— Sabe, Camila… você fez grandes avanços nos últimos meses. Creio estarmos chegando à reta final do seu tratamento. – A mulher retirou os óculos de grau e encarou a latina com serenidade.
— Suas palavras significam muito para mim! Saber que estou melhor é muito satisfatório. – Camila sentia um misto de orgulho e alívio. Enquanto brincava com seus dedos, recordava do quão difícil tinham sido os primeiros meses.
— Mas ainda quero te ver pelas próximas duas semanas, só então veremos se encerraremos ou se existe algo mais a tratar. – Kiara disse dando um fim aquela sessão, que como de costume, havia extrapolado o horário.
A latina se levantou e se despediu de sua psicóloga, deixou o consultório às oito da noite, entrou em seu carro e seguiu para casa, sendo acompanhada pelos seguranças. Todas as noites de quinta-feira eram assim, depois do trabalho ela seguia para sua consulta e chega em casa por volta das oito horas.
Era uma rotina mais agitada, a outra versão de Camila ficaria cansada só de pensar em cumprir metade da agenda a qual hoje ela precisa seguir. Porém, ela estava feliz e realizada. Sem dúvidas, vivendo seu melhor momento. Ela sorria enquanto balançava sutilmente seu corpo ao som da música latina que tocava no rádio, havia acabado de entrar no condomínio, por isso seguia em uma velocidade quase mínima, vendo algumas crianças ainda brincando na rua.
Assim que estacionou o carro em sua garagem, Camila acenou para os seguranças dispensando eles de seu serviço até amanhã. Ela certamente não tinha planos de sair de casa até amanhã pela manhã, reiniciando sua rotina semanal. Ao entrar em casa se sentiu mais relaxada, o cheiro de comida fez seu estômago roncar levemente, deixou seu casaco e bolsa em cima do sofá e seguiu para cozinha com seu celular em mãos.
— Mama! – Luna foi a primeira que viu a latina entrar na cozinha.
— Boa noite, meus amores… – Camila desejou, sorria para seus filhos e Lauren. Os três estavam sentados à mesa em um bom jantar.
Camila beijou a cabeça dos três. Lauren aceitou o leve carinho, como sempre fazia, mesmo que o contato físico durante sua refeição fosse algo que ela reprovasse. Depois de lavar as mãos, Camila se sentou ao lado de Nicolas e se serviu da comida que estava posta à mesa. Enquanto ouvia as crianças falarem sem parar sobre como havia sido o dia delas.
Todas as quintas, enquanto ela faz sua consulta com a psicóloga, Lauren fica encarregada de buscar e cuidar das crianças até que Camila chegue em casa. Desde que entrou em tratamento, foram poucas as vezes que ela precisou dos serviços de uma babá quando a mais velha estava viajando a trabalho. Para Lauren, suas noites de quinta-feira eram sagradas. Buscar seus sobrinhos e filho, ajudar com o dever de casa e passar um tempo com eles, sem dúvidas era a melhor válvula de escape da sua vida agitada.
Os quatro jantaram em um clima familiar muito agradável, Luna e Nicolas sempre ficavam muito felizes por ter a presença da tia Lolo.
— Mama, a tia Lolo nunca vai embora, não é? – Nico disse, quebrando o silêncio.
Camila, que estava sentada na ponta da cama do menino, olhou para ele buscando entender o que afligia o pequeno.
— Claro que não, a sua tia sempre vai estar com você. – Camila respondeu enquanto acariciava os fios de cabelo castanho do garoto, sorrindo levemente.
— Boa noite, mama. – Nicolas suspirou e fechou os olhos.
— Te amo, bebê. – Camila se curvou e beijou a testa do seu filho.
Ficou por alguns minutos velando o sono do seu caçula, sentindo-se abençoada por ter seus filhos consigo. Quando finalmente confirmou que ele havia dormido, ajeitou o cobertor e saiu do quarto deixando apenas um abajur ligado.
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Resentment
FanfictionApós anos longe de sua cidade natal, Lauren retorna para o funeral de seu irmão, que faleceu inesperadamente. Apesar do tempo que passou longe, ela não consegue deixar de lado o ressentimento que carrega pelos acontecimentos do passado, que a fizera...