5. Noite de estreia

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📄LUNA

A semana passou como um furacão e só porque tudo estava novo ao meu redor. Não era justo que os momentos felizes passassem mais depressa e que os mais tristes se arrastassem como lesmas, mas era assim que a vida funcionava por alguma razão. Se eu pudesse escolher os momentos que pausaria só pra aproveitar mais um pouco, diria que seriam os momentos com Vinnie. Eu não costumava gostar muito de ficar em casa antes, mas agora sempre que estou na rua me animo ao ter que voltar pra casa pois sei que posso vê-lo.

Revezávamos entre o meu apartamento é o dele, mais eu preferia estar em sua casa que ironicamente era bem mais organizada que a minha, mesmo ele sendo uma pessoa cega. Ouvíamos as minhas playlists e as dele e eu descobri que ele tem um excelente gosto musical. Ele também tentou me ensinar a jogar xadrez, mais eu não entendi bulhufas e só assisti enquanto ele me vencia em todas as partidas.

Depois de assinar oficialmente o meu contrato com a casa de shows Alpha Center, eu comecei os meus ensaios com a banda para a noite de sábado, que seria a minha grande estreia. Os ensaios aconteceram nas noites de quinta e sexta e eu cheguei tarde nos dois dias, perdendo o jantar com Vinnie.

Mesmo eu já tento oficialmente um emprego, tornamos essa refeição uma coisa nossa e eu tive que me desculpar pela minha ausência com uma mensagem de texto. Ele entendeu, disse que aproveitou pra fazer um e-mail como Josh e eu. Ele me enviou seu novo endereço e eu o enviei o meu. Talvez fosse útil um dia estivéssemos longe demais para mensagens de texto ou ligações, o que eu esperava que não acontecesse.

Tive que insistir muito para convencê-lo de ir ao Alpha na minha estreia. Ele repetiu varias vezes que não frequentava lugares assim desde que perdeu a visão e que isso poderia deixá-lo desconfortável mas eu me encarregaria que fosse ao contrário. Eu faria um pequeno show de trinta minutos e passaria o resto da noite grudada com ele. Confiando totalmente em mim, ele aceitou fazer aquilo.

Estava acabando de passar o gloss quando ouvi batidas na minha porta. Três batidas, uma pausa, duas batidas. Vinnie. Ele repetia esse estranho ritual sempre que vinha aqui, percebi após a terceira visita. Era seu jeito incomum de se identificar.

Quando abri a porta e me preparei para dizer um feliz e alto "olá" travei com a boca aberta ao ver que ele trazia um pequeno buquê de rosas vermelhas em mãos.

—Oi, Luna do 4A. Isto é para dar sorte na sua noite de estreia. — ofereceu-me as flores ao meu nariz e funguei talvez um habito humano, pois flores nunca tinham um cheiro bom de verdade.

— Vermelhas como sangue, do jeito que tem que ser. Eu só vou colocá-las em um vaso com água e a gente já pode ir.

Depois de fazer isso, tranquei a porta de casa, segurei a mão de Vinnie e nós começamos a descer as escadas. Notei que ele  começou a respirar mais fundo ao meu lado quase como se estivesse fungando

— Nariz entupindo? — perguntei em estranheza.

— Não. É você. —respirou fundo. —O seu cheiro

Levantei sutilmente o meu braço e cheirei a minha axila. Eu não estava fedendo.

— Eu juro que tomei banho. — garanti.

— Eu quis dizer que você está cheirando bem. — gargalhou

Chegamos ao térreo e paramos de frente um ao outro.

— Obrigada. — cheguei mais perto dele, apoiei minhas mãos em seus ombros e fiquei nas pontas dos pés, aproximando o meu rosto do meu pescoço dele.

— O que você... — a pergunta se desfez em seus lábios quando ele sentiu meu nariz tocar a sua pele.

Fechei meus olhos e inspirei fundo, soltando o ar pela boca em um suspiro. Ele tinha um cheiro maravilhoso, com certeza aquele perfume era bem caro.

Your Skin ᵛᶦⁿⁿᶦᵉ ʰᵃᶜᵏᵉʳOnde histórias criam vida. Descubra agora