Capítulo 15

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O tempo transforma tudo, ele é o maior e mais assertivo aliado das pessoas. O tempo é soberano, imutável e não faz curva. Ele sempre segue o fluxo em linha reta, sem fazer pausas ou desvios.

Muitos consideram o tempo como seu inimigo. Reclamam pela falta de tempo ou quando ele passa devagar demais, a insatisfação pela forma que o tempo passa é algo comum. Mas existe uma verdade absoluta, verdade essa que muitos jamais conseguiram de fato aceitar.

O tempo muda tudo.

Não existe dor que o tempo não cure, turbulências que o tempo não faça passar.

Quem aprendeu com o tempo foi Camila, a mulher de olhos castanhos teve que se empenhar, deixando os tempos de sobrevivência para trás e saboreando a sensação  deleitável de viver, sentindo-se maravilhada com a descoberta de como o tempo em sua própria forma era um aliado. Seis meses se passaram, um ano desde que Christopher faleceu. E nada mais era como antes.

A latina se encarava no espelho. Mexia o seu rosto bem moldado de um lado para o outro, gostava da sensação de se analisar sem encontrar os antigos traços de cansaço que antes a atormentavam. Estava usando um vestido preto de alta costura que envolvia suas curvas e belos saltos finos que disfarçavam sua pouca altura. A maquiagem bem demarcada realçava ainda mais a beleza dos olhos amendoados, sendo que ao mesmo tempo, davam destaque ao rabo-de-cavalo impecável que pendia sobre a sua cabeça.

Um sorriso de lado escapou dos lábios dela, era inegável o orgulho que sentia de si mesma.

— Agora você vai virar aquelas narcisistas, que não param de se olhar no espelho e se gabar de quão linda está? –  Camila não conseguiu conter a gargalhada.

— Então, você admite que eu estou linda? – Camila disse, ainda sorrindo se aproveitando da situação.

— Eu não disse isso, você distorce tudo que eu falo! – Lauren bufou rolando os olhos. — Mas eu admito, você está linda! Eu disse que esse vestido era perfeito para você! - A mais velha elogiou, vendo Camila negar com a cabeça.

— Você fala de mim, mas é muito convencida, Lo! – Ela falou caminhando pelo seu quarto, indo pegar sua bolsa de mão.

— Não sou convencida… eu só sei das coisas. – Lauren deu de ombros, fixando seus olhos verdes em todo e qualquer movimento da latina.

— Pronto, já podemos ir. – Camila ajeitou o rabo de cavalo, e andou graciosamente pelo quarto.

As duas mulheres não se deram conta dos segundos em que ficaram trocando um olhar indecifrável, apenas sabiam que não era a primeira vez que se olhavam assim. Os últimos meses de aproximação instauraram um sentimento de cumplicidade único entre as duas, e muitos outros sentimentos que, claramente, sabiam não ser o momento certo para se questionarem.

Lauren sentiu as mãos suarem e sorriu sem graça, segurava a maçaneta da porta, esperando pela passagem da latina. Dentro dela havia um turbilhão de sentimentos borbulhantes que pareciam não lhe dar folga. Querendo disfarçar isso, deu espaço para que Camila pudesse passar e ambas saíram do quarto em um silêncio cômodo.

A casa de Camila estava totalmente quieta, exceto a sala-de-televisão, as duas sorriram ao ouvir a bagunça que estava instalada ali. Ela pararam na entrada e observaram seus respectivos filhos, era um combo perfeito de bochechas coradas, em pijamas estampados com desenhos animados enquanto jogavam videogame e comiam pipoca.

— Donna? – Camila chamou a atenção da mulher mais nova, que foi em direção a elas.

— Diga, senhora Camila. – Donna tinha um sorriso leve e simpático.

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