Opposites [CHAENNIE]

[21]

Jennie Kim

Eu sabia que as mulheres às vezes trocavam de humor sem aviso, até porque eu sou uma mulher. Até conhecia algumas que se perdiam em pensamentos imaginado trinta anos no futuro e ficavam bravas por alguma coisa que eu supostamente faria. Mas não era isso que parecia estar acontecendo com a Roseanne, e ela nunca foi esse tipo de mulher.

Já tinha visto ela brava antes. Inferno, já tinha visto ela brava de todo jeito possível: irritada, irada, raivosa, quase violenta. Mas nunca a vi machucada.

Ela se enterrou em documentos na curta viagem até o aeroporto. Depois pediu licença e se afastou para ligar para seu pai enquanto esperávamos no portão de embarque. No avião, ela adormeceu quase instantaneamente, ignorando minhas insinuações para nos encontrarmos no banheiro do avião para uma sessão de sexo nas alturas. Ela ficou acordada apenas tempo suficiente para recusar o almoço, mesmo não tendo comido nada desde o café da manhã. Quando acordou durante a aterrissagem, ficou encarando a janela em vez de olhar para mim.

— Você vai me dizer qual é o problema?

Ela não disse nada durante uma eternidade e meu coração começou a acelerar. Tentei pensar em todos os momentos em que eu poderia ter estragado tudo. Sexo com a Roseanne na cama. Mais sexo com a Roseanne. Orgasmos para Roseanne. Ela teve vários orgasmos, para ser honesta. Então achei que não era esse o problema. Eu tinha acordado, tomado banho, basicamente confessado meu amor. Saguão do hotel, Hwang, aeroporto. Parei. A conversa com Hwang tinha me deixado um pouco mal. Eu não sabia por que tinha agido como uma idiota possessiva, mas não podia negar que a Roseanne causava isso em mim. Ela foi ótima na reunião, como eu sabia que seria, mas eu nunca deixaria ela dar um passo para trás na carreira, indo trabalhar com um cara como o Hwang depois que terminasse o OMA. Ele provalmente a trataria como um pedaço de carne e ficaria olhando o dia todo para sua bunda.

— Eu ouvi o que você disse — sua voz soou tão quieta que eu demorei um pouco para entender que ela tinha falado algo, e demorei mais ainda para processar o que ela tinha dito. Meu estômago se revirou.

— O que eu disse? E quando?

Ela sorriu, virando o rosto para finalmente olhar para mim. E, que droga. Ela estava chorando.

— Para o Hwang.

— Eu pareci possessiva. Desculpe.

— Você pareceu possessiva... — ela murmurou, virando de novo para a janela — Você me menosprezou... Você me fez parecer ingênua! Você agiu como se a reunião fosse apenas um exercício de treinamento. Eu me sinto ridícula pela maneira como descrevi a reunião para você, pensando que tinha sido algo importante.

Coloquei a mão em seu braço, rindo um pouco.

— Caras como o Hwang possuem o ego frágil. Ele precisa sentir que os executivos estão escutando o que ele diz. Você fez tudo o que precisávamos. Mas ele acha que precisa receber o contrato oficial das minhas mãos.

— Mas isso é absurdo. E você perpetuou isso, me usando como peão.

Eu pisquei, confusa. Eu fiz exatamente o que ela falou. Mas é assim que se joga o jogo, não é?

— Você é minha estagiária.

Uma risada ríspida escapou de seus lábios e ela virou novamente para mim.