Alicent começava a entender o motivo pelo qual Rhaenyra talvez tivesse rejeitado Sor Criston; seu escudo juramentado se provava um idiota sanguinário por completo, estava preste a jogar a causa de seu filho no lixo.
—Ainda acho que devia reconsiderar, meu filho. — implorou Alicent, nos aposentos do Rei. — Esses lordes são reféns valiosos, de nada vale derramar sangue nobre e irritar as outras casas entregando-os ao carrasco!
Seu filho, que cada vez mais andava bêbado, encheu uma taça de cristal com vinho dornês até a boca. Um pouco do líquido transbordou pela borda, fazendo um fio fino da bebida escorrer pelo vidro.
—As outras casas vão aprender a me respeitar e a me temer —Respondeu Aegon, pegando a taça de forma abrupta e a levantando, fazendo o líquido balançar, criando pequenas ondas e fazendo a bebida cair pelas beiradas, fazendo o vinho escorrer pelos seus dedos. — Sor Criston tem razão —Ele disse acenando para o Chefe da Guarda Real, que fazia guarda no canto do aposento. —, um Rei legítimo não deve pedir ou implorar por nada. Se não me respeitarem pela minha legitimidade, então será pelo medo!
Alicent balançou a cabeça. Já era ruim o bastante seu filho ter matado todos os caçadores de ratos da fortaleza; um rei não pode ser visto como um tirano, não importava quanta legitimidade e quantos dragões tivesse. O Rei Maegor, o Cruel, teve o maior dragão de todos, e isso não impediu que todos os lordes de Westeros se rebelassem contra ele.
—É como tem de ser, Vossa Graça —Disse Criston, que agora usava a corrente de ouro da Mão do Rei —Eu sei que a Rainha Viúva tem medo e dúvidas, como todas as mulheres têm, e que só quer o melhor para o seu filho, mas ela logo irá ver que isso é para o melhor. Vossa Graça deve ser vista e respeitada como o rei que é.
Alicent ignorou o comentário do Guarda Real e Mão.
—Um rei deve ser sábio. —Ela disse —E não pode se levar pelo medo ou a raiva, meu filho.
Aegon balançou a cabeça.
—Um rei deve ser firme. —Ele retrucou — Quando mais novo, vi meu pai, que sempre fora tão amável, mandar arrancar as línguas da esposa, irmãos e filhos de Vaemond Velaryon, tudo porque falaram que os filhos da puta da minha irmã eram ilegítimos, o que era a mais simples verdade.
—Aegon, eu sei que seu pai cometeu erros, mas isso…
—Não, Senhora minha mãe —Ele a interrompeu —, meu pai era um rei. Ele sempre foi visto como fraco, mas quando ele foi confrontado, não ficou calado, e mostrou o que aconteceria com quem lhe desafiava. Chega de ser fraco e tentar a paz; está na hora de mostrar meu poder.
Seu pai também foi o homem que negou seu direito ao trono, deixava seu tio humilhar-lhe, e nada fez quando os bastardos de Rhaenyra arrancarem o olho de vosso irmão.
—Meu rei — insistiu Alicent —, essa ação pode ter graves consequências. Permita-me falar com esses lordes, tentar convencê-los de que…
—Não! —Seu filho a interrompeu, falando como um rei. —Eles já tiveram sua chance antes, se não aceitarem agora, vão ser mortos. Esta é minha ordem final, mãe. Não quero mais ouvir isso.
Vendo-se derrotada, Alicent abaixou a cabeça e fez uma vénia profunda ao seu rei, e saiu do aposento, ainda de cabeça abaixada.
Se Helaena estivesse aqui, lamentou-se, talvez eu conseguisse convencê-lo. Mas a filha estava perdida, não só pela raiva contra seu irmão e marido, como pelo pesar. Alicent temia que sua filha nunca mais sorrisse.
Sor Criston veio atrás dela.
—Vossa Graça —Chamou o Guarda Real.
Alicent se virou, de cabeça erguida e olhar firme. Dirigiu um olhar frio ao homem de manto branco. Sor Criston usava a corrente de Mão do Rei, várias mãos feitas de ouro entrelaçadas entre si. Aquela corrente, a rainha sabia, não lhe pertencia, ele não era digno dela.
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Alicent Hightower: A rainha dos verdes
Fiksi PenggemarA Dança dos Dragões, sobre o olhar de Alicent Hightower