CAPÍTULO 36

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É a segunda noite que meu pai aparece em casa. Eu achei que ele viria só uma vez, mas pelo visto estava errada. E pelo visto também ele e minha mãe se entenderam, pois ela preparou um jantar especialmente para ele vir aqui hoje.

"Então" - Minha mãe começa, após todos estarem sentados na mesa se servindo - "James, até quando você vai ficar na cidade?"

"Bom, eu vim por tempo indeterminado, mas acredito que duas a três semanas" - Meu pai diz.

"O que você vai ficar fazendo aqui todo esse tempo?" - Pergunto.

"Vindo visitar vocês" - Ele sorri.

Franzo levemente as sobrancelhas. Isso tudo é muito estranho.

"Você está ficando em hotel?" - Minha mãe pergunta.

Ele assente.

"Bom, tem um quarto de hóspedes aqui em casa, se precisar" - Ela diz.

Olho-a como se fosse louca. Ela pirou?

"Sério? Seria ótimo" - Meu pai responde.

"Eu acho que precisamos falar em particular antes" - Digo, encarando minha mãe.

"Sem problemas. Eu não quero atrapalhar em nada, então se for melhor, eu posso ficar no hotel mesmo" - Ele fala.

Assinto.

"Por hoje, acho melhor" - Digo.

Continuamos comendo e conversando, e tudo fica dentro do normal de novo, sem nenhuma oferta maluca da minha mãe.

Foi uma noite muito agradável, por incrível que pareça. Se meus pais se dessem tão bem assim quando eu era menor, seríamos uma família feliz.

Após meu pai ir embora, ajudo minha mãe a recolher a mesa e decido abordá-la de uma forma tranquila, já que nossa relação está boa o bastante para eu não querer estragar as coisas.

"Você acha mesmo que seria uma boa ideia deixá-lo ficar no quarto de hóspedes?" - Pergunto, enquanto lavamos a louça.

"Ah, acho que não seria nada demais, já que ele veio para cá apenas pra isso"

"Mas, não sei, você não acha um pouco estranho essa história toda? Tipo, por que ele quis vir nos ver do nada? Como ele sabia que estávamos morando aqui?"

"Filha, seu pai tem uma empresa enorme que aborda funcionários de várias cidades. Muita gente ofereceria loucuras para trabalhar lá. Com certeza ele fez uma busca para saber sobre nós lá dentro mesmo" - Ela diz enquanto esfrega um prato - "E, olha, nós nunca ficamos tanto tempo separados assim, então provavelmente ele só deve estar com saudades mesmo, nada demais. Mas concordo que é um pouco estranho"

Assinto.

"E sobre o quarto... Você deveria deixar para oferecê-lo depois de conversar comigo, já que moro aqui também e tenho o direito de dar minha opinião sobre quem fica na casa" - Digo, tranquilamente.

"Certo, concordo. Me desculpa"

"Tudo bem"

Ficamos quietas por alguns segundos.

"E qual é sua opinião sobre?" - Ela pergunta.

"Bom, desde que não role NADA entre vocês dois... por mim, tudo bem"

Ela se vira para me encarar.

"Você tá doida, é? Nunca!" - Ela passa espuma no meu nariz.

"Ei!" - Grito e jogo água nela.

Brincamos por alguns minutos até nossas roupas estarem completamente molhadas. Acabamos de lavar a louça rapidamente e aviso que vou tomar banho.

"Tá certo, vou depois de você" - Ela diz e me viro para sair da cozinha - "Natalie?" - Ela me chama e volto a olhá-la - "Que bom que estamos bem" - Ela sorri.

Sorrio também e subo as escadas.

Saio do banho e me deito de toalha na cama, pegando o celular. Mas não se passam nem 5 minutos até alguma coisa bater em minha janela.

A primeira e a segunda vez, imaginei estar ouvindo coisas. Mas quando ouço a terceira, me levanto para olhar. Abro a janela e uma pedra voa para dentro do meu quarto, quase batendo em meu rosto.

"Ei!" - Olho para baixo e vejo Ana, com mais uma pedra na mão - "Se você tacar isso de novo, eu juro que vou jogar de volta em você"

"Finalmente. Achei que você estava surda"

"O que você tá fazendo aqui?" - Pergunto, já sorrindo - "Ficou doida?"

"Deu saudades. Eu acostumei a passar a noite vendo filme com você até pegar no sono"

Rio e ajudo ela a subir pela parede até alcançar minha janela. Ela pula o parapeito e entra em meu quarto.

"Acho melhor você colocar uma roupa, se não eu vou te agarrar de toalha mesmo" - Ana diz.

Vou até o armário e coloco meu shorts e top de pijama. Nos deitamos na cama.

"Meu pai veio em casa hoje de novo" - Conto.

"E como foi?"

Falo tudo para ela e conversamos até pegarmos no sono.

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