9. Fardo

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📄 LUNA

Nessa de fato me deu um conselho bom sobre Vinnie. Ela disse ter notado o jeito diferente que eu tratava ele e que já era de se esperar que eu estivesse enlouquecendo com esses pensamentos. O que me desanimou foi o fato de ela dizer que não dava para saber se ele também se sentia assim porque ele era legal demais com todo mundo e talvez essa fosse a única coisa que ele estava fazendo comigo. Nessa então sugeriu que eu deixasse nas mãos do tempo. Se aquilo tivesse que acontecer, eu saberia.

Só não imaginei que tudo fosse acontecer tão cedo. Agora eu estava aqui prestes a beijar o homem por quem vinha tendo uma queda – ou um abismo – nos últimos dias.

Quando estávamos a poucos centímetros um do outro, eu fechei os meus olhos e apenas esperei. Os lábios dele tocaram os meus e aquele toque ficou estático por um tempo, até ele começar a mover-se timidamente, quase como se pedisse licença. Devolvi o beijo respeitando o ritmo em que ele queria ir, sutil e calmo, tão suave que se eu não estivesse com a minha boca contra a dele iria suspirar.

Vinnie me puxou para mais perto, me abraçando e aumentando a intensidade de seus movimentos, agora pedindo passagem para que sua língua conhecesse a minha. Era estranho, mas eu sentia como se aquilo fosse familiar, como se já tivéssemos feito antes.

De repente ele agarrou a minha cintura e me induziu a avançar sobre ele. Sentei em seu colo, enfiei uma das minhas mãos em seu cabelo e aprofundei minha boca na sua, mostrando o quanto estava sedenta e o quanto o desejava. Aqueles lábios eram o meu lugar e eu fazia questão de marcar território, fazendo o meu melhor para deixar aquele beijo marcante a ponto de nenhum outro se igualar. Eu queria que ele me quisesse e, da forma como me agarrava desesperadamente em seus braços, eu tinha certeza que ele queria.

Vinnie me segurou e com cuidado me deitou sobre o tapete, ficando por cima de mim conseguindo não parar o beijo. Ambos estávamos claramente com muita vontade de ter mais um do outro.

Quando ele afastou sua boca da minha, achei que havia sido apenas para recuperar o fôlego perdido, porém sua expressão me indicou uma coisa ruim. Ele estava com a testa levemente franzida, um sinal de preocupação.

— Por que parou? — perguntei.

Ele suspirou, saiu de cima de mim e tornou a se sentar, encostando-se contra o sofá.

— Vinnie, o que houve? — quem estava ficando preocupada era eu.

Toquei seu cabelo, mas ele tirou a minha mão de lá e a segurou entre as suas.

— Luna, eu preciso te contar uma coisa.

— Estou ouvindo. — o olhei com atenção.

— Quando a gente voltou pra casa depois da sua noite de estreia, eu te deixei na sua casa, mas antes de eu sair, você... — tomou fôlego. — Você me beijou.

— Eu o que? — arregalei os olhos.

— Pois é... — riu fraco. — Aquilo foi o começo de uma epifania, mas logo eu tratei de tirar qualquer ideia maluca da minha cabeça. Mas aí houve o lago e a epifania voltou com tudo. Eu sinto isso, Luna. Sinto que temos uma conexão.

— Eu também sinto isso. — sorri. — Ainda não entendi qual o problema.

— Eu sou um problema ambulante. Achei que pudesse dar conta de qualquer coisa que fosse acontecer entre nós. Eu queria tanto isso que não parei pra pensar no que eu posso fazer com a sua vida.

— Bom, você pode torná-la melhor.

— Luna, não é bem assim. — ele acariciava a minha mão a todo instante. — Sei que você quer bem mais do que viver nesse prédio e cantar algumas noites por semana em um barzinho. Você vai desbravar o mundo, eu sei disso. A última coisa de que você precisa é de uma limitação. Da minha limitação.

Your Skin ᵛᶦⁿⁿᶦᵉ ʰᵃᶜᵏᵉʳOnde histórias criam vida. Descubra agora