Dangerous Woman

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Sam a seguiu ao longo do corredor, incapaz de desviar os olhos dos quadris perfeitos e arredondados, envoltos em seda cor-de-cereja. Pelo menos uma coisa nela não havia mudado.

Com seu vestido de estilista, saltos altos, brilho nos lábios e rímel, ela estava linda, mas artificial. Era a diferença entre uma gloriosa rosa de jardim, explodindo com perfume, e a perfeição plastificada das rosas compradas em floriculturas caríssimas.

Sam preferia o primeiro tipo, e odiou a si mesma por sua hipocrisia.

Sam fizera isso com ela.

Ela não lhe pedira isso, o que fazia com que se odiasse ainda mais. Ao se ver no espelho do elevador, Mon comentou.

— Finalmente pareço uma mulher de verdade. Queria que Lottie estivesse aqui para ver.

Uma mulher de verdade. Dio santo. Sam teve uma visão repentina de Mon na cozinha, cabelos caídos diante do rosto, seios tentando escapar de sua camisa de malha verde desbotada enquanto colocava alguma coisa na máquina de lavar pratos, fazendo sua curta saia de brim subir atrás para revelar mais de suas pernas deliciosas... Ela era uma mulher de verdade.

O táxi aquático que chamara estava à sua espera diante do hotel.

Ao sentar ao lado dela, sentiu um cheiro maravilhoso.

— Delícia seu perfume.
— Mesmo?

As sobrancelhas perfeitamente arqueadas se levantaram em surpresa.

— Elas tentaram borrifar perfume em mim mas eu disse não. Devem ser os produtos capilares ou algo assim.

Não era perfume. Era ela.

O sol estava se pondo na água.

Esta era a hora em que a cidade passava por sua transformação diária de um apinhado magneto de turistas na sutil capital dos amantes.

Os prédios ao longo do Grande Canal de Veneza estavam banhados pela última luz do dia, que assentava com perfeição em sua beleza esmaecida.

— Oh. Eu quase esqueci. Peguei isto enquanto voltava.

Sam tirou do bolso uma caixa achatada e a deu a ela, observando seu rosto enquanto levantava a tampa.

Mon abriu a boca e arregalou os olhos, e a despeito do brilho labial, do rímel e da sombra que estava usando, era ela mesmo novamente, emoções claramente à mostra enquanto levantava da caixa' a delicada teia de fios de prata e estrelas de diamante.

— Sam... É incrível! A coisa mais linda que já vi. Tem certeza de que não tem problema se eu usar?
— Eu não lhe dei na frente da polícia de estilo lá no hotel de propósito, porque temia que elas desaprovassem. Mas se gostou, pode usar.
— Eu gostei. Amei. Natalia disse que eles não tiveram tempo de organizar o empréstimo de nenhuma jóia. Alguma coisa a ver com seguro. Como conseguiu esta?
— Não se preocupe. Está tudo sob controle.

Porque esta jóia não era emprestada.

Ela a comprara num surto de loucura temporária na volta de sua reunião com o ator britânico em ascensão que lhe pedira para interpretar o papel principal no filme baseado no livro de Francis Tate.

A tarde tinha sido muito proveitosa e o deixara muito entusiasmada. Sam fora a uma joalheria discreta numa calle sossegada e comprara o colar com suas constelações de estrelas e a lua solitária pendurada em seu centro.

Havia uma versão menor, para Bex, e...

— Posso colocá-la agora?

Os cabelos agora lisos reluziam em castanho e cobre à luz do crepúsculo.

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