State of love and trust - amor e confiança

Capítulo 48 - Ten

Em agosto de 1991, o Pearl Jam revolucionava a música com a sua ótima estreia — o disco Ten.

Em um período transicional para o Rock, que saía dos tempos selvagens dos anos 80, a banda foi fundamental para popularizar a sonoridade Grunge e o fez graças a hits imensuráveis presentes na obra de 91 como "Alive", "Even Flow", "Jeremy", "Black" e tantas outras.

O baixista Jeff Ament, falou sobre o baterista original da banda que gravou o álbum:

- Ele passou por um tratamento por muito tempo e nós o advertimos, o avisamos e advertimos novamente, até que chegou num ponto onde falamos: 'Cara, você deve buscar ajuda, sabe? Temos turnês programadas e não podemos ficar cuidando de você. Você não pode ficar caindo da sua bateria todas as noites".

A Pearl Jam estava na coletiva de imprensa falando sobre o lançamento de seu álbum de estreia. Estavam todos ansiosos pelo evento e concentrados falando de suas músicas e inspirações em um cenário onde o Nirvana de Kurt Cobain roubava a cena.

- Eddie, você é o maior compositor das canções de sua banda. Você chegou com essa proposta de falar sobre assuntos delicados como problemas entre pais e filhos?

- Errr... esses problemas já existiam antes de eu compor sobre isso. No entanto, eu falo da parte que me toca, as experiências que vivi.

- E a música "State of love and trust"? Alguma decepção amorosa?

Eddie ficou pensativo diante da pergunta da repórter Hellen Votz da Bizz Magazine e apenas se lembrava de tudo o que o levou a escrever a canção: o abandono no altar quando morria de amores por Dawn, o fato de não confiar nem mesmo em membros de sua própria família e a experiência de Liza com Ted Maguire.

- Eddie?? Você entendeu a minha pergunta???

-Ahn, sim sim...Bem, eu diria que essa música fala sobre lutar conta os seus instintos no amor.

-Apenas isso? A inspiração é algo de agora?

- São também as letras mais fáceis de escolher, provavelmente as únicas que consegui fazer quando tinha 13 anos. Mas para mim, naquela idade, eu interpretava as imagens de um possível suicídio de forma não literal, do jeito que eu "queria morrer". "Depois de ser rejeitado por uma garota por quem eu tinha uma queda, e a maneira como posteriormente escreveria um poema sobre isso. A mídia fez tantas suposições e simplificações excessivas (como sempre fazem) ao reportar sobre a cena musical "alternativa", que a música era excessivamente sombria, deprimente e problemática. Mas não foi para mim.

Stone ficou encarando o amigo que respondia todas as perguntas sem olhar diretamente para nenhum repórter. Eddie brincava com os dedos, remexia no copo com água e olhava através dele como se achasse um mundo reverso onde pudesse se tele-transportar a qualquer momento.

A repórter tentou argumentar e aumentar sua pergunta, mas antes que fizesse, Eddie continuou falando:

- Bem , a  música é sobre estar em um estado de amor e confiança, mas também sobre a dor de perder essa confiança. As letras são emocionais e cruas e capturam os sentimentos de tristeza e perda que muitas pessoas experimentam em suas vidas.

A coletiva terminou quarenta minutos depois e Eddie deixou que seus companheiros respondessem a maior parte das perguntas. O rapaz permaneceu com o olhar vago e brincando com o copo de água e as lembranças lhe conduziram a diversos pontos de sua vida, mas vez por outra o traziam de volta a realidade.

Em determinado momento apoiou a mão no queixo e olhava através da parede. Queria se tele-transportar para outro mundo, lembrava do beijo em Liza, sorria sozinho, e logo depois o semblante murchava lembrando a forma como a garota saiu de sua casa.