📄VINNIE H
Alguns dias se passaram e o pai de Luna finalmente encontrou um emprego. Ele iria servir mesas em uma lanchonete e parecia satisfeito com isso. Ainda não poderia sair da casa de Luna, mas faria isso assim que tivesse acumulado uma boa quantia em dinheiro.
Luna e eu fomos comer lá um dia para ver como ele estava se saindo. Ela leu o cardápio para mim e só por piada eu pedi que ela repetisse a leitura algumas vezes. Mesmo respirando fundo e falando cada vez mais devagar, ela não demonstrou estar irritada e nem percebeu que eu estava apenas brincando, isso até eu começar a rir.
— Qual é o seu problema? — deu um tapinha em meu ombro.
— É incrível como é difícil você perder a paciência comigo.
— Não abuse. — riu. — Ei, uma curiosidade. Você se lembra de como são as letras?
— Vagamente.
— E as cores?
— Algumas mais do que outras. Eu sinto dificuldade em lembrar da diferença entre o azul e o verde, mas lembro muito bem do amarelo e do vermelho. Acho que as cores quentes são mais fáceis para mim.
— E o rosto das pessoas?
— Posso não lembrar com exatidão, mas tem detalhes específicos que ainda estão na minha memória.
— Isso te faz se sentir mal? Esquecer de como as pessoas se parecem?
— Acho que ninguém lida bem com isso. — sorri fraco. — Mas antes era bem mais difícil. O pior é querer saber como é uma pessoa que eu nunca vi. Como você. Eu nunca vi você.
— E se eu fizesse uma foto em auto relevo? Aquele museu faz isso, não é? Ajudaria?
— O auto relevo é mais uma sensação. Não dá para eu saber como você é apenas tocando em uma foto. É mais prático quando toco em seu rosto e ainda assim não é eficaz.
Any segurou minha mão e deitou a cabeça em meu ombro, finalizando o assunto. Encostei minha cabeça na dela e abri um pequeno sorriso. Eu não precisava vê-la para amá-la e isso fazia eu me conformar com a situação. Minha vida agora era aquela e eu já havia aceitado, acho até que não me acostumaria mais de outra forma.
Foi o pai de Luna quem anotou os nossos pedidos e os trouxe depois de prontos. Ele estava feliz e falou a todo momento que era bom fazer algo digno pela primeira vez na vida. Me aliviava saber que ele estava mudando e que Luna não teria que se preocupar.
Nos dias que se seguiram, eu esperei pela visita da minha mãe, mas já estava começando a achar que ela não viria. Porém, em uma tarde qualquer, enquanto eu ouvia música, alguém bateu em minha porta.
— Quem é? — perguntei antes de abrir, como fazia de costume.
— Sou eu, filho.
Era mesmo a voz dela.
Travei por alguns instantes com a mão sobre a maçaneta. Tudo bem, eu estava preparado. Respirei fundo e finalmente abri a porta. Antes de dizer qualquer coisa, minha mãe me deu um abraço apertado e um pouco aflito. Notei que seu cheiro ainda era o mesmo, algo como o aroma de Jasmin ao desabrochar durante a primavera.
— Ah, céus, eu estava tão preocupada! — ela disse com uma voz chorosa. — Você está bem? Que cicatriz é essa na sua testa!? — segurou meu rosto entre suas mãos.
— Não foi nada demais. — tirei as mãos dela do meu rosto. — Por favor, entre. — abri espaço para ela.
Nós dois entramos e eu ouvi os sapatos dela batendo contra o piso, aproximando-se e afastando-se, indo de um lado para o outro. Eu tinha certeza que ela estava analisando a minha casa.
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Your Skin ᵛᶦⁿⁿᶦᵉ ʰᵃᶜᵏᵉʳ
Fanfiction【 adp. 𝘃𝗶𝗻𝗻𝗶𝗲 𝗵𝗮𝗰𝗸𝗲𝗿. +🚪 】 Vizinhos são sempre inconvenientes e lidar com eles é uma tarefa impossível, então Luna Smith preferia apenas ignora-los. Essa regra muda completamente quando ela precisa reclamar do barulho que seu novo vizi...