Era domingo de céu nublado em Morro de Santa Marta, choveu a tarde toda. Agora estava calor e os primeiros blocos já estavam nas ruas. Quase todos os foliões ainda repousavam nós hotéis, se recuperando para mais tarde.
Os amigos Ana, João, Pedro e Sara estavam para sair levados pelo som dos fogos. Da sacada da pousada viram um céu colorido com luzes explodindo entre as nuvens.
Cada nova explosão uma cor bombardeava uma nuvem e lentamente a tomava por completo. E era assim até que outra viesse e a renovasse. Cada uma delas era acesa com uma cor diferente, uma tonalidade totalmente contrária as suas vizinhas. Era uma beleza inédita e por isso parecia selvagem.
Os amigos eram acostumados a irem juntos para festas e shows. Já tinham viajado atrás de eventos como esse por todo país e no exterior. Por isso eles podiam dizer que em nenhum lugar presenciaram algo como aquilo.
Ana e João gritavam para o povo na rua que parecia atônito observando o céu. Uns maravilhados e outros com cara de assustados. Pelo jeito eles também nunca visto nada igual no município de Santo do Monte, no meio da Serra Cortada. Uma menininha perguntou ao seu pai se o arco íris tinha vazado.
Nenhuma música nas ruas, nenhum apito, nenhuma chamada nos alto-falantes dos postes da cidade.
No momento seguinte o padrão nas nuvens é mudado e as cores não eclodiram de nuvem para nuvem, mas sim transitável de uma para outra deixando pequenos rastros. Havia um padrão. Os sons já não eram como fogos de artifício e sim como rugido e não parecia mais como algo tão festivo. Já começava a ter alguma tensão. Mas ainda era como se esperassem por algo que viria a seguir no show preparado pela prefeitura.
O rugido muda para algo constante como um zumbido, parecia quase uma sirene.
Agora era possível ver luzes redondas e difusas ao fundo voando de um lado para o outro, uns contavam quatro delas, outras pessoas diziam cinco e tem quem jure que eram seis. Umas estavam em perseguição e outras faziam seu movimento invariável alheio às outras.
Um homem ainda chegou a dizer que o prefeito tinha dinheiro para isso, mas não tinha para um ônibus, um hospital nessa cidade.
Logo em seguida toda suspeita sobre a responsabilidade do prefeito sobre o evento caiu por terra. Uma das luzes desceu das nuvens e puderam ter um vislumbre do que de fato fazia o céu colorir e logo em seguida voltou.
- Sara! Gritou Ana. Corre vê! Meu Deus Jão, o que era aquilo?
- Que foi mulher? Gritou Sara saindo. Que você tá gritando igual louca? Não pode mais nem namorar em paz!
- Você perdeu. Respondeu Ana. Tem uma coisa no céu...
- Eu tô ouvindo vocês gritarem, não são os fogos?
- Você já viu fogos no Carnaval? Então? É outra coisa, acabou de baixar ali. Fica olhando que uma ora acontece de novo.
Eles esperaram um pouco e nada.
- É bonito. Disse Sara, mas é coisa do povo daqui.
- Né não, olha a cara deles de assustados lá embaixo. Respondeu Ana.
- Ah, eu vou voltar, só me chama se alguém morrer, meu nego tá me esperando na cama.
Nesse momento aconteceu de novo, era uma grande bola púrpura que desceu por um momento, se fez vagarosa e era enorme, maior que a primeira.
- Minha nossa senhora! Gritou Sara, Pedro! Vem aqui, vem aqui ver! Meu Deus amiga, o que era aquilo?
- A gente não sabe.
Alguém lá embaixo deu uma resposta:
- Valei-me minha Nossa Senhora mãe de Deus! É o fim do mundo!
E todos gritaram. Uns correram e outros dobraram os joelhos para rezar. Foi uma algazarra.
- Que foi? Que esse povo tá todo gritando? Já saiu o bloco da noite? Disse Pedro saindo sonolento na sacada.
Uma bola amarela do tamanho de um balão levantou-se por detrás do hotel logo em frente deles. E as luzes da cidade se apagaram.
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A Noite que olhamos para o céu
Misterio / SuspensoNos últimos dias uma região formada por pequenas cidades tem comentado e registrado o aparecimento de luzes misteriosas no céu. Mudando de cores e se movendo rápido de um lado para o outro, as luzes assustam e encantam pessoas, que têm montado verda...