Chapter VI

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O camponês sentia-se aprisionado por uma sensação de déjà vu, segurando a jarra de azeite nas mãos enquanto permanecia diante dos aposentos do Rei. Seu coração não encontrava sossego, e ele se questionava novamente sobre o propósito daquele azeite. Engolindo em seco, sentia as delicadas mãos de Nami ajustando seus longos cabelos, sabendo que, como sempre, sua língua não ficaria em silêncio por muito tempo.

— Para que será utilizado este azeite? — perguntou, curiosamente, mal percebendo as bochechas da ruiva tingindo-se de vermelho. Seus olhos azulados vaguearam pelos amplos corredores, notando diversos guardas posicionados. Desde sua tentativa frustrada de fuga, o Rei se certificou de cercar todo o grande palácio campestre com seus servos, mantendo um olho constante no loiro, mesmo à distância. Era irônico, pois o próprio Rei lhe oferecera a escolha de partir ou permanecer, e Sanji se perguntava se iria se arrepender mais tarde.

— Para a cerimônia de consumação, Alteza — respondeu Nami, preparando-se para bater na imponente porta adornada com o ouro mais puro do Reino da Terra. No entanto, Sanji interrompeu-a com suas persistentes dúvidas.

— Ah, então, eu terei que derramá-lo sobre o corpo do Rei? — perguntou, arqueando a sobrancelha, enquanto tentava compreender a finalidade do líquido claro. — Ou será sobre o meu próprio corpo? E por que sempre tenho que carregar isso quando entro no quarto dele?

— Se o Rei o convidou para seus aposentos reais, significa que vocês irão, bem, você sabe — ela respondeu, entre tosses, tímida diante de tais perguntas tão explícitas.

— Então a cerimônia de consumação não acontece apenas uma vez? — perguntou, ansioso, imaginando várias possíveis dores que poderia sentir, sem entender completamente como a consumação funcionava. Ingenuamente, pensou que o ato aconteceria apenas uma vez. Essa revelação o abalou, mas Sanji era mestre em esconder seu orgulho ferido. — Parece que as coisas não podem piorar. — Resmungou, apertando a alça de sua jarra de porcelana. O loiro estava prestes a fazer mais perguntas sobre o assunto desconhecido, mas a serva foi rápida em bater na porta e se afastar, indicando que a conversa deveria acabar.

Com medo, seu coração batia tão forte que chegava a doer, e suas unhas compridas, por falta de corte, tamborilavam no frágil recipiente cheio de azeite. Ao ouvir uma resposta afirmativa vindo de dentro do quarto, Nami abriu a porta, empurrando levemente Sanji, que sequer tinha se movido.

Ele estava determinado a restaurar a imagem que o reino agora tinha deles. Portanto, sabia que precisava realizar a cerimônia de consumação de uma vez por todas, mesmo que estivesse apreensivo. A porta se fechou, e os olhos azulados tiveram que se ajustar ao quarto mal iluminado. Na primeira vez que esteve ali, estava tão nervoso que não havia percebido o quão grande o quarto era e nem os móveis que o preenchiam. À esquerda, um grande guarda-roupa ao lado de uma lareira, no centro, uma cama espaçosa perfeitamente arrumada, e, à direita, ele.

Sentado em uma poltrona, pernas abertas e tronco recostado, usando um curioso óculos no nariz. Uma mão segurava um livro de capa dura, enquanto a outra segurava uma taça de vinho. Vestindo apenas seu manto e com a coroa sobre a mesa de centro, Roronoa Zoro sequer ergueu os olhos, demonstrando pouco interesse no pobre camponês, que temia que a jarra escorregasse de suas mãos suadas.

Sanji não pôde deixar de se surpreender ao ver o Rei fazendo algo que não envolvesse estar de cara fechada, e ainda mais, lendo um livro. Era evidente que o homem estava ciente de sua presença, mas deliberadamente evitava até mesmo um olhar rápido em sua direção. O loiro não sabia se deveria se sentir grato ou irritado.

Era evidente que o homem estava ciente de sua presença, mas optou por ignorá-lo completamente. Sanji estava dividido entre a gratidão e a irritação.

Eu Pertenço Ao ReiOnde histórias criam vida. Descubra agora