Capítulo 2

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– Como está seu meio-irmão hoje? – Perguntou Caroline.

Deitei de bruços e suspirei ao telefone.

– O mesmo de sempre.

Claro que não tinha contado a minha melhor amiga sobre o que aconteceu no banheiro na sexta. Fiquei com vergonha e decidi manter isso só pra mim. E ainda por cima, minha curiosidade me fez pesquisar sobre pênis perfurado, e isso resultou em não conseguir dormir.

Amanhã é segunda, e Serkan começa os estudos na mesma escola que eu. Daqui algumas horas, todo mundo iria conhecer meu meio-irmão.

– Ele ainda não falou com você. – Caroline perguntou.

– Não. Ele não fala com ninguém, na verdade, só desceu, pegou uma tigela de cereal e voltou a se trancar no quarto.

– Qual sua teoria pra ele agir feito um cuzão dessa forma?

– Tem alguma coisa errada entre ele e o Bob. E eu tô ficando de fora e tentando não levar em consideração o pau no cu que ele anda sendo.

E o senhor de um pau. Meu Deus, isso é errado, mas não consigo tirar isso da cabeça.

– Você acha que eu vou gostar dele? – Ela pergunta de forma curiosa demais.

– Ele é o diabo.

– Eu sei, mas o que você acha? – Caroline insiste.

Ele na verdade era exatamente o tipo dela. Caroline tinha uma queda por caras rebeldes, na maioria das vezes, eles nem eram tão bonitos quanto o Serkan. E esse foi um dos motivos que não contei o que aconteceu no banheiro. Se eu sonhasse em contar para ela que Serkan tinha o pênis perfurado, ela ia começar acampar aqui em casa.

– Olha ele é gato e muito gostoso, se é isso que quer saber.

Mas a aparência era a única coisa que ele tinha a seu favor.

– Era o que eu precisava saber, estou chegando.

– Não está não. – Falei rindo, mas no fundo a ideia da Caroline dando em cima dele, me deixou um pouco desconfortável.

– Quais seus planos para hoje? – Caroline pergunta.

– Bom o plano era fazer um jantar em família, mas descobri que ele é um idiota, então provavelmente não vai rolar.

– Aquele frango especial?

– Como adivinhou. – Fiquei curiosa, pois não tinha como ela saber.

– Amiga, desculpa mas é a única coisa que você sabe fazer direito.

Acabei rindo com essa informação, mas era a pura realidade, não tinha muito dom na cozinha.

– Talvez deva servir com uma pitada de laxante. – Disse Caroline com um tom de quem não estava brincando.

– Não vou entrar no jogo dele, não sou assim. Vou deixar ele no canto dele, afinal, vivi todos esses anos sem ter um irmão, agora não faz tanta diferença. E ele nem é meu irmão de verdade.

Algumas horas depois, mamãe me ajudou a arrumar a mesa, enquanto o frango assava no forno. Eu estava morrendo de fome, e o cheiro do molho não estava ajudando. Teria que me sentar à mesa com Serkan, se ele concordasse em descer para jantar.

– Eda, vai lá e tenta chamar o Serkan pra jantar. – Disse mamãe, enquanto abria um vinho.

– Por que eu? – A resposta saiu mais rápido do que planejei.

Ela serviu uma taça e bebeu um gole.

– Porque ele não gosta de mim, me vê como inimiga e deve me culpar por seus pais não estarem mais juntos, mas não existe reação para tratar ele mal, minha filha. Quem sabe, ele possa te ver como uma amiga e se abrir um pouco.

Querido SerkanOnde histórias criam vida. Descubra agora