Shut Up and Listen

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Às luzes acenderam, mas os aplausos continuaram. E continuaram.

E continuaram. Por muito mais tempo que o filme merecia.

Sam rangeu os dentes com impaciência enquanto as pessoas na fileira de trás se inclinavam para frente para lhe dar os parabéns e Nitta se virava para acenar para a sala repleta.

Samanun estava fortemente cônscio de Mon enquanto ela piscava para as luzes e continha um bocejo. Passara as últimas duas horas pensando nela.

Engraçado; todas aquelas semanas vivendo debaixo do mesmo teto e conseguira manter a distância e preservar a ilusão de que não se sentia realmente atraída por ela.

Mas duas horas sentada no escuro ao seu lado, perto o bastante para ouvi-la respirar e sentir o perfume e o calor de sua pele, notando cada pequeno movimento enquanto cruzava os tornozelos ou corria os dedos pelos cabelos, e estava parecendo uma adolescente excitada em seu primeiro encontro. Nem conseguiu se concentrar no filme, grazie a Dio.

Os aplausos começaram a arrefecer e, sequioso por uma oportunidade de fugir, Sam segurou a mão de Mon.

— Vamos sair daqui.

Antes que ela pudesse responder, Nitta interrompeu.

— Você vai à festa no Excelsior, não vai?
— Absolutamente não.

Asseverou, conduzindo Mon até a saída.

— Muito bem.

Murmurou quando alcançaram o saguão, onde a impressa se preparava para engolfá-las novamente.

— Mantenha a cabeça erguida, sorria como se tivesse tido as melhores duas horas de sua vida e caminhe depressa. O carro estará nos esperando no fundo da escadaria.

Todos vão deduzir que tínhamos algum lugar muito importante para ir.

— E temos?
— Sim.

Sam olhou rapidamente para ela, desejo voltando a arder em suas entranhas.

— Qualquer lugar longe daqui.

Foram as primeiras a sair, e quando emergiram a noite acendeu novamente com flashes.

Segurando com firmeza sua mão, Sam sentiu Mon estremecer quando o ar frio lhes atingiu, e a puxou rapidamente para frente enquanto RPs e seguranças corriam agitados de um lado para outro nas laterais do tapete vermelho. Depois de um momento viu o motivo de sua repentina atividade, e xingou baixo.

— O carro ainda não chegou.

Mon arregalou os olhos ao se virar para ela. A multidão gritava o nome de Samanun. Jornalistas se aproximaram gritando perguntas.

— O que vamos fazer?
— Aguardar. Vai chegar dentro de um momento.

Mas então outro grito soou da multidão, nitidamente audível acima dos outros.

— Mon! Aqui, Mon!

Então os tubarões dos tabloides levaram apenas duas horas para descobrir o nome dela, pensou Samanun com um surto de fúria amarga. Ela estava prestes a se virar, instintivamente preparada para atender ao chamado, mas a segurou, puxou-a para si e desceu sua boca até a dela. Um rugido se levantou da multidão e flashes explodiram como uma chuva de meteoros em torno delas.

Movida por algum instinto inerente de protegê-la, Sam  segurou o rosto dela entre as mãos, impedindo as câmeras de obter uma imagem clara de Mon daquele jeito. Beijando-a.

Terna, hesitante, trêmula e com uma ferocidade calma que lhe deixou ofegante.

Com um esforço imenso recuou depois de um longo e abençoado momento, olhando sobre o ombro através de uma neblina de desejo debilitante para onde o carro acabara de estacionar diante dos degraus da frente.

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