Pov. Marcelo
Depois daquele incidente, evitamos ao máximo ter contato, digo evitamos pois sinto que Laura também se tornou ainda mais distante, apenas reuniões formais, e quando muito necessárias, somente as que eram imprescindíveis para execução do projeto. Comecei a trabalhar com outras pessoas, mas sempre com a supervisão geral dela. Não falamos sobre o ocorrido, temo que ela tenha ficado com uma má impressão de minha atitude, mas como nem eu sabia explicar o porque tomei-a, achei inútil a conversa, o que só pioraria nossa relação profissional. Hoje fechava um mês que estava neste país, as análises do projeto estavam todas fechadas, era hora de pôr a mão na massa e começar a obra de fato.
Pov. Laura
Hoje fechamos as últimas análises dos projetos. Depois do incidente
Resolvi me afastar, coloquei a melhor equipe que tínhamos à disposição dele, tudo para não impor minha presença, não sei como ele se sentia já que nada falamos sobre o assunto.
Terminei de fazer minhas últimas anotações, respirei fundo, levantei e fui até sua sala. Bati na porta, somente abri quando ouvi.- Pode entrar.
- Bom dia, Marcelo. Entrei fechando a porta e me aproximando de sua mesa.
- Gostaria de ver com você um horário, para irmos até o terreno da obra, pois temos que supervisionar primeiras medições e ter uma reunião com o mestre de obras, para acertarmos os começos das atividades.
Vi que ele me olhava atentamente.- Estou à sua disposição.
- Então, vamos marcar para o primeiro horário da tarde, pode ser?
- Combinado.
- Vou marcar com o mestre de obras, não vou mais tomar seu tempo. Obrigada pela sua atenção.
Estava já me dirigindo à porta quando fui surpreendida pelos gritinhos estridentes de Sophia, que vinha correndo. No impulso, abri a porta e dei de cara com ela, que sorridente pulou em meu colo.
- Mamãe, mamãe. Olha só mamãe!
Falou, mostrando, um dentinho dentro de um potinho.Logo em seguida, Lurdes entrou na sala pedindo licença toda sem jeito.
- Dona Laura, me perdoe. Liguei para senhora, mas como, nem eu nem a escola conseguimos entrar em contato, resolvi buscá-la na escola e levá-la ao seu dentista. Então como o consultório é aqui próximo, viemos até aqui, fiz mal?
- Capaz Lurdes, eu que na correria, deixei o meu celular no silencioso, muito obrigada! Falei abraçando ela.
Tranquilizando-a.- Preciso ir ao banheiro. Disse Lurdes logo em seguida, bem próximo ao meu ouvido.
- Vai na minha sala, sabe onde fica pode usá-lo.
- Obrigada dona Laura. Falou saindo em seguida.
Sentada, com Sophia em meu colo,tentando entender melhor o que havia acontecido, verificando sua boca, que evidênciava a falta do dentinho pelo espaço vazio, já estava indo perguntar sobre o ocorrido, quando Sophia virou pra mim e perguntou:
- Mamãe, quem é aquele titio bonito ali?
Foi quando, me dei conta que estávamos na sala de Marcelo, o que momentaneamente havia deletado pela surpresa que tive ao ouvir os gritos de Sophia.
Paralisei, pois o que eu tanto temia estava acontecendo, pai e filha no mesmo lugar, mas não tinha o que fazer, sair correndo? esconder Sophia,só chamaria a atenção de Marcelo, só me restava rezar para que a total alienação dele a certos detalhes, estivesse ainda em atividade e que ele não desconfiasse da sua paternidade, mesmo sendo Sophia a cara dele.
Olhei em sua direção, seu olhar era de surpresa, mas carinhoso. Acredito que pela presença dela.
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Um Amor Em Construção
RomanceLaura e Marcelo amigos desde de sempre, dividindo um apartamento a cinco anos, alunos em uma universidade da capital, descobrem no meio do percusso um sentimento, muitas sensações ou somente carência da solidão e das decepções vividas durante esse t...