Capítulo 1

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O vento gelado entrava pela janela da sacada, estava nervosa, tentando ver alguma coisa. A qualquer momento a volvo do Bob ia parar na garagem. Ele tinha ido ao aeroporto buscar o seu filho, Serkan. A mãe de Serkan tinha um trabalho de um ano no exterior, e por esse motivo, ele ficaria com a gente.

Bob e Mary, minha mãe, estavam casados a pouco tempo. Eu me dava muito bem com o Bob, mas não podia dizer que éramos próximos.

O pouco que eu sabia era que sua ex-esposa Rowena, era uma artista e seu filho era um adolescente problemático, autorizado a fazer a merda que quisesse.

Eu só tinha visto ele por fotos e mesmo assim, fotos antigas. Mas sei que tinha cabelos ruivos, olhos claros, uma pele bronzeada, era lindo.

Bob contou que nos últimos anos, Serkan entrou na fase rebelde. Vivia fumando maconha e se metendo em brigas na rua. Claro que Bob culpou Rowena por ser irresponsável e só focar na carreira.

Bob fazia apenas duas viagens por ano a trabalho, mas ele não estava lá para cuidar e educar Serkan, não foi um pai presente. E agora que tinha essa oportunidade, estava louco para punir e colocar Serkan na linha.

Sentia o estômago agitado. Serkan iria sofrer, o clima de Boston era muito diferente do da Califórnia.

Era estranho pensar que tinha um meio-irmão. E queria mesmo que a gente se desse bem, afinal, tô acostumada a ser filha única e sempre quis um irmão.

Eu sabia que não poderia esperar um bom relacionamento entre nós dois logo de cara, mas não tinha nada a perder.

Minha mãe também parecia nervosa, ela subia e descia as escadas, arrumando o quarto para Serkan.

Foi feita uma reforma para receber ele, o escritório se transformou no quarto, eu e ela tínhamos ido às compras para arrumar o quarto. Foi difícil comprar as coisas, afinal, não conheço ele.

No final, compramos tudo azul escuro.

Era emocionante e estressante ao mesmo tempo. Como iria apresentar ele aqui? Quais assuntos puxaria com ele? Que tipo de música ele gostava de ouvir? Filmes favoritos?

A porta do carro bateu, me fazendo saltar de susto.

Se acalma, Eda.

A porta se abriu e Bob entrou, junto com ele, o vento gelado invadiu o cômodo. Alguns minutos depois, ouvia passos na neve fofa. Serkan provavelmente parou na porta. Bob foi até a porta.

– Entre agora. – Disse Bob, em um tom amargo.

Assim que Serkan entrou, senti um nó na garganta. A verdade é que ele não parecia nada com a foto antiga.

Serkan era alto, o cabelo que na foto era curtindo, agora era bagunçado. Ele tinha um cheiro que lembrava cigarro, mas era um pouco mais doce. Ele não olhou para mim, então continuei minha análise silenciosa.

Ele soltou a mala no chão, olhando a decoração da sala.

– Onde é meu quarto? – Disse Serkan, com a voz baixa e calma.

– Lá em cima. – Disse Bob, acenando a escada com a cabeça. – Mas você só vai subir depois que falar com sua irmã.

Senti meu corpo inteiro ficar tenso. Eu não queria ser sua irmã. Ele se virou em minha direção, e parecia querer me matar. Assim que olhei para seu rosto, ficou claro como eu deveria ter cuidado.

Seus olhos ficaram fixos ao meu, respirei fundo e fui até ele, estendendo a mão.

– Prazer, sou Eda.

Ele pegou minha mão e o aperto foi forte, doloroso eu diria. Ele não me respondeu.

– Você é muito diferente da foto. – Disse a ele.

– E você parece muito simples.

Minha garganta fechou. Ele me olhava de cima a baixo com um olhar frio. Apesar de em poucos minutos, já detestar sua personalidade, não podia negar. Sua aparência era maravilhosa. Mandíbula definida, nariz desenhado, lábios perfeitos. Fisicamente ele era o sonho de qualquer pessoa, o resto era o pesadelo.

Respirei fundo, tentando esconder como as palavras dele tinham me afetado.

– Quer que eu te mostre o quarto? – Perguntei.

Serkan simplesmente me ignorou por completo.Ergueu sua mala e foi em direção a escada.

Estava sendo um ótimo primeiro encontro.

Minha mãe estava descendo as escadas e deu um abraço forçado nele.

– Fico feliz em te conhecer, meu amor. – Minha mãe disse sorrindo.

– Gostaria de dizer o mesmo, mas não. – A resposta foi seca.

Em questão de segundos, Bob estava segurando o Serkan contra a parede.

– Para com essa merda, seu moleque. – Disse Bob com o dedo apontado na cara de Serkan. – Você vai dizer oi a Mary de uma forma decente.

– Olá Mary, de forma decente. – Serkan disse com ironia, enquanto subia as escadas.

Minha mãe segurou Bob pelo braço.

– Deixa ele. A mudança de ambiente não é fácil. – Disse ela com calma. – Mesmo a gente estando casados, ele não me conhecia. Só está na defensiva.

– Ele é um merda, que vai apanhar até virar homem. – Disse Bob, com raiva.

Minha mãe pareceu ficar nervosa, e eu fiquei surpresa. Nunca tinha visto Bob usar essas palavras ou esse tom dentro de casa. Com Serkan, o Bob era outra pessoa, uma bem distante da que eu conhecia.

Serkan não desceu para jantar e ficou com as portas fechadas. Bob resolveu ir falar com ele. Claro que eu e minha mãe decidimos ficar de fora do que acontecia, mas dava para ouvir a discussão deles.

Enquanto passava no corredor em direção ao meu quarto, não consegui não olhar para a porta fechada do quarto do Serkan. Queria saber se ele ia ser o ano inteiro desse jeito, ou se nem iria durar o ano todo aqui.

Abri a porta do banheiro e dei de frente com Serkan se secando. O cheiro de sabonete masculino estava em todo ambiente. E eu travei no momento que ele deixou a toalha cair no chão.

Meus olhos colaram em seu penis e eu não conseguia desviar o olhar, alguns segundos depois meus olhos acompanharam seu abdômen malhado. O peito ainda estava molhado. No instante que olhei seu rosto, um sorriso malicioso estava estampado.

As palavras não saiam com facilidade.

– Eu... Me desculpa... eu tô... vou embora. – Falei nervosa, me virando para sair.

– Ta agindo como se nunca tivesse visto um homem pelado. – Disse Serkan, com um tom de voz divertido.

– Nunca vi.

– Isso é triste para você, o próximo que ver, pode não estar à minha altura.

– Você é muito arrogante.

– Eu sei. – Disse ele, se movendo na direção da pia. – Mas eu mereço ser.

– Você está sendo um...

– Grande idiota? – Disse ele, me interrompendo.

Tem algo nele que não consigo explicar, não dá para se afastar. O que havia de errado comigo? Já estava eu, olhando para ele de novo, e ele continuava nu.

Algo estava brilhando e chamando minha atenção. Ele tinha o pênis perfurado. Uma bela maneira de ser apresentada a um penis.

– Você não tem nada pra fazer? Ou está pensando em a gente fazer alguma coisa? – Serkan fala, me tirando dos meus pensamentos.

Saí e fechei a porta, indo em direção ao meu quarto.

O que tinha acabado de acontecer? 

Querido SerkanOnde histórias criam vida. Descubra agora