Capítulo 21

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— Eu sinto muito… – Clara quebrou o silêncio confortável entre ela e Lauren, para externar seus sentimentos para sua filha.

Porque por mais que fosse algo que não estivesse sob seu controle, e mesmo que ela não tenha culpa pelos atos de seu marido… Clara sentia muito por saber que as ações de Michael causavam tanto mal a sua filha.

Lauren por sua vez tirou sua atenção do seu prato, encarou sua mãe sem entender o motivo dela sentir muito. Afinal de contas, para a mais nova, não havia absolutamente nada acontecendo entre ela e sua mãe para que ela "sentisse muito"

— Quando você diz que sente muito, quer dizer que você você se penaliza por algo? – Lauren perguntou avaliando sua mãe, tentando inutilmente entender o que suas expressões faciais queriam lhe dizer.

— Quer dizer que eu me sinto triste, frustrada e angustiada por tudo que aconteceu entre você e seu pai. – Clara explicou enquanto cortava um pedaço do seu filé de peixe, mesmo sem sentir a mínima vontade de comer.

Seu ato era um simples jeito de fugir de encarar sua própria filha.

— Então eu digo para que não sinta nenhum desses sentimentos ruins, porque a senhora não tem culpa das atitudes do meu pai. – Ela falou com tranquilidade, enquanto afastava a salada de folhas do contato com o purê de batatas em seu prato.

— Impossível, você é minha filha… e como sua mãe, sentir esses sentimentos ruins quando alguém te faz mal, é algo natural. Mas piora quando o causador do seu sofrimento, é alguém que tem como obrigação de velar disso e não lhe causar esse mal. – Havia uma ponta de revolta no tom de voz de Clara, e Lauren conseguiu captar pois conhecia as modulações do tom de voz da mais velha já que  seu cérebro se lembrou que esse tom de voz denunciava a raiva dela.

Antes de falar o que estava pensando para sua mãe, ela levou um pouco de comida a boca e mastigou com calma saboreando o delicioso sabor da comida. Enquanto comia, Lauren apurou seu sentido auditivo e se sentiu satisfeita por estar com um bloqueador de ruídos, que lhe proporciona conforto em ambientes cheios.

Terminando de engolir ela fez uma nota mental de aprovar esse projeto ainda essa semana, esses pequenos fones que quase não são perceptíveis estão em fase de teste ainda, mas estão funcionando muito bem.

— Mãe, por favor olhe para mim. – Lauren pediu.

Clara soltou um longo suspiro e fez o que sua filha havia lhe pedido, a mais velha vasculhou nas mínimas expressões faciais que Lauren fazia.

— Eu estou bem agora, se não estivesse eu não estaria aqui. – Lauren falou dando um pequeno sorriso de lado, se lembrando da causadora do seu atual estado de espírito.

— Seu sorriso me deixa tranquila, tem uma áurea diferente em você minha filha… – Clara falou se sentindo mais feliz.

— Talvez seja porque eu estou bem e feliz, mamãe. – Lauren respondeu vagamente, pois sabia que ainda não era oportuno que sua mãe soubesse do real motivo de sua felicidade.

Terminaram de almoçar em um clima infinitamente melhor, Clara estava mais aliviada por ver que Lauren estava muito bem. Para ela foi um grande sacrifício se manter longe no período de crise de Lauren, mas precisou fazer admitindo que depois de todos esses anos já não saberia mais como lidar com esses episódios de sua filha.

Pegando a mais velha totalmente de surpresa, Lauren ligou para ela durante a tarde de ontem e a convidou para acompanhá-la em alguns compromissos em São Petersburgo. E como ainda não havia feito planos para o dia de hoje e mirando na possibilidade de rever a sua filha depois daquele final de domingo desastroso, não tardou em aceitar o convite inesperado.

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