Chapter II

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Os flocos gelados se intensificaram a cada momento em que aproximavam-se do Reino de Gelo, os campos verdes foram substituídos por neve e as montanhas cobertas por florestas transformaram-se em picos altos de neblina. Pinheiros preenchem boa parte da paisagem e os ventos gélidos já causavam tremores sucintos no pobre camponês. Aquilo era tão diferente do seu lar, de sua casa; dado que, o sol estava fora de vista, o calor irradiante da fogueira era carecido e não existia sequer um campo de flores.

Tudo que o loiro avistava da pequena janela de sua carruagem era o arvoredo de pinheiros e arbustos cobertos pelos lençóis brancos.

"A partir de hoje, terei você como minha noiva"

A voz rouca o assombrava, juntamente a tais palavras absurdas. BlackLeg era somente um miserável aldeão do vasto Reino do Fogo, que sofria com as atitudes impensadas de seu Rei. Não tinha riquezas, terrenos ou um lugar ao trono para oferecer em uma união. Seu casebre, agora estava destruído e certamente não pertencia a uma linhagem real; tudo que lhe restava era um matrimônio com o ser mais temido por todos os sete reinos.

Com postura destituída de misericórdia, ar de soberania e forte poderes entre seus dedos; Roronoa Zoro, o sucessor com somente doze anos derrotou seu pai e antigo rei — MIhawk — e que matou sua família em prol de roubar o império. Desde então, o seu reinado tornou-se amedrontador, cujo qual, os povos tinham medo de sua Majestade e sabiam que não haveria piedade vinda do sujeito. Sangue mancha seu trono e a paz esvaiu-se em questão de segundos; agora, sendo movido pela ganância, o Rei do Gelo almejava ter todos os reinos sendo controlados por si e estava disposto a fazer o que for, para conquistá-los.

E Sanji realmente não compreendia o porquê de uma figura tão amedrontadora não ter o matado, tampouco fazia ideia de ter sido escolhido, em vista de que, o Rei do Fogo tinha sucessores, não somente isso, mas duques, princesas e plebeias muito mais atraentes do que um simples camponês. O loiro engoliu em seco, com o nariz rosado pelo frio que abordava seu corpo magro, abraçando-se numa tentativa de se esquentar. Céus, ele não sabia o que podia o aguardar, estava destinado a se sujeitar a um homem com o coração tão impuro e doentio; a troco de nada.

Suas orbes avistaram ao longe muralhas fortificadas, com centenas de guardas em prontidão e a carruagem passou pela ponte congelada, onde o mar escuro seguia um ritmo calmo. BlackLeg não fazia ideia de quantos dias demoraram para chegar, haviam parado somente uma vez ao longo do caminho e não lhe permitiram descer, somente lhe deram frutas para não morrer de fome. Contudo, não havia escutado uma vez sequer a voz dele. Somente de lembrar-se do som rouco, seus pelos da nuca arrepiaram-se.

Ele certamente jamais seria capaz de amar o Rei do Gelo.

O coração quase rasgava seu peito, ansioso, estava prestes a apoiar as mãos na janela da carruagem para visualizar mais de perto, todavia, seus dedos esbranquiçados queimaram pelo contato rápido com a algidez. Os gigantescos portões abriram-se e seus olhos arregalaram-se, o vilarejo era vasto, com diversos moradores correndo de um lado para o outro, obviamente reconhecendo aquelas carruagens. As casas medievais seguiam com os tons de madeira, no entanto, as bandeirolas que estavam penduradas por toda a parte eram azuis; quase como se... Estivessem comemorando algo. Neve cobria boa parte dos pedregulhos e assoalhos, crianças corriam jogando bolas de neve umas nas outras e os burgueses vendiam jóias, peixes e até mesmo ferramentas. Aquele lugar, era totalmente diferente de seu Reino, cujas ruas eram cheias de pessoas pedindo esmolas ou um pedaço de pão; seu povo, estava na miséria, ao contrário daquele lugar.

Aos poucos, alcançaram a parte mais nobre da cidade, onde as mulheres com seus longos vestidos brancos andavam com a face erguida e os duques observavam-o de soslaio. Logo, os olhos cristalinos observaram o descomunal castelo, que alcançaram as mais altas nuvens e era tão grande que não cabia em seu campo de visão. Mais uma vez, portões, dessa vez menores, se abriram e lágrimas picaram ainda mais os cantos de seus olhos. Aquilo, não podia passar de um pesadelo.

Eu Pertenço Ao ReiOnde histórias criam vida. Descubra agora