My Love, Your Heart

Me Like Yuh

— Eu não acredito nisso. Por que não me disse que tinha um avião particular?

Mon parara na porta do pequeno jato Citation e se virara para Sam, olhos arregalados com surpresa.

A outra sorriu.

— Não tenho. É alugado. Prometi que faria com que essa viagem fosse o mais rápida e indolor possível. E essa certamente é a forma mais rápida de chegarmos em Veneza.
— E a mais indolor.

Disse rindo quando uma comissária apareceu com uma garrafa de champanhe num balde de gelo. Sam sabia que as próximas 24 horas seriam tão divertidas quanto um tratamento de canal, mas o entusiasmo de Mon era contagiante.

— Puxa... Bex e Dino iriam adorar isto.
— Quer ligar para casa?
— E interromper a diversão deles no acampamento? Ela não iria me perdoar!

Instantes depois estavam no ar. Enquanto olhava pela janela, admirando as nuvens brancas contra o céu azul, Mon percebeu que Sam a observava.

Torceu para que não estivesse arrependido por tê-la trazido.

Mas se estivesse, não teria como culpá-la. Afinal, devia ser a primeira pessoa a voar num jato particular usando uma camisa de malha que encolhera na máquina e ainda portava a mancha de um molho ao ragu.

Mas as roupas que iria vestir naquela noite apresentavam uma questão muito mais problemática. Mon trouxera o vestido lilás que usara no casamento de Yuki apenas por ser a única opção possível.

Definitivamente não era apropriado ao glamour do tapete vermelho.

(...)

Mon achara o jato particular impressionante, mas nada poderia tê-la preparado para o hotel.

Dando-lhe a mão para ajudá-la a saltar do pequeno barco que lhes levara ao hotel, Sam disse.

— Os participantes do festival costumam se hospedar no Lido, mas prefiro me manter o mais afastado possível do circo da mídia. Este lugar é bem mais discreto.

Descrição não seria a primeira palavra que ela usaria para descrever a grandiosidade do saguão, vasto e decorado com pinturas em molduras douradas. Era um ambiente eminentemente clássico, que a deixou com a impressão de ter percorrido uma passagem secreta para o passado.

— Pronta?

Mon seguiu Sam pelo corredor, suas sandálias vergonhosamente surradas esbofeteando o piso de mármore.

— Que horas será o filme?

Perguntou Mon quando as portas do elevador fecharam.

— Às l9h.
— Que bom, ainda é meio-dia. Terei tempo para conhecer a cidade.
— Sinto muito, mas acho que não.
— Nós temos algo a fazer antes?

Sam parou na frente de uma porta imensa e correu um cartão magnético pelo leitor na lateral.

— Não "nós". Seja bem-vinda ao mundo das celebridades.

A porta abriu, e o queixo de Mon foi ao chão. Estava na entrada de uma imensa sala quadrada com uma imensa janela panorâmica com vista para o Grande Canal. A luz que refletia no piso de mármore polido era quase ofuscante, mas não foi isso que a deixou boquiaberta, e sim as três araras de metal que estavam no centro da sala, reluzindo um arco-íris de sedas e cetins. Duas mulheres elegantes estavam de pé diante da janela, silhuetas formosas emolduradas pela paisagem de um modo que pareciam posar para uma fotografia da Vogue italiana. Interrompendo suas conversa, voltaram seus olhos felinos para Mon.

— Mon, estas são Natalia e Cristina. São estilistas. Esses vestidos foram doados por desenhistas de moda, e elas irão ajudá-la a escolher algo de que goste para esta noite.