— Meu quarto? — olhou para os lados procurando por suas coisas, com o coração acelerado e um leve aperto no peito desejou que isso fosse apenas um sonho.Kim não poderia ter voltado em um momento como esse, como ele pôde deixar Porschay depois de ter dito tanta besteira na noite anterior?
— Não... Não pode ser... — Sentou na cama desesperado. Sentiu uma dor na cabeça tão intensa ao ponto de o deixar com náuseas, respirando fundo tentou focar a visão em algo que o deixasse mais calmo.
Quando percebeu as fotos, as benditas fotos coladas por toda parede.
Ele realmente tinha voltado para casa, estava de volta a casa do outro Kim.
Sua mente começou ficar mais clara quando teve flashbacks do que ocorreu depois da discussão com o Porschay. Ele saiu do apartamento atordoado e com a consciência pesada, sentiu saudades das passadas de pano que a mãe lhe dava.
"E daí que você traiu ele? Ele mereceu por ser tão tapado" ela disse, em uma das muitas vezes que o filho fez merda.
Kim queria colo e depois uns puxões de orelha, com isso em mente correu para a casa que ao mesmo tempo em que era tão igual, podia ser bem diferente.
Estava muito tarde quando ele apertou a campainha. A senhora Theerapanyakul abriu a porta depois de uns dois minutos, meio grogue de sono, com uma máscara de argila verde ressecada no rosto. Ela estava meio brava por ter sido acordada, mas ao ver o filho e o estado em que ele se encontrava, ela abraçou o filhote e o puxou para dentro.
O outro Kim nunca tinha sido um delinquente e também nunca chegou de madrugada na casa dos pais depois de fazer merda, então ela não sabia exatamente o que fazer, eles sentaram no sofá com a senhora Theerapanyakul fazendo um cafuné no filho perguntando o que tinha acontecido, mas ele não conseguiu falar.
O que ele iria dizer para ela?
Se contasse tudo que queria seria chamado de louco e depois ela iria bater nele com uma colher de pau por ter machucado o coração de Porschay, era melhor ficar quieto por enquanto.
Kim pegou no sono ali mesmo nos braços confortáveis da mãe e acordou na cama.
Depois de lembrar tudo ele levantou e caminhou lentamente até as fotos. Ver Porschay sorrindo tão feliz naquelas fotos o deixava com um gosto amargo na boca e o aperto no peito se intensificava.
Estava acostumado a ser babaca com os outros, falar besteira, machucar os sentimentos das pessoas e não fazia questão de se importar o suficiente em como elas se sentiriam, parando para pensar agora, Kim nunca viu as pessoas do mundo dele como "pessoas"... É complicado de explicar, nem o próprio Kim sabia muito bem o que sentia, ele só não ligava muito para aquela gente; era como se elas fizessem parte de um sonho muito louco e logo fossem desaparecer.
Algo momentâneo, descartável, de mentira.
— Acordou filho? — A voz grossa do senhor Theerapanyakul despertou Kim dos pensamentos esquisitos que estavam rondando sua cabeça já meio fritada. — Está tudo bem? — Ele estava preocupado, sabia que tinha algo de errado com o filho, assim como Kim sabia que aquele homem não era o imbecil que ele uma vez chamou de pai no outro mundo, mas, sim, um outro homem que parecia ser uma boa pessoa. Kim não conseguia separar um do outro então era difícil segurar a cara de desgosto que fez quando o homem entrou no quarto preocupado com o filho. — Han?
Por que isso parecia tão familiar?
Kim tinha memórias do pai o chamando de Han até uma certa idade, mas o pailhaço tinha parado do nada e nunca mais o chamou assim, parecendo ter se tornado uma pessoa totalmente diferente do dia para a noite.
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O outro Universo
Fiksi PenggemarKim Theerapanyakul é um maconheiro safado que durante uma bad trip acaba quase morrendo e de alguma forma vai parar em outro universo, lá ele encontra Porschay um garoto esquisito que diz ser casado com ele.