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𝙏𝙊𝙈 𝙆𝘼𝙐𝙇𝙄𝙏𝙕

Encarei Sabine adentrando o carro de corrida enquanto os seguranças se mantinham no portão da frente. Os óculos escuros cobriam pouco o seu rosto, mas ela pensa que ninguém conseguirá reconhecê-la por causa do acessório. Talvez, eu deva mudar a minha opinião sobre sua inteligência, que parece ser mais limitada do que aparenta não ser.

Na partida anterior, Sabine que tinha sido a motorista, mostrando-me toda a sua habilidade no volante e sobre o seu estranho vício de dar drifts desnecessários na pista. Contudo, foi bom vê-la se divertindo, ainda mais dentro de um carro, confiando-se apenas em si mesma e quem estivesse do seu lado para ajudá-la, que no caso, seria eu.

Entro no outro veículo alugado minutos atrás quando chegamos, ele está posicionado bem ao lado do carro de Sabine. Olho de relance para seu rosto que queimava de determinação e nossos olhares se cruzam, fazendo-me perceber que não será uma tarefa tão fácil quanto pensei.

Piso no acelerador assim que o juiz libera a pista para nós.

Os motores rugem enquanto aceleram para acompanhar Sabine na largada. A pista estende-se diante de nós, desafiadora e cheia de curvas. Sabine, habilidosa, inicia com um arranque impressionante, desaparecendo na frente, deixando apenas as marcas dos pneus como resquício de que sua presença esteve ali.

Cada manobra é uma dança arriscada entre a velocidade e o controle. Sabine domina as curvas, seus drifts precisos desafiando a física e que deixavam-me levemente preocupado, mas ao mesmo tempo, alimentava um sentimento de competitividade que não imaginava que existia dentro de mim.

— ESTÁ MELHOR MESMO, SABINE! — Gritei, colocando minha cabeça para fora da janela, observando melhor o sorriso ladino na expressão da menina — NEM PARECE A MEDROSA DE ANTES — Provoquei, voltando-me ao meu assento.

— VOCÊ DEVERIA PRESTAR ATENÇÃO NA PISTA, KAULITZ! — Pelo espelho do retrovisor, vejo sua expressão concentrada contrastando com a confiança que emana — MAS FICAR ATRÁS SEMPRE FOI DO SEU FEITIO.

A rivalidade se torna palpável enquanto buscamos ultrapassagens estratégicas.

A adrenalina pulsa à medida que nos aproximamos da linha de chegada. Sabine mantém a dianteira, mas não desisto. A reta final se transforma em um duelo de potência e estratégia. O coração acelerado, cada movimento no volante é crucial.

No último momento, desencadeamos um sprint final, carros lado a lado, a linha de chegada se aproxima. O veredito está selado quando cruzamos a linha quase simultaneamente. O olhar de Sabine revela um misto de surpresa e respeito. A poeira abaixa, e a emoção da corrida permanece no ar.

Me encosto exausto no banco, tirando o cinto que garantia a minha segurança e regulando a minha respiração pela avalanche de dopamina que ainda mantinha meu cérebro entorpecido. Saí do veículo observando a mulher sorridente com seus ombros, agora, amostra.

Caralho, tudo hoje está incrivelmente bom demais para eu tentar conceber a ideia que é real.

— Está claro quem é o melhor aqui, Bine-Bine? — Perguntei, sentindo o amontoado de nostalgia ao pronunciar mais uma vez o seu apelido íntimo antigo.

— Não enche a minha paciência, Tom — Pediu aos risos, movendo seus pés em minha direção e encostando no automóvel.

A sua calça larga verde militar chamava a minha atenção enquanto ela pressionava o peso do seu corpo no carro; a sua blusa marrom igualmente grande com a estampa de algo que eu não faça a menor ideia do que seja, mas tenho absoluta certeza que é algo que ela acompanha, combinavam tão bem com a mulher que era como se tivesse sido feito apenas para ela.

De alguma maneira, mesmo por baixo daquele amontoado de panos grandes e desproporcionais ao corpo de Sabine, eu sabia onde estava as suas curvas, sabia onde estava cada detalhe seu; como um livro que li apenas uma vez e de tão bom que foi a leitura, gravei cada parte da sua escrita em minha memória para que pudesse visitá-la quando quisesse.

— Meus olhos estão em cima, Tom — Debochou, levantei meu olhar e tive a atenção das suas orbes cor de mel. Caminhei para mais perto da mulher, ficando na sua frente.

— Eu sei disso — Disse seriamente, arrancando uma risada da garota — Fico feliz que tenha superado seu medo de carros — Mudei de assunto, um sorriso envergonhado se formou em seu rosto.

Isso é novo.

— Sim — Concordou — Porém, ainda tenho receio de dirigir nessa velocidade nas ruas, prefiro aqui, onde é uma pista limpa e segura apenas para isso — Explicou.

Continuei olhando a menina, enquanto sua voz acariciava meu ouvido com o seu forte sotaque alemão, porém, está um pouco mais suavizado graças aos seus anos de treino forçado. Entretanto, novamente meu olhar desceu para seus lábios melados de gloss, que a deixava ridiculamente mais beijável.

O momento parecia suspenso no tempo, e as palavras entre nós se tornaram irrelevantes. A tensão do desafio da corrida ainda flutuava no ar, criando uma energia vibrante. Nossos olhares se encontraram, e num impulso, nossos lábios se aproximaram.

O beijo começou suave, como se estivéssemos testando algo novo – o que com certeza não é –. Os lábios de Sabine eram macios, e o gosto do gloss era doce, um contraste agradável com a quentura que começava a esquentar meu corpo. Suas mãos encontraram meu rosto, enquanto as minhas buscavam o contorno de sua cintura sob o tecido folgado.

A intensidade cresceu, e a suavidade inicial deu lugar a uma paixão palpável. Era um beijo carregado de emoções, uma mistura complexa de nostalgia, desejo e surpresa. Cada movimento era sincronizado, como se estivéssemos dançando uma coreografia que apenas nós entendíamos.

— Precisamos fazer isso mais vezes — Propôs Sabine, ofegante. A minha única reação foi concordar com a garota.

Antes de retomar o contato com os seus lábios novamente, minha atenção foi tomada pelo toque de ambos os celulares que nesse importuno exato momento resolveu tocar. Peguei o aparelho já pensando em desligá-lo, porém, era Bill que ligava para mim.

Sabine se afastou do meu toque, colocando o telefone próximo ao seu rosto, dando passos demorados até um espaço mais privado, enquanto eu atendia o meu irmão.

— Bill, o que é? — Perguntei apressado, escutando apenas o barulho choroso e a voz embargada do mais novo — Bill, o que aconteceu? Bill Kaulitz, me fala o que está acontecendo?! — Interroguei.

— T-Tom, vem agora, para o hospital... Agora! Por favor! — Pediu em desespero, ou melhor, implorou em desespero.

 Agora! Por favor! — Pediu em desespero, ou melhor, implorou em desespero

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𝐍𝐄𝐕𝐄𝐑 | ᵗᵒᵐ ᵏᵃᵘˡⁱᵗᶻOnde histórias criam vida. Descubra agora