35. Não posso fugir

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📄VINNIE H

Não contei para a Luna que estava indo até Los Angeles naquele final de semana. Havia chegado a hora de colocar as cartas na mesa e terminar o jogo. Quando Ben me enviou o convite da confraternização e eu vi que a cantora da noite seria ela, vi uma chance de dar um fim nas minhas mentiras e principalmente nas dela. É claro que eu não a colocaria contra a parede. Luna teria a chance de me dizer tudo por conta própria e eu garantiria que ela tivesse abertura para fazer isso.

Cheguei ao evento com uma hora de atraso propositalmente. A banda já estaria tocando, ela estaria cantando. Assim que entrei no local do evento, meus ouvidos foram agraciados pela voz de que tanto sentia falta. Fechei os meus olhos e respirei fundo, absorvendo a música e voltando à uma época onde eu só podia imaginar como ela se parecia baseando-me em sua voz.

A canção era um jazz suave. Uma música antiga com uma harmonia modernizada pela banda e com Luna inovando nas notas, alcançando-as de um jeito que deixava a sua assinatura. Era incrível o quanto ela era talentosa.

Comecei a caminhar por entre as pessoas, pretendendo me aproximar do palco. Parei não muito longe, mas também não tão perto. Ela estava linda naquele vestido azul. Seu cabelo era magnífico e ela parecia reluzir naquele palco, como se cantar a deixasse mais bela. E, de fato, deixava. Dava para ver de longe a felicidade emanando de seu rosto cada vez que ela abria a boca. Tinha tanta paixão ali que qualquer um que a assistisse sentiria.

Luna segurou o microfone suavemente e fechou os olhos ao fazer uma nota mais alta. Em seguida, tornou a abri-los e com um sorriso fraco, continuou a cantar e começou a olhar o ambiente até que finalmente me encontrou no meio daquelas pessoas.

De forma instantânea ela parou de cantar e seu sorriso foi morrendo, dando lugar à uma expressão espantada e estática. Seus olhos se encheram de lágrimas, mas elas não caíram até então. Já eu me mantive com o semblante neutro, minhas mãos em meus bolsos e o rosto bem sério.

O baking vocal da banda tentou contornar a situação e cantou no lugar dela por um tempo, até ela se dar conta de que tinha que continuar. Luna piscou algumas vezes, engoliu em seco e retomou o seu papel na música tentando disfarçar que estava nervosa. Quando a canção acabou, ela cochichou algo para o backing vocal e ele concordou com a cabeça. Em seguida Luna saiu do palco e a banda começou outra música sem ela.

Ela caminhou apressada na minha direção com o olhar aflito e recomeçando a encher de lágrimas. Eu continuei neutro e apenas dei as costas, começando a andar sabendo que ela estaria me seguindo. Saí para uma das varandas onde não havia ninguém para ouvir nossa conversa. Continuei de costas e ouvi o bater de sapatos dela se aproximando até parar logo atrás de mim.

— Vinnie. — chamou-me.

— Luna.

— Ei... — chegou mais perto e tocou o meu ombro. — Por favor, olha pra mim. — sua voz embargou.

Devagar, eu me virei de frente para ela.

— Olhar para você é a coisa que eu mais queria fazer. — era para a frase ser bela, mas meu tom triste não ajudou a causar esse efeito. — Por que parece tão difícil agora?

— Eu sinto muito... — arfou após a primeira lágrima rolar por seu rosto.

— Por que, Luna? Por que mentiu?

— Eu vou te contar tudo. Eu tomei a decisão de te dizer toda a verdade ainda hoje. Não sabia que você estava na cidade, então iria fazer por ligação.

Bom, isso era aliviador. Era um sinal de que ela queria tentar resolver as coisas.

— Eu estou aqui agora. Me conte. — pedi.

Your Skin ᵛᶦⁿⁿᶦᵉ ʰᵃᶜᵏᵉʳOnde histórias criam vida. Descubra agora