Chamamos um Uber com uma parada na casa da Caroline, e foi a viagem mais desconfortável da minha vida. Gordon ficou extremamente irritado quando descobriu que Serkan era meu meio-irmão e foi embora.
O que aconteceu na lanchonete, enquanto eu estava no banheiro com a Caroline, continuou sendo um mistério.
Durante a viagem, Serkan não disse nenhuma palavra e se manteve de cabeça baixa. Chegamos em casa e ele subiu direto para o quarto. Até pensei em ir conversar com ele, mas achei que ele precisava daquele tempo sozinho.
Quando acordei no outro dia, Serkan já tinha saído para o trabalho. Minha mãe sentou ao meu lado, no balcão da cozinha.
– Vai me falar o que aconteceu ontem? Um amigo do Bob que trabalha na polícia ligou.
Respirei fundo, não imaginei que minha mãe e o Bob fossem ficar sabendo, afinal, tudo foi resolvido rápido.
– Eu, Caroline, Serkan e o Gordon vamos ao cinema. Quando estávamos jantando Gordon e Serkan se desentenderam mas não sei o motivo, tava no banheiro com a Caroline.
– Seu padrasto tá uma fera, e eu não sei o que fazer. – Disse minha mãe preocupada.
– Não tem o que fazer, mãe. Meninos se desentendem, é normal. E eu acredito que nem tenha sido culpa do Serkan. – Disse com sinceridade, a forma que Gordon agiu depois, foi muito estranha.
– Bob não tem paciência com Serkan. – Minha mãe fala passando a mão no rosto. – Só queria entender isso, sabe.
– Eu também não entendo mãe. Bob vira outra pessoa quando fala com o Serkan.
Eu iria conversar com o Serkan quando chegasse a noite, afinal, ele iria trabalhar o dia todo. Sentei na sala perto das seis horas e esperei, mas ele não veio pra casa.
Era quase meia-noite quando ouvi passos e a maçaneta do quarto de Serkan. Não tinha conseguido dormir, estava preocupada.
– Que porra você esta fazendo Serkan? – Ouvi Bob gritar no corredor. – Seu merda, está cheirando álcool.
– Pai? – Serkan disse enrolado.
– Não é possível uma coisa dessas. Primeiro você arruma uma briga e me envergonha. E ainda por cima tem a audácia de voltar pra casa bêbado? – Bob gritou e bateu na parede. – Você vai desejar não ter voltado.
– Vai fazer o que? – Serkan gritou. – Me bater? Porque de tudo que poderia fazer pra ser um péssimo pai, é o que falta na lista.
– Você ia adorar isso né, seu merdinha. Mas não vou te bater.
– Vai fazer pior né. – Serka falou e eu pude jurar que sua voz falhou. – Você vai me odiar, como sempre fez.
– Você é um merdinha, um perdedor, um lixo. – Bob cuspiu cada palavra, como se sentisse prazer em dizê-las.
– Me fala algo que eu já não ouvi da sua boca, pai.
– Tá bom. Não vou te ajudar com a faculdade e todo o dinheiro que seria voltado para você, será todo da Eda. – Bob fala rindo e eu entro em choque. – Não vou gastar meu dinheiro com um menino fodido da cabeça que quer ser escritor. Se um dia quiser ser algo de verdade, aí sim te ajudo.
– Você nunca quis pagar minha faculdade e sabe disso.
– Porque iria querer fazer algo pra você? Você só me desapontou desde o momento que nasceu.
– Você não queria filho? Porque eu não tive a menor chance de te agradar, só não fui abortado porque minha mãe não quis.
– Foi isso que ela te falou?
VOCÊ ESTÁ LENDO
Querido Serkan
FanfictionEu sei que é errado, mas existem coisas na vida, que não somos capazes de evitar. Quando Serkan veio morar com a gente, eu não estava preparada para tamanha idiotice. Ele afastava todo mundo, só porque não queria estar aqui. Ele fez nossa casa de mo...