Naquela tarde silenciosa, enquanto organizava os livros na prateleira da sala, meus dedos encontraram algo inesperado.
Um disco esquecido, quase perdido entre os volumes de histórias que compartilhamos ao longo dos anos.
Ao pegar o disco nas mãos, uma onda de nostalgia me envolveu. Reconheci imediatamente a capa desgastada: "As Canções Que Você Fez Para Mim" de Maria Bethânia. O coração apertou, pois aquelas melodias eram como trilhas sonoras dos nossos melhores momentos juntos.
Decidi colocar o disco na vitrola, na esperança de que aquelas músicas que antes trouxera tanta alegria pudessem preencher o vazio que sua ausência deixara em casa.
As primeiras notas ecoaram no cômodo,
trazendo à tona memórias de risos,
abraços e noites aconchegantes.
No entanto,
conforme as músicas avançavam,
a saudade intensificava-se.
Cada verso parecia
um eco das palavras
não ditas entre nós.
As canções, uma vez doces, tornaram-se amargas recordações daquilo que tínhamos perdido.
E foi ao som da canção que deu título ao álbum que meu coração sentiu-se perfurado com agulhas.
"Você disse tanta vezes, que me amava tanto. Tantas vezes eu enxuguei o teu pranto. E agora eu choro só, sem ter você aqui."
A voz de Bethânia, que antes era um aconchego para minha alma, tornou-se agora um eco cruel daquilo que hoje não existe mais.
Ao final do álbum, senti-me mais só do que nunca.
A música tinha o poder de curar, mas também de escancarar feridas.
Guardando o disco com cuidado, percebi que não era o suficiente para trazer de volta o que já havia se perdido.
A saudade, agora mais aguda, serviu como um lembrete de que certas histórias não têm trilha sonora capaz de ressuscitá-las.
O disco voltou à prateleira,
junto aos livros, como um testemunho silencioso de um amor que, apesar das canções, não resistiu ao teste do tempo.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Tudo que senti e escrevi
PoetrySentimentos, independentes do tamanho,ainda são sentimentos. Uns guardei como palavras, outros como frases e dos melhores fiiz poesia...