PROSA POÉTICA

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Enquanto ando de um lado para o outro pela sacada, observo as luzes da cidade cintilando como estrelas, vejo o vai e vem das pessoas nas ruas lá embaixo.
A atmosfera está carregada, e não apenas pelos prédios grandiosos que cercam a vista, mas sim pelo clima que de repente começa a mudar.
As pessoas, inicialmente indiferentes ao céu que se transforma, aceleram seus passos, buscando abrigo da súbita mudança no tempo e a procura por um táxi se torna uma disputa acirrada, como se todos estivessem competindo contra o relógio.
Enquanto isso, eu permaneço na sacada, deixando que o vento brinque com meus cabelos.
Num impulso, decido abrir a garrafa de vinho que ganhamos em nossa última viagem juntos. Era para ser compartilhado em uma data especial, contudo hoje é só um dia qualquer e você não está aqui.
Ligo para você na esperança de ouvir o tom aveludado da sua voz, mas o que ouço é: "Deixe seu recado após o bipe".
Respirando fundo, sussurro:
"Eu só liguei pra dizer que te amo e que me importo com você."
Desligo, sentindo o vazio da sua ausência.
Os primeiros pingos de chuva começam a cair, marcando o início de uma tempestade que ecoa a turbulência dentro de mim.
Decido buscar abrigo em um quarto que anseia por você tanto quanto eu e enquanto a chuva bate na janela, penso em como o mundo lá fora reflete a tempestade silenciosa que vive em meu coração. Hoje é apenas mais um dia, mas, para mim, é um dia em que a saudade se mistura com as gotas da chuva que caem suavemente e a única coisa que eu queria era que você estivesse aqui para compartilhar esse momento como prometemos naquele vinho que agora está meio vazio e totalmente melancólico.

Tudo que senti e escreviOnde histórias criam vida. Descubra agora