Capítulo 77 - Surtos

16 3 3
                                    


20 de janeiro de 1993

- Escuta, por que não desiste? Eu não vou cair nessa conversa! Já é a terceira vez que consegue meu telefone e nos incomoda com essas mentiras. Meu marido e eu estamos tendo paciência com você, mas se não parar de ficar nos ligando, vamos dar parte na polícia! Entendeu bem?

Liza desliga o telefone já cansada de receber ligações de uma fanática que tem perseguido seu marido há dias. Na primeira vez que entrou em contato por telefone, uma mulher por nome Angela Murphy disse ter sido violentada por Eddie e que teria dois filhos dele. Nas cartas anônimas que enviava, dizia ter certeza de que ele era a reencarnação de Jesus Cristo e ao ser descoberta, os pais da moça de 24 anos pediram clemência a Eddie e Liza alegando que a garota sofria de esquizofrenia. No entanto, não adiantava trocar de telefone ou de endereço, a moça sempre descobria tudo e os perseguia o que fazia o casal acreditar que ela não agia sozinha.

Eddie que já andava um tanto desgastado pelo preço da fama agora estava com sua liberdade comprometida e insistia em viver como uma pessoa normal que saía nas ruas a qualquer momento sem a companhia de um segurança. Liza havia lhe alertado sobre as mudanças que a fama lhe obrigaria a ter que se adaptar, mas o rapaz era irredutível em ter que viver como se fosse um rock star. A verdade é que ele o era independente de gostar ou não desse título.

Um pouco antes de desligar o telefone, Liza foi observada pelo marido que acabara de chegar do estúdio de gravação:

- Era ela de novo, não é? 

- Ai, Eddie que susto! Sim... Não sei como, mas ela descobriu nosso número novamente. Ué você cortou o cabelo?

- Sim, sei lá se de repente é uma chance de não ser reconhecido. - Eddie apareceu em casa com um corte que deixou seu cabelo na altura dos ombros. - Enfim, um amigo meu tem certeza de que ela grampeia nossa linha e por isso sabe de todos os nossos passos. O melhor agora é evitarmos falar ao telefone. Que droga! - o rapaz joga a revista que segurava no sofá e solta uma respiração pesada e cansada.

Liza ficou olhando para o marido e procurou segurar a barra. sentando ao lado dele e lhe acariciando os cabelos:

- Bom, em primeiro lugar, adorei seu corte de cabelo e você continua lindo! - recebe um sorrisinho anasalado como resposta. - Em segundo, logo isso acaba! Mas, eu vou entrar em contato novamente com os pais de Angela e se eles não me garantirem que vão controlar a garota nós vamos fazer a denúncia, ok?

- Ok! Eu já disse que te amo hoje?

- Já, mas pode repetir quantas vezes quiser!

- Liz... - ele a fitou mais profundamente. - Você sabe que eu não sou um cara fácil de lidar, não sabe?

- Jura? Sabe que eu nem tinha percebido?- debocha.

- Eu estou falando sério! Eu quero dizer que esse 'eu te amo' que eu disse agora é totalmente diferente do que eu disse mais cedo.

- Ah é? E por quê?

- Bom, o que eu disse mais cedo era um 'eu te amo' de praxe. Mas, esse de agora eu quero que entenda o quanto você é especial pra mim! Você sabe que durante um bom tempo da minha vida eu pensei em ... em desistir de viver, não sabe?

- Sim, foi quando você encontrou refúgio na música e passou a ressignificar sua existência.

- Exatamente! Mesmo assim eu ainda era um dependente emocional como Stone me disse certa vez. Coloquei minha felicidade nas mãos de outra pessoa com quem eu pensava em viver para sempre. Foi assim com a Dawn e em parte com a Beth.

State of love and trust - amor e confiançaOnde histórias criam vida. Descubra agora