A quietude do quarto de hospital foi interrompida por vozes suaves, mas carregadas de tensão. Lauren, fingindo um sono que lhe permitia escutar cada entonação, cada respiração, estava ciente das presenças ao seu redor. O silêncio meticuloso de Nicolas, contrastando com as palavras hesitantes e desajeitadas de Christopher, desenhava um quadro desconcertante.
Era evidente o desconforto de Nicolas na presença do pai, um desconforto que ressoava nas entrelinhas das suas frases, nas hesitações antes das respostas. Lauren, imersa nesse jogo de silêncios e palavras mal ditas, entendia a raiz desse desconforto. Recordava as atitudes agressivas de Christopher com sua família, quando ele tinha a chance de mudar. Era compreensível o receio de Nicolas diante do pai, uma barreira erguida por cicatrizes emocionais recentes.
Enquanto Lauren fingia seu repouso, Warren, firme e observador, permanecia no canto do quarto. Seus olhos, como sentinelas atentas, capturavam cada movimento, cada troca de olhares, decifrando cada emoção como se fossem páginas de um livro aberto. Warren era a presença discreta, mas onipresente, garantindo a segurança e o amparo necessários para Lauren e Nicolas.
Enquanto isso, Camila havia optado por um breve afastamento, buscando um respiro em casa. Ela merecia a oportunidade de recarregar as energias, afastar-se temporariamente desse turbilhão de sentimentos que invadiam o ambiente hospitalar. O chefe da segurança, fiel ao seu dever, assumia a guarda, protegendo e cuidando tanto de Lauren quanto de Nicolas, em meio a essa intrincada teia de relacionamentos familiares.
O quarto de hospital, um cenário de conflitos silenciosos e vigilâncias discretas, aguardava o desenrolar de uma trama complexa, onde as emoções se entrelaçam e os silêncios ecoavam mais alto que qualquer palavra dita. E Lauren, entre o falso sono e a aguda consciência dos dramas que se desenrolava a seu lado, aguardava, resignada, o desfecho deste capítulo familiar.
A visita de Christopher por sorte não foi demorada, pois logo Lucy e Verônica chegaram causando um incômodo com a presença das duas amigas de suas irmãs. Ele rapidamente se despediu do filho e saiu do quarto, fazendo todos respirarem mais aliviados.
— Carinha, você não faz ideia de quanta coisa incrível tem no Brasil! Pode visitar praias deslumbrantes, selvas exuberantes e até conhecer a Amazônia! - Verônica falava animada, enquanto planejavam a próxima viagem de férias da família.
— Sério? Eu posso ver macacos na Amazônia? - Nicolas perguntou extasiado com a possibilidade.
— Claro que sim! E temos o Cristo Redentor, uma estátua enorme que parece abraçar o Rio de Janeiro. Vai ser demais! - Lucy falou gesticulando. — Olha, Nicolas, é assim! - Ela mostrou em seu celular a foto do monumento.
— Uau! Isso é enorme! Vamos lá, tia Lo?
— Com certeza, Nicolas! E não é só isso. Eu posso levar você, Luna e Lawrence para andar de jet-ski. Vamos ter muita diversão! - Lauren afirmou.
Nem de longe, seu sobrinho parecia o menino acanhado e incomodado de minutos atrás.
— Jet-ski? Isso é incrível! Vai ser a melhor viagem de todas! - Nicolas vibrou.
— E não podemos esquecer das praias paradisíacas. Imagina, areia branquinha e água cristalina. Você vai amar! - Verônica falou, mostrando toda sua animação.
— Eu já estou melhorando, e quando estiver totalmente recuperado, vamos fazer tudo isso? - Nicolas perguntou.
— Com certeza, Nicolas! A família vai aproveitar cada momento juntos, explorando o Brasil e nos divertindo muito. - Lucy quem respondeu, com um olhar carinhoso para o garoto.
Quando o horário de visita terminou, Lucy e Verônica se despediram dos dois e as enfermeiras entraram para os cuidados com Lauren e Nicolas. Os dois tomaram banho e os curativos trocados e tomaram os remédios, aos poucos os dois estão se recuperando bem o suficiente para terem alta.
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Resentment
FanfictionApós anos longe de sua cidade natal, Lauren retorna para o funeral de seu irmão, que faleceu inesperadamente. Apesar do tempo que passou longe, ela não consegue deixar de lado o ressentimento que carrega pelos acontecimentos do passado, que a fizera...