My Love, Your Heart

Physical

— Mamãe, este é o Dino. Meu novo amigo.

Mon pousou na bancada a frigideira que ela estivera prestes a lavar e olhou para Bex, que acabara de entrar na cozinha com um menino de cabelos negros e olhos de chocolate derretido.

— Olá, Dino. É um prazer conhecer você.

Dino sorriu em resposta, mas dirigiu um olhar rápido para Bex, que explicou.

— Dino não fala inglês, mas está me ensinando italiano. Já sei as palavras para olá e lua. Lua é lima.

Mon revirou os olhos e sorriu.

— Só você mesma para aprender essa palavra primeiro.
— Lua nova é luna nuova. Sabia que vai ter uma hora? Isso dá direito a dois pedidos, e eu pedi um telescópio e uma professora nova no ano que vem que seja mais legal que a sra. Pritchard.

Bex segurou a mão ensaboada de sua mãe e a puxou.

— É sua vez. Quer vir fazer um pedido?
— Tenho um monte de panelas para lavar. Não pode fazer isso para mim? Eu gostaria de pedir...

Ela hesitou, reprimindo a pequena voz dentro de sua cabeça que sussurrava coisas sobre Samanun Anuntrakul.

Ela riu, inquieta.

— ... puxa, eu não sei... paz mundial e um brownie de chocolate com sorvete?
— Não vai funcionar se não for você pedindo.

Disse Bex, teimosa.

Havia um brilho no olhar de Bex que indicava que ela estava aprontando algo.

— Talvez possa pedir que as panelas se lavem sozinhas, e quando voltar tudo estará pronto. Vamos, mamãe.

Bex puxou mais uma vez a mão de Mon, que não teve opção senão seguir as duas crianças.

Depois que Bex cismava com uma ideia, não havia nada no mundo que a fizesse mudar de ideia, mas esta noite Mon não estava de bom humor.

Estava cansada, com calor e... faminta, percebeu surpresa.

Não conseguia lembrar-se de quando fora a última vez que comera.

Acima de tudo, ela estava se sentindo triste. Samanun tinha sido muito boa com todos eles, e ela a agradecera agindo como uma adolescente mimada, perdendo a cabeça e dirigindo contra a outra toda a raiva que, sentia de si mesma. E no dia seguinte ela iria partir para nunca mais vê-la.

O pensamento enregelou seu coração.

Ela ficou surpresa em descobrir que estava quase escuro lá fora.

Devia ter ficado na cozinha mais tempo do que imaginara, porque o quarteto de jazz contratado por Hugh já chegara. Enquanto Bex a conduzia pelo pátio, Mon ouviu os acordes de "The Way You Look Tonight" chegarem do limonaia, onde as velas das mesas tinham sido acesas.

A noite púrpura estava cheia com música adorável, sons abafados de vozes e um perfume de flores de laranjeira.

O pequeno Dino corria à frente delas, sua camisa branca era a única parte dele visível em meio à penumbra.

— Li e! La lunal Esprimi un desiderío!

Bex olhou para onde Dino estava apontando. A delicada curva de uma lua nova pairava onde o céu se derretia de azul escuro para violeta pálido.

Uma estrela solitária posava logo à direita dela.

— Você tem de fechar os olhos. Vou girar você três vezes, e então terá de fazer seu pedido, certo?

Os risos das crianças borbulharam em torno de Mon enquanto o mundo escurecia e girava.

O solo parecia subir e descer sob seus pés enquanto ela rodopiava.