Capítulo 14

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POV Marcelo

Acordei com o sol batendo em meu rosto e por um instante fiquei perdido de onde eu estava, mas o cheiro de café e ovos mexidos que percorria o corredor exalava o cheiro de minha infância, me estiquei o que pude ainda deitado, já tinha esquecido o quanto minha cama era boa de dormir.
Levantei, fui até minha mala pegar minhas coisas, precisava de um banho pra relaxar, foi quando minha mãe sem nenhuma cerimônia entrou no quarto.

-Marcelo, que bom que já acordou, vamos tomar café?

- Só o  tempo de me arrumar. Falei procurando a toalha de banho, que claramente não encontrei.

- Mãe, consegue uma toalha de banho pra mim? Acabei esquecendo a minha!

-Você tá em casa menino, tá no lugar de sempre! E oh não se demora, não gosto de servir os ovos mexidos gelado! Falou ela saindo e indo até a cozinha.

Às vezes penso que minha mãe vive em um universo paralelo, que não percebe que não moro mais com eles a algum tempo.

Entrei no banheiro, tudo permanecia idêntico a quando morava aqui e mesmo não sendo uma dessas pessoas nostálgicas é bom sentir que em algum lugar da minha vida guardam sua essência, até mesmo o chuveiro que ainda está o mesmo, frio ou quente demais.
Terminei meu banho, desci as escadas e dei de cara com meu pai sentado na ponta da mesa, lendo seu jornal.

- Sua benção meu pai? Como sei que meu pai é um homem de muitos valores, resolvi mostrar a ele meu respeito.

Fui até ele e beijei sua mão.

-Deus te abençoe meu filho! Falou ele satisfeito vendo que meus valores para com a minha família não haviam sido corrompidos.

- Que horas chegou meu filho, nem vi você chegar? Falou ele largando o jornal dobrado ao seu lado.

- Era passado das 22:00hs, o senhor já estava dormindo. Sei dos seus hábitos e pedi à mãe para não acorda-lo, pois só irei embora no domingo a noite.

- Veio sozinho, o trecho é longo?!

-Não, Laura também veio ver seus pais, larguei ela antes de vir para casa, por isso demorei . O senhor conhece seu Joaquim, me fez entrar na marra pra conversar um pouco.

- Se conheço! Falou ele fazendo ar de graça.

Nesse momento entra minha mãe com uma travessa repleta de ovos mexidos.

-Depois vocês conversam,vamos comer antes que esfrie!

Tomamos café em plena harmonia, acredito que peguei esse hábito com eles, pois a primeira refeição do dia é aquela em que não devemos ser atropelados, em que devemos nos dar o direito de sentir o gosto do café e o aroma do alimento que vamos degustar.
Ao terminar, ajudei minha mãe a recolher as coisas mesmo não estando mais habituado a rotina da casa.

- Obrigado pela ajuda meu querido, mas deixa que eu termino. Falou ela tirando o açucareiro da minha mão.

- Tá me explusando da sua cozinha dona Ieda?! Falei fazendo cara de ofendido.

- Jamais meu lindo! Falou me abraçando e sinceramente por mais velho que eu fique o seu abraço sempre será o melhor lugar para estar.

Fui até a varanda que temos atrás de casa que dá direto para a piscina, meu pai estava lá sentado, com seu jornal. Seu Osvaldo era professor de Letras, então seu mundo é cercado de palavras, ama ler e desde cedo tentou fazer de mim um apreciador dessa arte, o que posso dizer que de certa forma conseguiu despertar em mim o interesse pelo curso que estou prestes a finalizar.
Sentei ao seu lado, ia pegando meu celular para ver se Laura já tinha dado algum sinal de vida, quando fui chamado atenção do meu velho perguntando pelos meus estudos.

Um Amor Em ConstruçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora