Curve

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— Nitta é muito inteligente.

Comentou com um sorriso sarcástico.

— Ela não disse diretamente que o bebê é meu porque teve o cuidado de deixar suas opções abertas. Fui eu quem pediu o divórcio, mas agora ela quer voltar. Acho que se deu conta do quanto gostava de estar casada com uma diretora de cinema. Isso lhe dava um certo status dentro da indústria, e não há espaço para dois egos do tamanho do dela e de Heng num único relacionamento.
— Você a aceitará de volta?

Mon forçou as palavras através de lábios entorpecidos.

— Se o bebê for seu?
— Não é.

Alguma coisa na forma como disse isso a fez abaixar sua taça e se levantar.

— Como? Como você sabe?

Sam tomou um gole grande de conhaque, secando a taça.

— Porque não posso ter filhos. Sou infértil. Completa e irrevogavelmente. Entenda, seria preciso um milagre para que o bebê fosse meu.

Por alguns instantes o único som que se ouviu na suíte foi o suave tique-taque do relógio de ouro artificial em cima da lareira. Mon não disse nada.

Não havia nada que pudesse dizer para diminuir a dor de Samanun.

Em vez disso deslizou as mãos por seus ombros rígidos, repousando a face contra eles e puxando-a para perto de si enquanto era tomada por um espasmo de desejo e perda irracional.

Esta era a fonte de sua dor, pensou.

Não a ausência de Nitta, mas de filhos.
Por um momento Samanun não se moveu, e então ela sentiu a mão da outra se fechar sobre a sua.

Ficaram assim por longos instantes.

E então, com muita gentileza, quase relutância, Sam a fez se virar para que ficasse frente a frente consigo.

Sentindo-a hesitar, ainda aprisionada por seus próprios demônios, Mon concluiu que não conseguiria curar a dor que ela sentia, mas poderia lhe mostrar que não sentia medo.

Segurando o rosto de Samanun com ambas as mãos, ficou nas pontas dos pés para beijá-la na boca.

Enrijecidos pela tensão, os lábios de Sam se mantiveram imóveis. Mon correu os dedos por seus cabelos sedosos, e pressionou beijos suaves no canto de sua boca até senti-la relaxar.

— Mon...

Gemeu.

— Dio, tentei resistir por tanto tempo, mas acho que não consigo mais.
— Que bom.

Ela havia alcançado a orelha alheia, e interrompeu o beijo para tomar seu lóbulo na boca. Um arrepio de desejo trespassou o corpo de Samanun, que moveu abruptamente a cabeça para espremer a boca contra a de Mon.

E num piscar de olhos tudo estava diferente. Os beijos que haviam compartilhado antes, aqueles beijos claudicantes, desesperados, proibidos, tinham sido como os arpejos solitários de um violino, em comparação com a
melodia completamente sinfônica deste. Mon arqueou-se contra Samanun enquanto a abraçava e a beijava tão fundo quanto se estivesse procurando por sua alma. As mãos de Mon se revelaram atrapalhadas e descoordenadas enquanto abriam os botões da camisa dela.

Mas Sam parecia possuir toda a habilidade que faltava a Mon.

Segurando com ambas as mãos a barra do pesado vestido de seda, levantou-o num único movimento veloz.

Sentindo as pernas livres, Mon instintivamente passou-as em torno da cintura de Sam, que a carregou dessa forma até o quarto. Sam a abaixou na cama, mas Mon manteve as pernas fortemente cruzadas em torno dela, puxando-a para baixo com ela.

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