Capítulo 3

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Serkan me ignorava em todas as aulas que estávamos juntos ou no refeitório. Claro, as meninas ficavam ao redor dele, e logo ele se tornou popular.

– Qual minha chance com ele? – Perguntou Caroline.

– Não se envolve com ele, por favor.

– Por que? Eu sei que vocês não se dão bem, mas me ajuda amiga.

– Como vou te ajudar? – Pergunto com pouca paciência. – Ele me odeia.

– Só me convida para sua casa e deixa que o resto eu faço. – Disse Caroline sorrindo.

– Você não entende. – Falo, balançando a cabeça.

– Por que te incomoda tanto? – Caroline perguntou, olhando para mim.

– Não acho que ele queira o mesmo que você. – Tento desconversar.

– Eu sei, ele é todo fodido e provavelmente só quer foder e pra mim tá ótimo. Fico com ele. – Ela fala sorrindo.

Droga, meu coração tá acelerado e eu odeio o que estou sentindo.

A verdade era que eu estava em uma luta secreta e eu não podia admitir isso pra ninguém. O que me incomodava era imaginar minha melhor amiga transando com ele, e realizando a minha fantasia. Mas também tinha outra coisa que me magoava, imaginar Serkan com uma ligação com outra pessoa, enquanto ele simplesmente me ignorava.

Coloquei minha mochila dentro do armário.

– Você se importa em mudar de assunto? – Falo para ela fechando o armário.

– Certo. Eu ouvi umas vozes falando nos corredores que o Gordon vai te chamar pra sair.

– Quem te falou isso? – Pergunto curiosa.

– Na verdade, ele falou pro meu irmão. – Caroline fala, passando a mão no cabelo. – Parede que ele quer te chamar pra ir no cinema.

Gordon era bem popular, e não consigo imaginar o porquê ele se interessaria por mim, ele só saía com garotas do grupinho dele. E eu sou deslocada dentro da escola, não pertenço a grupo nenhum.

Pessoas como Gordon, viviam em grupo, todos ricos. A popularidade da escola funcionava em escalas, primeiro a turma rica igual o Gordon, depois os artistas. Aí tinha os intercambistas. Em seguida, os populares pela aparência, onde o Serkan se enquadra. E aí chegava Caroline e eu, a gente se dá bem com todo mundo, não brigamos com ninguém e ficamos fora do caminho.

E eu ainda por cima, era virgem.

Só tive um namorado, o Mike. Que terminou comigo, porque não deixava ele ficar tocando nos meus seios. Eu vivia evitando ele nos corredores. Ele espalhou pra todo mundo que eu era virgem e virei piada na boca dos populares.

– Estava pensando. – Caroline disse me tirando dos meus pensamentos. – Se ele te chamar pra sair, você devia chamar o Serkan e ele iria comigo. A gente podia assistir aquele novo filme de terror.

– Viver com o Serkan já é um filme de terror.

Eu nunca imaginaria que essas palavras voltariam para me assombrar no outro dia. Acordei cedo, estava me arrumando e abri minha gaveta de calcinhas, estava vazia, exceto pelo cigarro de cravo.

Vesti uma calça leg, peguei aquele cigarro e marchei até o quarto de Serkan. Entrei sem bater e joguei o cigarro nele.

– Onde estão?

– Não é legal quando alguém pega suas coisas né. – Ele disse, vestindo a camiseta e rindo.

– Eu peguei o maço e devolvi, você pegou cada calcinha que tenho.

Querido SerkanOnde histórias criam vida. Descubra agora