Capítulo 1

373 35 35
                                    

Poderia até ser fácil quando falamos em voz alta, mas na prática a coisa é diferente. Quando por acidente descobri o que Ian era, fiquei com medo e receio de tê-lo por perto. Não era todo dia que você encontra seu amigo na floresta e descobre que ele é um lobisomem. Demorou para que eu me acostumasse e permite-se que ele chegasse perto. Quando finalmente me acostumei com ideia o pedi para que me contasse tudo, mas por ser um beta sua antiga alcateia não o contou muito.

_Foi tudo muito estranho no começo quando acordei em um quarto com uma mulher sentada ao meu lado na cama e um homem no canto nos observando. A última coisa que me lembrava era de estar voltando da casa da Helena quando escutei um grito não muito longe. Resolvi ir ver o que era, mas percebi tarde demais que não tinha sido uma boa ideia. Estava escuro e eu não conseguia ver para onde estava indo, então decidi voltar. Quando me virei pude ver dois olhos vermelhos me observando atentamente. Fiquei com tanto medo que achei que fosse morrer ali mesmo. _ Curiosa perguntei o que ele fez._ Eu corri. Me virei e corri o quanto minhas pernas puderam, mas era tarde. Em um minuto eu estava correndo e no outro sentia o meu corpo bater contra o chão e uma dor alucinante atingir meu ombro. Durou poucos segundos antes que perdesse minha consciência. Achei que tinha sido atacado por um animal.

~'~'~'~'~'~'~'~'~'~'~'~'~'~'~'~'~'~'~'~'~'~'~'~'~'~'~'~'~'~'~'~'~'~'~'~'~'~'~'~'~'~'~'~'~'~'~'~'~'~'~'~'

_Saia. _ O homem disse._ Você se sente melhor? Bom, não importa. Você dormiu por dois dias, mas ainda está vivo. A verdade é que você teve muita sorte, afinal estava no lugar errado e na hora errada. _ Vendo a confusão no rosto de Ian o homem riu em desdém._ Duas noites atrás na floresta você foi mordido por mim e como você está vivo é o meu beta. Agora se levante e venha comigo.

~'~'~'~'~'~'~'~'~'~'~'~'~'~'~'~'~'~'~'~'~'~'~'~'~'~'~'~'~'~'~'~'~'~'~'~'~'~'~'~'~'~'~'~'~'~'~'~'~'~'~'~'~'

_Depois disso eu o segui e ele foi explicado tudo o que eu precisava saber sobre o que eu era agora. Tentei fazer perguntas, mas ele ficou bravo. Aprendi sobre alfas que são os líderes das alcateias, os betas que fazem parte dessas alcateias e os ômegas que são lobos solitários. Eu era o beta daquele alfa até o dia em que ele foi morto por um alfa de uma alcateia rival. Todos se submeteram a ele e se juntaram a sua alcateia, mas como eu era leal ao antigo alfa e um ''impuro'' virei descartável. Eles me perseguiram floresta a dentro e me atacaram. Eu teria morrido se não fosse por você. Hoje sou um ômega e estou correndo perigo a todo momento. _ Ele pareceu pensativo._ Um ômega morre sozinho, mas uma alcateia sobrevive junta.

~'~'~'~'~'~'~'~'~'~'~'~'~'~'~'~'~'~'~'~'~'~'~'~'~'~'~'~'~'~'~'~'~'~'~'~'~'~'~'~'~'~'~'~'~'~'~'~'~'~'~'~'

Me lembro como se fosse ontem quando me enfiei na floresta tentando procurar por Ian que estava desaparecido havia dois dias. Quando ele apareceu do nada dizendo que teve que resolver problemas com sua família deixei passar, mas os dias iam passando e ele ficava mais estranho e sumia constantemente. Uma certa vez decidi tentar segui-lo, mas a única coisa que consegui foi ficar perdida no meio da floresta. Depois de andar o que pareceram ser horas ouvi barulhos estranhos e segui para ver o que poderia ser. Não estava nos meus planos encontrar um lobo de olhos azuis ferido se transformando no meu melhor amigo. E ainda por cima, nu. Fiquei muito assustada e pensei em correr, mas antes de pensar muito peguei em seu braço e sai o arrastando até sua casa, o que foi belo trabalho pesado. Não sabia o que fazer quando finalmente consegui deita-lo no sofá. Quando olhei suas feridas e as vi se curando sozinhas percebi que aquela era a hora de sair correndo.

Hoje estamos em um galpão abandonado do outro lado da cidade. Desde que seu alfa foi morto, Ian tem dificuldade de se controlar na lua cheia - e em momentos de raiva - e é por isso que estamos aqui. Ele estava acorrentado em uma grade presa há parede. Quando a lua já apontava no céu os primeiros sinais de sua transformação foram aparecendo, o que indicava que estava na hora de sair. Minha presença deixava-o inquieto e fazia com que ele se esforçasse mais para se livrar das correntes. Depois de quatro luas cheias pegamos o jeito da coisa então eu saia para fora e esperava o dia vir. Eu preferia assim já que ver o momento em que ocorria sua transformação embrulhava meu estômago. Era uma coisa completamente grotesca para quem via e dolorosa para quem se transformava. Seu antigo alfa lhe disse que para impuros o processo era mais doloroso e demorado do que aqueles que já nasceram assim.

Predestinados - A História do AlfaOnde histórias criam vida. Descubra agora