Tudo que senti e escrevi

a saudade não tem mais lugar

Hoje me peguei rememorando
fins que pareciam não ser
e te encontrei como uma página dobrada,
desgastada mas com uma leve importância.

Essa página  era como um capítulo marcado,
um amor que um dia habitou meu peito
e
era como se as palavras desse capítulo
tivessem sido escritas por uma mão alheia,
pois a intensidade do sentimento que
ali residia já não ecoava em mim.

Lembro-me das noites que pareciam infinitas,
onde as risadas se misturavam
com promessas sussurradas ao vento.

Éramos dois corações
desenhando um destino juntos,
mas o tempo, impiedoso
teceu um novo rumo a essa história.

As palavras de amor
se transformaram em silêncio,
é desse silêncio que eu lembro
e
dos atos nulos para realizar tudo.

A saudade, que antes era presença constante,
tornou-se uma sombra distante
e não há mais o vazio no peito,
nem a melancolia nos olhos.

As lembranças,
antes coloridas,
agora são como fotografias desbotadas,
capturando um passado
que já não me pertence mais.

Não há ressentimento,
apenas a constatação de que o amor,
por vezes, é uma chama rápida que
aquece nossas almas por um momento e,
em seguida, se apaga.

O coração,
resiliente,
encontra novos caminhos,
novas razões para pulsar.

Por fim,
deixo para trás o amor que um dia me consumiu,
carregando apenas as lições que ele deixou
como herança para quem me tornei.