Cheng devia estar no banho, sua irmã e Jin Ling já haviam ido dormir há tempos. Sua única escolha era ficar sozinho ou ir dormir também — e a última parecia mais plausível no momento.

  Entrou lentamente em seu quarto, pois o sobrinho já estava adormecido, retirou as roupas e vestiu apenas uma bermuda do Barcelona, a qual nem lembrava ter comprado. Fazia bastante calor neste dia e infelizmente não poderia ligar o ventilador, então precisava improvisar com o que tinha.

  Eram 4:15 da madrugada quando Wei WuXian desistiu de tentar dormir. Não sabia se o problema era o calor externo ou o calor que sentia dentro de si. Pegou seu celular e foi até o banheiro e, após trancar a porta, baixou a tampa do vaso e se sentou sobre ela.

  Abriu o WhatsApp em uma conversa fixada e mandou um "oi". Não acredita que seu amigo estivesse acordado àquela hora, porém queria muito testar uma coisa. Uma coisa que Wen Qing havia dito que provavelmente ajudaria num momento de muito tédio. Apesar de bravo com o que ela fez naquela vez, decidiu seguir seu conselho.

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   — Irmã... — YanLi acordou com o chamado de seu irmão. Abriu os olhos e o viu sentado sobre as pernas em sua cama, olhando para ela. — Eu... tive um pesadelo... — Não era a primeira vez que Jiang Cheng fazia aquilo, afinal dormiam no mesmo quarto.

   — Sobre nossos pais? — O menino confirmou com a cabeça. YanLi levantou o lençol e puxou o irmão para deitar-se com ela, abraçou-o enquanto fazia carinho em seu cabelo. — Tudo bem, você pode dormir comigo. 

  Seus pais haviam morrido em uma queda de avião há 7 anos, desde então, Jiang Cheng não conseguia nem mesmo se aproximar de um aeroporto, e ela tinha desenvolvido ansiedade extrema. Nos dois primeiros anos, conseguia se virar sozinha, mas depois do acontecimento com seu antigo namoro, teve que pedir ajuda para Wen Qing e, alguns meses depois, Jin Zixuan passou a ajudá-la também.

     — Irmã, eu te amo... — disse o Jiang, afundando-se no abraço que recebia da irmã mais velha, que foi como uma mãe pra ele desde seus onze anos.

     — Também te amo, meu A-Cheng. — os dois dormiram agarradinhos, não se importando nem um pouco com o calor infernal que fazia, afinal, nada importava além do amor.

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  Wei Wuxian estava há 15 minutos no banheiro, encarava o celular com uma ansiedade sufocante dentro de si. Seu amigo possivelmente dormia tranquilo, mas não se importava em esperar até às seis horas da manhã — horário que o outro disse que acordava.

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