CAPÍTULO 23

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Precisei desligar meu celular porque não aguentava mais ignorar as mensagens e ligações de Natalie e Bruno.

Antes, porém, mandei uma mensagem para Júlia vir até minha casa. Agora estamos no meu sofá comendo jujubas e assistindo série.

"Sabe" - Ela começa, de repente - "Vai ter uma festa hoje a noite, acho que você deveria aparecer lá"

"De quem?"- Pergunto, interessada na proposta.

"Não faço a menor ideia" - Ela fala de boca cheia - "Mas posso te passar a localização"

Ela pega o celular e envia para o meu número.

"Meu celular parou de funcionar" - Digo, dando desculpa - "Você se importa se formos juntas?"

"Lógico que não"

Sorrimos uma para a outra e voltamos a olhar para a tela.

Júlia é uma menina compreensiva. Ela sabe claramente que tem alguma coisa errada mas não pergunta nada porque não quer me pressionar, sabendo que contarei quando me sentir confortável. Ela é o tipo de amiga tranquila que não bagunça as coisas na nossa vida e faz companhia quando necessário. Não se intromete, não faz muitas perguntas, não dá muita opinião... mas sempre se certifica em fazer o outro ficar melhor.

E isso ela sabe fazer muito bem.

.

Viemos para a casa de Júlia nos arrumar, já que ainda não tenho muitas roupas nem maquiagens para festas.

Estou usando um vestido curto vermelho acetinado, e ela ainda me fez colocar um salto alto brilhante. O babyliss está impecável no cabelo, e a maquiagem me agradou bastante.

Já ela está com uma mini saia de cetim e um top rendado, usando salto alto, o cabelo chapado e a maquiagem pesada. Uma princesa.

Chegamos à festa e a casa - de seja lá quem for o dono - é grande o suficiente para armazenar facilmente as 100 pessoas que estão no ambiente nesse momento.

Aqui tem de tudo: bêbados, sóbrios, pessoas fumando e virando shots, jogando beer pong e verdade ou desafio, pulando na piscina, se pegando. Um verdadeiro caos.

Me sinto um pouco deslocada no começo pois Júlia conhece a maioria do povo e eu nem faço ideia de quem são essas pessoas. Mas logo me solto após a tequila que estamos virando aos poucos.

Até que ela me arrasta para o verdade ou desafio, já que o menino que ela tá afim está lá. Nos sentamos no sofá em volta da mesa de centro.

O jogo vai rolando com vários beijos e body shots. Até que a garrafa para em mim.

"Verdade ou desafio?" - Um menino me pergunta.

"Desafio" - Me sinto ousada o suficiente para escolher, já que não quero falar sobre minha vida hoje.

"Te desafio a dar um body shot na Shay"

Shay é a morena iluminada alta do outro lado da mesa. Ela é bem gostosa e usa um decote que realça seus peitos. Já até imagino onde será o shot.

Caminho confiante até ela enquanto o menino que me desafiou pega a vodka. Eu já havia tomado tequila o suficiente para não pensar no que estava fazendo. Ela está sentada então apoio as mãos em suas coxas. E então, ele começa a derramar a vodka no colo da menina e eu lambo todo o líquido ardente pelo corpo de Shay. A bebida desce para o meio de seus seios e eu sigo lambendo tudo. A respiração dela sobe e desce rapidamente até que subo até seu pescoço, mordisco sua orelha e arrasto levemente minha boca sobre a sua. Shay agarra meus cabelos e me puxa para si quando faço menção de me afastar. Minha língua entra em sua boca sem nenhuma delicadeza e o público vibra em volta de nós. Me afasto após alguns segundos e volto a me sentar.

"Gostei dessa garota" - O menino que me desafiou fala para a Júlia.

"Ela é a melhor" - Ela sorri.

Mais algumas rodadas são jogadas e eu já tomei 4 shots e beijei 3 bocas - 1 mulher e 2 homens. Não foi ruim e acho até que gostei da experiência. Mas só é legal pela resenha, porque é completamente sem graça enfiar a língua na boca de uma pessoa qualquer por aí.

Quando julgo que o jogo já deu pra mim, me levanto para ir ao banheiro mas quando estou prestes a trancar a porta, Shay entra comigo.

A olho um pouco surpresa e já sei o que está por vir quando viro a chave para trancar o ambiente e apago a luz.

Na minha mente, imagino os cabelos ruivos e as sardinhas no rosto da menina. E então, a grudo na parede e a beijo sem nenhum cuidado. Passo a língua sobre a sua, agarro seus cabelos, beijo seu pescoço, aperto seus peitos e sua cintura, desço com a boca para seus seios e lambo seu colo que ainda está cheirando álcool. Ela geme e levanta uma perna para que eu entre dentro dela.

Mas, no momento que volto à sua boca e não sinto o gosto de cereja em seus lábios, imediatamente me arrependo de tudo isso e interrompo o beijo bruscamente. Saio do banheiro rápido e vou para fora da casa.

Minha cabeça gira e lágrimas escorrem de meus olhos enquanto o vento frio rasga meu rosto andando pela rua.

"Natalie!" - Júlia grita da porta da casa - "Espera!" - Ela apoia as mãos em seus joelhos, descansando após ter corrido até lá.

Em seguida, ela corre até mim e me abraça. Choro em seus braços.

"Eu não deveria ter vindo"

Júlia acaricia meus cabelos.

Todos os sentimentos estão misturados dentro de meu coração. Sinto que traí Ana e preciso me desculpar imediatamente.

"Preciso ver Ana Beatriz" - Digo.

Júlia se solta do abraço e me encara séria.

"Nesse estado?"

Mas ela não pode falar muita coisa pois está na mesma situação que eu. Assinto com a cabeça.

"Então tá. Vamos"

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