O vidro detentor

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Em um breve momento, o silêncio torna-se ensurdecedor, enquanto aquele chiado insiste a perdurar.

Está frio lá fora, um vento leve, as árvores balançam e por trás do vidro a cidade tão movimentada se torna silenciosa e reprimida.

Posso ouvir as batidas do meu coração e elas dizem, continue, custe o que custar, não se preocupe em olhar pra trás tudo aquilo foi um breve pesadelo, agora é o momento de pintar novos horizontes.

Uma das armadilhas do amor começa dentro de nós, nos tornamos nossos próprios acusadores, quando deveríamos ser apenas honestos.

Sabe, esse relato feito ao começo me lembra a mim mesma, pareço tranquila, pacífica e adormecente, porém atrás do vidro há muita inquietude, protestos e  garoas aleatórias como na terra paulista, vislumbre o lustroso sol, mal sabemos que daqui cinco minutos haverá uma garoa fraca no entanto persistente.

Talvez lembranças sejam como a garoa incessante, que parece não ser relevante, no entanto aos poucos enche a represa que há  dentro de nós, e do nada...

A última gota cai, e de repente, sentimos uma enxurrada de sentimentos, choro contínuo, e o vidro continua intacto, apresentável, silencioso e discretamente turbulento.

A armadilha do  vidro detentor e seu silêncio.


Nos acostumamos tanto a engolir o choro, que esquecemos como chorar, ou o quanto isso faz bem.

Deixe que façam tempestade em copo d'água, mas nunca permita que façam tempestade dentro de você, e pior que sofra sozinha com as consequências.

"Pessoas causam tempestades, tempestades causam inundações, e inundação resulta em destruição"

Permita essa tempestade transcorrer pequena garota trovão...

Armadilha do amorOnde histórias criam vida. Descubra agora